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Belfort pede mudanças ao UFC, mas não quer deixar evento: “Lutei por ele”

Descontente com política de patrocínios, brasileiro diz que perde milhões de dólares com formato: "Não é porque estou contra eles nesse sentido que quero abandoná-los"

Belfort pede mudanças ao UFC, mas não quer deixar evento: "Lutei por ele"

Vitor Belfort — Foto:Divulgação

A insatisfação de Vitor Belfort com a nova política de patrocínios do UFC, cuja exclusividade pertence a Reebok, foi externada diversas vezes pelo lutador. O “Fenômeno” vem sentindo no bolso os efeitos do novo formato – vigente desde o fim do ano passado – e garante que perde milhões de dólares com a impossibilidade de estampar outras marcas em seu calção durante uma luta, por exemplo.
Em entrevista exclusiva ao Combate.com, o brasileiro pede mudanças ao Ultimate. Entretanto, apesar da manifesta discordância em relação ao modelo atual, o peso-médio, que enfrenta Ronaldo Jacaré no dia 14 de maio, no UFC 198, em Curitiba, descarta deixar a organização.

– Eu não preciso mudar de evento, não preciso fugir. O ditado diz: o grande amigo não é o cara que fala só coisas que você quer ouvir, é o que fala as verdades. Sou fiel à organização, acredito nela, lutei por ela. O UFC está na Globo porque chamei o dono dela, o Robertinho, e sentei com ele e o Lorenzo (Fertitta) em um jantar. Não é porque estou contra eles nesse sentido que quero abandoná-los. Quero estar junto na mudança. É fácil estar junto na hora da alegria. E na hora da tristeza? Quero mostrar ao UFC que ele estão errados e que irão mudar. Basta eles tomarem uma decisão, trazerem o modelo da ATP (organização de tênis que permite que os atletas vistam o próprio patrocínio).

De acordo com Belfort, um camp para uma luta custa de 100 mil a 200 mil dólares – todo custeado pelo próprio peso-médio. Ele afirma que, ainda que haja o contrato de exclusividade, os atletas deveriam poder explorar alguma propriedade.
– Um camp custa muito dinheiro, pode variar de 100 a 200 mil dólares. Outra coisa importante citar é que se o lutador se contundir, o prejuízo todo é do lutador. Investimos em nós mesmos, mas ninguém paga para você. Tinha que ter um salário base para quem faz luta principal e co-luta principal. Se você é do card preliminar, ganha “X” ou vai ter o direito de o patrocinador ajudar a pagar o camp. 

Se o lutador não está satisfeito, algo está errado. É isso que tem que mudar, com urgência. Temos que arrumar um modelo em que todos estejam satisfeitos. A insatisfação não é só minha, é de vários lutadores, que sofrem com isso. Estou perdendo milhões, milhões, muitos milhões. Mas não é questão do valor, porque o Vitor Belfort está aí há 20 anos, cada um tem seu valor. Nem sempre o cara que está ganhando tem mais valor de mercado que o cara que tem história. Tem que existir um modelo que traga benefícios para os lutadores, que são a cereja do bolo.

Vitor Belfort fala ainda das negociações que aconteceram para reeditar a luta contra Anderson Silva, destrincha o jogo de Ronaldo Jacaré e pede que o UFC conceda a revanche a José Aldo contra Conor McGregor.

Confira abaixo:

Análise de Ronaldo Jacaré
O Jacaré é um cara que tem o jiu-jítsu muito forte, é judoca também, tem um chão muito afiado. É um lutador jovem, com bastante lastro nessa área. Ele se aprimorou na trocação, bate duro, é como se fosse uma luta de cinturão. É um dos mais duros da categoria. Existe admiração dos dois lado. Vi o Jacaré começando no esporte, ele veio treinar uma vez comigo, é um grande talento, que conquistou o espaço dele. Só tenho admiração pela simplicidade dele, é um cara que não vejo o sucesso subindo à cabeça. É um grande lutador.

Duelo de estilos

Não tem mistério, ele pode vir com coisas novas, mas ele vai querer fazer o que sabe de melhor: usar o jiu-jítsu. Entretanto, ele também não vai tentar me levar para o chão de qualquer jeito. Tenho investido muito no chão, estou treinando com o Amaury Bitetti, com o Matheus, que é faixa-preta do Marcelinho Garcia, com o Leandro Athaíde, pupilo do Dedé. Tenho treinado todas as situações, tudo de ruim que pode acontecer eu estou passando nos treinamentos. Vou dar o meu melhor.

Treinamento sem Mutante e Durinho

São meus amigos. Na realidade, a dívida emocional é uma coisa que não concordo. Cada um segue o seu caminho conforme o que achar melhor. Eu vou ser amigo deles em qualquer situação, não só quando estão comigo. Quero o sucesso de cada um deles em qualquer área, independentemente de onde eles estejam treinando. Estarei no córner deles em qualquer situação

Luta contra brasileiro
Sou a favor que o esporte seja desenvolvido, e não o entretenimento. Nenhum brasileiro quer lutar contra outro no seu país. É legal contra um estrangeiro, até mesmo para não dividir a torcida. Por outro lado, é o numero 2 contra o 3. É a primeira vez que o ranking está sendo seguido. Que bom que estamos nessa posição. Mas claro que lutar contra um brasileiro no meu país não é algo que eu sonhe. 

Torcida no UFC 198

Eu sou um cara bem resolvido em questão de moradia, ninguém é mais brasileiro ou menos por morar fora. O torcedor tem o direito de torcer para quem ele quiser. Não tem que ter uma dívida emocional. O fã do MMA é o mais instável. Quando você está no topo, muitos te aplaudem, querem estar ao seu lado, e quando você não está? O flamenguista não deixa de torcer para o Flamengo e muda para o Fluminense quando o time dele perde. Criei uma base de fãs muito legal. Quem é Vitor Belfort, é Vitor Belfort. 

Revanche contra Anderson Silva

Topei, mas não saiu. Na negociação algo não deu certo. É uma luta que falamos: “Ok”. Não sabemos, os motivos são muito pessoais. É uma luta que as pessoas iriam gostar bastante. Sendo do mesmo peso, a chance de acontecer é grande. A luta é feita de momentos, de disponibilidade, tanto dos promotores quanto dos atletas. É uma luta que pode acontecer. Tudo é negociável, como foi o Diaz contra o McGregor. Quando você chega a um certo nível, como eu, tem que ter algo para te beneficiar, para animar e falar que vale a pena.

Anderson x Uriah Hall

É difícil falar o que eu acho ou não. O que eu acho não muda nada, não importa. O que acho é o seguinte: tenho que vencer o Jacaré. Pronto. Não tenho que dar dicas para a organização do que eu acho. O Anderson é um grande campeão, tem todas as possibilidades de ganhar, não vai entrar para perder. Tenho certeza de que ele vai fazer um bom camp e vai dar o seu melhor lá.

José Aldo x Conor McGregor II

A revanche é um direito do José Aldo. Por que ele não recebeu a revanche? Os critérios aplicados na organização não são para todos? Por que o Weidman ganhou a revanche contra o Rockhold? Só por ser americano? O Aldo não merece por ser brasileiro e não falar inglês? Que preconceito é esse? Temos de ter consciência do que está errado. O Aldo fala o que acha. Com certeza ele voltará a ser campeão, não tenho dúvidas disso. Não acho, tenho certeza. Ele é um campeão. Está na hora de valorizarmos o José Aldo.

UFC 198
14 de maio de 2016, em Curitiba (PR)
CARD PRINCIPAL (a partir de 23h de Brasília):
Peso-pesado: Fabricio Werdum x Stipe Miocic
Peso-médio: Ronaldo Jacaré x Vitor Belfort
Peso-casado (até 63,5kg): Cris Cyborg x Leslie Smith
Peso-meio-pesado: Mauricio Shogun x Corey Anderson
Peso-médio: Anderson Silva x Uriah Hall
CARD PRELIMINAR (a partir de 19h15 de Brasília):
Peso-meio-médio: Demian Maia x Matt Brown
Peso-meio-pesado: Patrick Cummins x Rogério Minotouro
Peso-galo: John Lineker x Rob Font
Peso-médio: Thiago Marreta x Nate Marquardt
Peso-meio-médio: Warlley Alves x Bryan Barberena
Peso-leve: Francisco Massaranduba x Yancy Medeiros
Peso-meio-médio: Serginho Moraes x Kamaru Usman
Peso-pena: Renato Moicano x Zubaira Tukhugov

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