
A América Latina e o Caribe continuam entre as regiões com os maiores índices de gravidez na adolescência no mundo, com 51 nascimentos por mil meninas de 15 a 19 anos — bem acima da média global, de 39 por mil, segundo estimativas das Nações Unidas. Nesse contexto, o Ministério da Saúde recebeu nesta terça-feira (21), em Brasília, representantes de 13 governos, organismos internacionais e especialistas em saúde sexual e reprodutiva.
Apesar de avanços recentes, a região ainda registra mais de 2 milhões de gestações não intencionais por ano, afetando principalmente meninas em situação de pobreza, indígenas, afrodescendentes e residentes de áreas rurais.
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, destacou a importância de colocar o tema nas mais altas instâncias do governo. “Enfrentar a gravidez na adolescência é também enfrentar as desigualdades de gênero e raciais que marcam nossa região. Precisamos garantir acesso gratuito às tecnologias mais avançadas de prevenção e tratamento para adolescentes,” lembrou.
Para a representante do UNFPA Brasil, Florbela Fernandes, transformar compromissos em ações mensuráveis é essencial: “Não haverá desenvolvimento sustentável enquanto os sonhos das meninas forem interrompidos por gravidezes não intencionais. É hora de mobilizar recursos e alianças para gerar impacto real.”
O representante do UNICEF, Joaquin Gonzalez-Aleman, reforçou a necessidade de ouvir adolescentes e jovens, pois não é possível enfrentar a gravidez na adolescência sem construir soluções com quem é diretamente afetado.
Já o representante da OPAS/OMS, Cristian Morales, destacou que, apesar dos avanços na saúde de mulheres e adolescentes, ainda persistem profundas desigualdades. “A redução da gravidez na adolescência exige metas claras, financiamento adequado e uma resposta multissetorial centrada na equidade e justiça reprodutiva,” lembrou.
A gravidez precoce compromete saúde, educação e oportunidades futuras das adolescentes, além de perpetuar desigualdades de gênero, raça e renda. Especialistas reforçam que é essencial ampliar o acesso a métodos contraceptivos modernos, garantir educação sexual integral e implementar políticas públicas que atuem de forma intersetorial e inclusiva.
O encontro “Futuro Sustentável – Prevenção da Gravidez na Adolescência na América Latina e Caribe”, marcou um passo estratégico na cooperação regional, reforçando compromissos com os direitos sexuais e reprodutivos de adolescentes e jovens e a construção de um futuro sustentável com mais igualdade e oportunidades.
