Vacinação

Contrair covid após primeira dose pode atrasar segunda, que deve ser mantida

Médicos explicam que esquema vacinal não pode ser interrompido e segunda dose deve ser aplicada 30 dias após primeiros sintomas.

Contrair covid após primeira dose pode atrasar segunda, que deve ser mantida

Infectados devem tomar 2ª dose de vacina 30 dias após primeiros sintomas — Foto:RICARDO MALDONADO ROZO/EFE - 04.06.2021

É possível se infectar com o novo coronavírus após receber a primeira dose da vacina contra a covid-19. A situação é ainda mais preocupante ao se observar dados do Ministério da Saúde que mostram que 4,4 milhões de brasileiros não tomaram a segunda dose dos imunizantes contra a doença dentro do prazo recomendado pelo PNI (Plano Nacional de Imunizações).

Mas o que fazer se você for infectado pelo SARS-CoV-2 entre as duas doses? A pediatra e diretora da SBIm (Sociedade Brasileira de Imunizações) Mônica Levi explica que a imunização deve ser completada.

“Quem ficou infectado no intervalo da primeira para segunda dose não só pode, como deve completar o esquema de imunização, considerando as mesmas orientações de quem foi infectado independentemente da vacina. A recomendação é receber a segunda dose 30 dias após o início dos sintomas”, alerta Levi.

A infectologista Keila Freitas, do Hospital Sírio-Libanês e diretora da clínica Regeneratti, acrescenta: “Mesmo quem já teve a covid precisa da segunda doses. Não está provado que quem ficou doente e recebe a primeira dose está imunizado. Até porque a transmissão do vírus está se mostrando muito mais rápida que os próprios estudos da eficácia das vacinas. E temos as cepas diferentes também”, diz a médica.

O maior distanciamento entre as duas aplicações não muda a eficácia da proteção, uma vez que o organismo não perde a resposta imunológica obtida após primeira vacina.

“Ao longo do tempo, aumentaremos nossa experiência especifica com as vacinas covid. Mas temos imunizações na história da humanidade há décadas e sabemos que o sistema imunológico registra a dose e não devemos recomeçar o esquema vacinal. Essa é uma das premissas das vacinas: o sistema imunológico sempre lê e computa os imunizantes”, afirma Mônica Levi.

Porém, vale destacar que o fato de não perder a eficácia não significa que o indivíduo não deve respeitar o distanciamento preconizado pelas farmacêuticas. A infectologista lembra que nos estudos clínicos as empresas testam como o fármaco funciona melhor.

“Quando a vacina é produzida e testada, não estudamos somente a quantidade de medicação que é necessária por dose. Vemos o número de doses e o tempo máximo de intervalo entre elas para termos a melhor resposta imune possível”, conta Keila.

Na última semana, um estudo feito em Israel mostrou que a vacina da Pfizer chega a uma resposta imune superior a 50% após 13 dias da primeira dose. No caso da AstraZeneca a eficácia chega a ser superior a 70%. A CoronaVac não apresentou esses dados, já que o período entre as aplicações é curto, de 21 dias.

Mônica ressalta: “Nada é tão matemático e com tanta exatidão. Mesmo que haja evidências de um benefício parcial após a primeira dose, a proteção máxima e desejável é só após a segunda dose. Ninguém pode se sentir vacinado, tranquilo e protegido com uma dose só.”

Quanto mais gente estiver vacinada numa população, menor é a taxa de transmissão e a imunidade coletiva tem mais chances de ser atingida. Então, tendo sido infectado ou não, é só com duas doses, no caso das vacinas aplicadas no Brasil, que a pessoa está protegida e protege os outros.

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