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ClickJus: efeito COVID – setores de varejo e comércio eletrônico

Utilizando o mesmo indicador, o resultado de março deste ano aponta que as vendas no setor de varejo brasileiro recuaram 11,7%, com quedas mais acentuadas nos segmentos de turismo e vestuário.

ClickJus: efeito COVID – setores de varejo e comércio eletrônico

Retoma-se a série de publicações discutindo “efeito COVID” nos mercados, com o propósito de provocar reflexões vinculadas ao futuro pós-crise em segmentos específicos da economia nacional, dedicando este texto aos setores de varejo e comércio eletrônico, de maneira que os seus leitores constatem as transformações observadas praticamente em tempo real nessas atividades econômicas.

Em primeiro lugar, é preciso ter em mente o cenário do varejo antes das crises provocadas pela COVID-19. O Índice Cielo do Varejo Ampliado, calculado a partir das vendas realizadas em 18 setores, desde pequenos empreendedores a grandes varejistas, acompanha mensalmente a evolução desse setor no país. O ano de 2019 encerrou-se com o melhor resultado comparado aos cinco anos anteriores, com crescimento de 2,9%, enquanto os meses de janeiro e fevereiro de 2020 também registraram aumento, respectivamente, de 3,1% e 5,2%, ou seja, registrava-se um cenário positivo. 

Utilizando o mesmo indicador, o resultado de março deste ano aponta que as vendas no setor de varejo brasileiro recuaram 11,7%, com quedas mais acentuadas nos segmentos de turismo e vestuário e incremento naqueles responsáveis pela comercialização de artigos funcionais, tal como supermercados e farmácias. 

Este é um cenário que revela a necessidade de adaptação imediata por conta da COVID-19, o que já se percebe na criação ou ampliação da atuação no comércio eletrônico, identificação dos hábitos de compras dos consumidores no varejo offline e online, organização ou aprimoramento de sistemas de distribuição, logística e delivery, aumento nos canais de comunicação disponíveis nas empresas, intensificação da presença na internet, entre outros aspectos.

Observe-se que o volume de compras realizadas pela internet cresceu no primeiro trimestre de 2020 32,6% a mais do que o mesmo período do ano anterior, o que explica que pesquisas na internet por “entrega perto de mim” tenham aumentado 200% (informações da Compre&Confie, companhia de inteligência de mercado), exigindo dos empreendedores e das empresas em geral atenção máxima para as inovações que são urgentes nesse momento.

A Associação Brasileira de Comércio Eletrônico realizou estudo para identificar os impactos das medidas de isolamento entre 01/03/2020 e 25/04/2020, identificando no setor de produtos crescimento acumulado no número de pedidos de 47% no mês de abril e elevação de 18% no ticket médio das transações pela internet, sublinhando o aumento de 270,16% nos pedidos online feitos em supermercados entre 15 e 28 de março. Na categoria serviços, cresceram setores, tais como restaurantes, games e cursos online, destacando-se os aplicativos de entrega com aumento de 51,28% na quantidade de pedidos diários na última quinzena de março.

Sabendo que adaptação é a chave em ocasiões históricas como esta, essencial perceber o exemplo dos clubes de futebol, os quais frente à paralisação das atividades esportivas, direcionaram o foco para o comércio eletrônico, enquanto estratégia para recuperar receitas, de maneira que companhia desse segmento registrou em abril deste ano incremento de 30% na venda de camisas, chuteiras e acessórios de times, comparando o resultado com o mesmo período do ano passado.

A interpretação conjunta desses dados mostra conclusões importantes: consumidores que nunca haviam feito compras online iniciam esse hábito; empresas que pretendiam aumentar paulatinamente a parcela de comércio eletrônico viram seus sistemas de entrega enfrentarem graves dificuldades pelo aumento abrupto na demanda, acelerando as etapas para aumentar a presença digital; ferramentas de e-commerce estão alcançando com mais ênfase produtos que são comprados várias vezes no, como, comida, ração para pet, itens de higiene e limpeza. Portanto, atenção, planejamento e inovação são fatores chave neste período.

Wilson Sales Belchior – Graduado em Direito, especialista em Processo Civil e Energia Elétrica, MBA em Gestão Empresarial, Mestre em Direito e Gestão de Conflitos, Doutorando em Direito Constitucional. Advogado, palestrante, professor universitário em cursos de pós-graduação em diferentes estados e autor de diversos artigos e livros, publicados em revistas, jornais, portais de notícias e editoras de circulação nacional. Atualmente é Conselheiro Federal da OAB eleito para o triênio 2019-2021 e Presidente da Comissão Nacional de Direito Bancário.

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