As transformações tecnológicas provocam desde já adaptações em escritórios e departamentos jurídicos, assim, também é essencial provocar a discussão a respeito da necessidade de os cursos de direito prepararem seus alunos, futuros advogados, para uma realidade que impõe como urgentes diferentes habilidades, entre elas, a capacidade de padronizar procedimentos e rotinas de trabalho, promover a interface entre direito e tecnologia nas atividades cotidianas, gerir as demandas enquanto projetos segmentáveis, identificar em grandes bancos de dados tendências e insights aptos a concretizarem soluções, organizar novas técnicas, avaliar e controlar riscos legais.
Nesse sentido, o advogado que começa a sua carreira no fim desta década tem que ter a certeza de que os próximos dez anos impactarão de forma decisiva a forma como ele aprendeu a exercer sua profissão. Desde um novo olhar sobre os casos concretos que pressupõe raciocínio analítico para encontrar novas soluções até o aprofundamento em temáticas interdisciplinares e convergentes exigirá um treinamento suplementar dos advogados neófitos que pretendem posicionar-se na vanguarda dos novos acontecimentos, ou seja, é imprescindível criar expertise dentro de sua área de atuação que seja compatível com o novo cenário transformado pela tecnologia e permita oferecer aos seus clientes um serviço diferenciado.
Diante disso, destaca-se que as faculdades de direito estão adaptando as suas grades curriculares às novas tendências e exigências do mercado de serviços jurídicos, como, por exemplo, disciplina em que os alunos criam suas próprias plataformas de automação de documentos, aplicação de Inteligência Artificial para o desenvolvimento de chatbot, cursos sobre proteção de dados, direito digital, propriedade intelectual, empreendedorismo, arbitragem e comércio eletrônico. Ademais, é uníssono entre vários coordenadores de graduação em direito no Brasil, a urgência em adaptação dos alunos, tendo em vista o desenvolvimento de habilidades, tais como a produção de conteúdo original e criativo, leitura e interpretação de dados para subsidiar análises estratégicas, percepção analítica das modificações nos negócios dos clientes, conhecimento sobre programação, estatística, jurimetria, agilidade no cumprimento de demandas, ou seja, deve-se abraçar a inovação e potencializar os seus efeitos.
Logo, a necessidade de adaptação dos advogados neófitos e dos estudantes de graduação atravessa a reflexão sobre soluções criativas, dentro dos limites éticos da profissão, que permitam a concretização de respostas rápidas, precisas, com novas e estratégicas informações relacionadas às particularidades dos clientes. Dessa forma, é importante uma atuação interdisciplinar, atualizada e direcionada a padronização de procedimentos, criação de insights, redução e gestão de riscos, tudo isto de forma criativa, menos custosa e mais eficiente.
Wilson Sales Belchior – Graduado em direito pela UNIFOR, especialista em Processo Civil pela UECE, MBA em Gestão Empresarial e mestrando em Direito e Gestão de Conflitos na UNIFOR. Também possui curso de curta duração em resolução de conflitos na Columbia Law School, nos Estados Unidos. Na mesma instituição participou de série de pesquisa avançada. Palestrante, professor universitário em cursos de pós-graduação em diferentes estados e autor de diversos artigos e livros, publicados em revistas, jornais, portais de notícias e editoras de circulação nacional. Conselheiro Federal da OAB (2013-2015). Vice-presidente da Comissão Nacional de Advocacia Corporativa do Conselho Federal da OAB (2013-2015). Membro da Comissão Nacional de Sociedade de Advogados do Conselho Federal da OAB (2010-2012). Membro da Coordenação de Inteligência Artificial do CFOAB (2018). Atualmente é Conselheiro Federal eleito para o triênio 2019-2021.