Entrevista

Ultramaratona Extremo Sul de 226km: O cemitério dos egos!

Ultramaratona, extremo, solidão e resistência. Quatro palavras que soam épicas por si só. Mas quando ganham voz na boca de dois ultramaratonistas experientes como Elicarlos e Assis, o significado muda. No novo episódio do Programa ClickRun, apresentado por Rodrigo Tucano, os dois contam histórias reais, cheias de lições sobre humildade, dor, resiliência e, claro, loucura.

A Ultramaratona Extremo Sul não é apenas uma corrida, é uma travessia existencial. São 226 km pela praia mais longa do mundo, entre o Chuí e a Praia de Cassino, com vento cortante, frio imprevisível e solidão que testa o limite de qualquer mente. Como disse Elicarlos no programa, “a praia não quer você lá”.

Entre o ego e o abismo

Elicarlos já tentou a prova mais de uma vez e aprendeu que o maior adversário não é o vento, nem a areia e nem o corpo exausto. É o ego. Ele chama o percurso de “cemitério dos egos”, e explica: ali não importa se o corredor usa o tênis mais caro, o relógio mais tecnológico ou o gel importado. A natureza engole tudo.

Assis, por sua vez, é o tipo de corredor que encara o impossível como parte da rotina. Ele fala da preparação física e mental, dos treinos que começam às três da manhã, dos finais de semana de 40 km no sábado e 35 km no domingo, e da importância de “estar disposto a pagar o preço”.

Eles falam de dor com naturalidade, uma dor que não é heroica, mas humana. “Quem não sente dor correndo, está correndo errado”, solta Assis, entre risadas. A diferença, dizem, é entre sentir dor e sofrer com ela.

O ambiente mais hostil do Brasil

A cada edição, a Extremo Sul Ultramarathon coloca os atletas em uma luta direta contra a natureza. A areia mole, o vento trocando de direção, as mudanças bruscas de temperatura e o isolamento total fazem da prova uma experiência quase espiritual.
Os pontos de apoio oferecem café, macarrão, risadas e até fisioterapia. Mas nada é garantido. O clima pode mudar a qualquer momento e o que era um ponto de apoio acessível pode sumir sob as dunas.

“Ali, a gente entende o que é estar vivo de verdade”, diz Elicarlos. A corrida é feita de silêncios longos, risadas nervosas e momentos em que o corpo e a mente entram em colapso — mas também de descobertas pessoais.

Um reset na mente

A conversa com Tucano vai além do esporte. Fala de vida, de propósito, de humildade. O Extremo Sul, explicam, é uma espécie de reset. Um lugar onde o corredor se reencontra com a própria essência, longe das redes sociais, dos likes e dos pódios. “Lá não tem glamour”, diz Elicarlos. “Tem verdade.”

Eles brincam, ironizam e refletem — tudo com o humor leve que caracteriza o Programa ClickRun. Mas no fundo, a mensagem é séria: não vá para uma prova dessas se for movido por vaidade. Vá se for movido por propósito.

Assistir a essa entrevista é mergulhar num universo que vai muito além da corrida. É entender o que faz alguém acordar de madrugada para correr no escuro, enfrentar o frio, o vento e o próprio medo — e ainda chamar isso de prazer.

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