Após condenção

Lula concede entrevista coletiva

Lula fez nesta quinta-feira (13) seu primeiro pronunciamento após a condenação, pelo juiz Sergio Moro, a nove anos e seis meses de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. O ex-presidente falou direto da sede do Partido dos Trabalhadores, em São Paulo. Ele disse que, até agora não tinha feito, mas agora reivindica ao partido o direito de postular a candidatura a presidente da República. 

Lula admite as dificuldades na Justiça, mas disse que vai brigar para ser candidato. “Vocês vão ter um pre-candidato com problema jurídico nas costas”, disse.

“A sentença de hoje tem um componente político muito forte”, disse Lula, durante entrevista coletiva, afirmando ainda: “há uma tentativa de me tirar do jogo político”.  O ex-presidente disse que vai recorrer em todas as instâncias e levantou a possibilidade de acionar o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), apontando a existência de mentiras no processo. 

Lula disse que acreditava que o juiz Sergio Moro iria recusar a denúncia, devido à falta de provas. Para Lula, a delação de Leo Pinheiro não tem legitimidade, pois foi feita para obter benefícios, já que ele estava condenado a mais de 20 anos de prisão. 

Lula disse que acredita no Estado de Direito e que a única prova existente nesse processo é a prova da sua inocência. 

Lula voltou a negar ser dono do triplex, e reclamou que ainda foi multado em R$ 700 mil. “Eles poderiam me dar o triplex, eu vendia o triplex e pagava a multa”, disse, afirmando que Moro não tem que prestar contas a ele, tem que prestar contas à história. 

O petista foi acusado pela força-tarefa da Operação Lava-Jato de receber propina da construtora OAS, que tinha contratos com a Petrobras. Lula teria recebido benefícios como um apartamento triplex no balneário do Guarujá, no litoral de São Paulo.

Para Moro, Lula recebeu R$ 2,2 milhões em propina: R$ 1,1 milhão na aquisição do triplex e mais R$ 1,1 milhão na reforma e decoração do imóvel. O magistrado salienta que a “culpabilidade é elevada”, principalmente porque Lula teria recebido vantagem indevida “em decorrência do cargo de presidente da República, ou seja, de mandatário maior”. Além da pena de nove anos e meio de prisão, o petista foi condenado a pagar multa de R$ 669,7 mil.