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Guardiões da Galáxia Vol. 2: mais humor, mais ação, mais sentimentos e a importância da família

O perigo de idealizar o passado e a importância de dar valor ao agora num blockbuster cheio de batalhas espaciais, humor e ação

Guardiões da Galáxia Vol. 2: mais humor, mais ação, mais sentimentos e a importância da família

Guardiões da Galáxia Vol. 2 chega bem perto de parecer estufado, de tanta coisa acontecendo ao mesmo tempo — Foto:Reprodução

Guardiões da Galáxia Vol. 2 estreou e está estourando de sucesso. O filme já atingiu 500 milhões de dólares em bilheteria no mundo inteiro. A continuação do inesperado sucesso da Marvel/Disney de 2014 traz uma galáxia colorida e estilosa cheia de personagens bem-desenvolvidos, cativantes e (apesar de serem alienígenas, guaxinins, árvores falantes, e planetas vivos), todos bastante humanos. 

A trilha sonora saudosa dos anos 70, o humor que atinge o expectador como uma tijolada atrás da outra e o desenvolvimento equilibrado de cada personagem na tela faz deste uma das melhores continuações de todos os tempos.

O filme está em cartaz em muitas salas da Paraíba — confira as sessões e salas aqui.

Quando estreou em 2014, ninguém sabia o que esperar do diretor James Gunn (que além de dirigir, assinou o roteiro do segundo filme), dos personagens obscuros da equipe e da ideia maluca de ter um guaxinim e uma árvore falantes como protagonistas.

E contra todas as expectativas, o filme foi um sucesso: elevou o Senhor das Estrelas, Gamora, Drax, Rocket e Groot para a “primeira divisão” da Marvel, na posição de heróis espaciais, e levou às telas de cinema o mirabolante e divertido lado cósmico do Universo Marvel, inspirado nos quadrinhos de Jack Kirby. Foi uma versão mais arriscada (e melhor ainda) da mesma aposta que a Marvel Studios fez ao lançar Homem de Ferro em 2008.

E com o sucesso vieram as expectativas. Desde o anúncio do Guardiões da Galáxia Vol. 2, com o mesmo diretor, sabíamos que o que vinha por aí, se não fosse melhor, que tentasse pelo menos ser tão bom quanto o primeiro, se pudesse — não são muitas as continuações que conseguem sequer isso.

O filme não somente conseguiu “fazer jus às expectativas”: ele superou todas elas, oferecendo uma história mais densa, arcos de personagem mais aprofundados, humor ainda mais intenso e drama inesperadamente pesado — além do clímax final mais empolgante de todos os filmes Marvel até agora.

Se no primeiro filme seguiu à risca os clichês do gênero para garantir o sucesso e evitar a incerteza, neste Guardiões da Galáxia Vol. 2, o filme se permite sacrificar tensão por exposição, sem hesitar nos diálogos e nas relações e sentimentos de cada personagem. E mesmo nas cenas de puro diálogo, o filme brinca com nossos sentimentos (de uma maneira boa), nos fazendo rir pra logo em seguida nos cativar com momentos genuinamente adoráveis e emocionantes.

Relações familiares

Guardiões da Galáxia Vol. 2 é um filme sobre relações de família. Seja quando desenvolve as contendas de irmã entre Gamora e Nebulosa, seja quando aborda a falta de uma família entre Mantis (que nunca a teve) e Drax (que a perdeu), seja na maneira como Groot é um bebê que cada um dos Guardiões passa um tempinho cuidando (com Rocket sendo na maior parte do tempo a figura paterna da criatura), seja na complicada relação de Peter Quill com seus pais, Guardiões fala para uma geração que sabe que seus familiares (e principalmente, seus pais) não são perfeitos — e nós os amamos assim mesmo.

Os pais dos personagens principais do Universo DC são tipicamente velhos sábios benevolentes — e frequentemente mortos. O filantropo Thomas Wayne, o cientista Jor-El, o médico Henry Allen (indo pra cadeia como um mártir por um crime que a audiência sabe que ele não cometeu) e  por aí vai. A figura paterna no Universo DC é idealizada.

Os pais dos personagens do Universo Marvel são falhos e bastante humanos (até mesmo os que não são humanos). Bilionários que fizeram fortuna lucrando com guerra, cientistas malucos, monarcas belicosos, déspotas espaciais — e no caso do Senhor das Estrelas, um planeta vivo. 

No Universo Marvel, seus pais vão desapontar você de um jeito ou de outro. E essa abordagem está presente em muitas histórias excelentes, de Star Wars à Game of Thrones.

Figuras paternas

Kurt Russell é uma adição extraordinária ao elenco do filme, interpretando um celestial cujas barbas e melenas grisalhas tornam difícil não lembrar da clássica representação encolerizada, ciumenta e distante do deus do Antigo Testamento. Russell transmite a figura paterna idealizada com perfeição, e é impossível desviar o olhar dele em cada cena.

E a cena inicial com Kurt Russell rejuvenescido por efeitos especiais superou o Hank Pym de Homem-Formiga e o Tony Stark adolescente em Guerra Civil, e mais tarde descobri que foi por 95% de efeitos práticos. Extraordinário.

De todos os personagens em desenvolvimento, o que mais se destaca é Yondu Udonta (Michael Rooker). Quando o vimos em 2014 no primeiro filme, Yondu era uma reinvenção não muito elogiosa da sua contraparte dos quadrinhos: em vez de um herói arqueiro e membro fundador dos Guardiões da Galáxia, o Yondu do primeiro filme era pouco mais que um caricato pirata espacial dando voltas e sendo enganado pelos protagonistas.

No segundo filme (e atravessando o campo minado do território sensível dos spoilers), Yondu é aprofundado: descobrimos de onde ele veio, que tipo de relação ele teve com Peter Quill/Senhor das Estrelas, qual o objetivo dele. Descobrimos seu passado e o vemos se tornar um dos personagens mais cativantes e empáticos do Universo Marvel. Um personagem complexo, de moralidade ambígua, o que é inusitado e interessante num gênero que tipicamente prefere o preto no branco.

Gamora e Nebula

As filhas de Thanos alcançam uma muito necessária catarse. Arrancadas de seus lares e criadas por um abusivo pai adotivo (que por acaso é o Titã Louco Thanos, o vilão mais procrastinador da história da ficção), Gamora e Nebulosa cultivam uma rivalidade interessante de se ver.

Ver como ambas superam os longos anos de abuso fortalecendo uma relação positiva é uma mensagem que atinge o coração do expectador — que definitivamente não estava esperando uma profundidade emocional de lapada, logo depois de uma cena hilária onde Gamora usa uma arma maior que uma geladeira pra derrubar a nave de Nebulosa. O filme faz isso o tempo todo, aliás: te faz rir, e logo em seguida te atinge com sentimentos.

Cameos

Preciso dar uma palavrinha sobre quem aparece no filme: porque é gente demais. Desde a já obrigatória aparição de Stan Lee, confirmando uma longamente discutida teoria envolvendo os Vigias do Universo Marvel, passando pelo surgimento da “velha guarda” dos Guardiões (Starhawk, Martinex, Krugarr, Mainframe, Charlie-27, e Aleta Ogord), até uma nova aparição de Howard o Pato (sim, ele de novo!), as aparições vão sempre no contínuo espetáculo visual que não dá tempo pra respirar e ficar olhando.

A conspícua presença de Sylvester Stallone — em seu primeiro sci-fi desde Juiz Dredd, interpretando Starhawk — é mais longa do que eu esperava (sinceramente? Eu esperava um cameo de 20 segundos) e traz um peso próprio para a cena que se vale do peso dos clássicos filmes hipermasculinos dos anos 80 pra transmitir o clima exato de nostalgia na medida certa.

Conclusão

Guardiões da Galáxia Vol. 2 toma todo o cuidado para lembrar ao expectador que idealizar o passado é uma coisa perigosa, mesmo quando o passado é divertido. Ele dispensa pausas dramáticas, poses estáticas e usa os clichês somente para poupar tempo que seria perdido em explicações que todos sabemos que não precisamos, para logo em seguida usar esse tempo extra da única forma que pode ser boa: desenvolvimento dos personagens.

Terminamos o filme com uma sensação de satisfação enorme (especialmente pelos longos créditos com cinco cenas extras e trilha sonora perfeita), sentindo que conhecemos mais e mais profundamente esses personagens e que, decididamente, eles vieram pra ficar.

Guardiões da Galáxia Vol. 2 chega bem perto de parecer estufado, de tanta coisa acontecendo ao mesmo tempo. É um tanto mais indulgente, mais engraçado e mais emocional, tem mais personagens (e de alguma forma extraordinária todos tem tempo de tela suficiente para sair mais desenvolvidos do que entraram), sets mais elaborados (o trono de Ayesha é uma coisa linda) e mais música da boa. Estufado de grandeza.

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