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Evento principal do UFC, Calvin Kattar é dono de organização de MMA e apaixonado pelo Brasil

Ainda relativamente desconhecido, adversário de Max Holloway no sábado já esteve em card transmitido em TV aberta nos EUA e treinou com os irmãos Nick e Nate Diaz.

Evento principal do UFC, Calvin Kattar é dono de organização de MMA e apaixonado pelo Brasil

O evento principal do UFC deste sábado na “Ilha da Luta” de Abu Dhabi será o terceiro da carreira de Calvin Kattar, mas o americano ainda é relativamente desconhecido do grande público. A luta contra Max Holloway é a maior da carreira do “Finalizador de Boston”, que ocupa a sexta colocação do ranking dos pesos-penas, e vai ser transmitida em TV aberta nos EUA – o primeiro card do Ultimate em TV aberta em mais de dois anos.

Curiosamente, não será a primeira vez que Kattar, 32, luta num evento transmitido em TV aberta. Ele teve esta oportunidade ainda no começo de sua carreira, aos 19 anos de idade. O peso-pena americano esteve no card preliminar do EliteXC: Primetime, primeiro card de MMA exibido em TV aberta nos EUA, em maio de 2008. Entre os destaques daquele evento, estavam Kimbo Slice, Gina Carano e Robbie Lawler. Era apenas sua quarta luta profissional, e ele sofreu sua primeira derrota na ocasião.

– Na época, era (muito diferente). Eu estava com 3v-0d como profissional e só tinha lutado na cena local, e lutamos no Prudential Center (ginásio de Nova Jersey). Evento grande, produção de TV, coisas assim. Mas agora, competindo no UFC desde 2017, é tudo a mesma coisa para mim. Não tem nada maior que um evento principal no UFC, e agora é mais um, contra Max Holloway, só tem mais gente de olho. É um evento histórico, estou empolgado com a oportunidade toda – contou o lutador de Boston em entrevista ao Combate.

Foi também nesta época que Kattar foi para a Califórnia para um rápido intercâmbio com os irmãos Nick e Nate Diaz, que envolveu ainda o então campeão mundial de boxe Andre Ward. Aquela semana de treinos marcou o lutador de Boston para sempre e foi um divisor de águas na sua carreira.

– Meu treinador na época tinha um bom relacionamento com o César Gracie e fez uma conexão para eu treinar lá antes da luta no EliteXC. Sentia que estava na “Mecca” da luta! Foi um treino bom e muito duro, eles me ensinaram muita coisa. Só de ver o nível de trabalho que eles faziam – na época, nossa academia só abria de noite, de 18h às 20h, e na Califórnia a academia estava aberta de manhã até a noite. Me mostrou o quão duro alguns desses caras treinam e percebi que, para ser grande, tenho que transformar isso num estilo de vida. Voltei para casa e mudei meu pensamento. Não podia mais fingir que outros não estavam treinando daquela forma, depois de ver com meus olhos. Ajustei meu horário, escolhi as pessoas certas e venho trabalhando duro desde então.

Calvin Kattar passaria mais oito anos no circuito regional até conseguir uma chance no UFC. Mas nem todo este tempo foi gasto lutando. O americano passou três anos sem competir, entre 2013 e 2016, dedicado a outro aspecto do MMA: a promoção de eventos. Kattar virou sócio da organização que o lançou, o Combat Zone, que mantém até hoje na região da Nova Inglaterra (que engloba os estados Massachusetts, New Hampshire, Connecticut, Vermont, Rhode Island e Maine).

– Eu cheguei aos 25 anos e não estava ganhando muito dinheiro. O promotor era meu amigo e estava ganhando quatro vezes o que eu ganhava por evento, fazendo quatro eventos por ano, e eu só lutava duas vezes por ano. Eu estava lutando havia sete anos e queria fazer alguma coisa que não desperdiçasse esses sete anos da minha vida, e que eu continuasse ganhando dinheiro. Então comprei uma parte da promoção, tirei um hiato de três anos na carreira. Aquele evento me permitiu ganhar dinheiro, dar ingressos aos lutadores, me permitiu treinar ao mesmo tempo, dar oportunidades aos meus colegas de equipe. Me manteve no jogo.

A cada evento promovido, contudo, Kattar sentia a vontade de voltar a lutar. Após conhecer o treinador e agente Tyson Chartier, ele voltou a treinar e competir. Venceu duas lutas em outro evento do nordeste dos EUA, o CES MMA, e ganhou uma oportunidade no UFC em 2017. Desde então, vem subindo gradualmente, com um cartel de seis vitórias e duas derrotas na organização (22v-4d na carreira).

Foi através do UFC também que Kattar conheceu o Brasil e se apaixonou, especialmente pelo Rio de Janeiro. O americano veio ao país para atuar como córner de seu companheiro de equipe Rob Font em São Paulo e aproveitou para visitar o estado vizinho. Desde então, já voltou ao país três vezes.

– Foi incrível, pude fazer muitas trilhas, como a Pedra da Gávea, fui a muitos pontos turísticos. Meu treinador Carlos Neto me levou lá, treinamos na Rio Fighters com Milton Vieira e sua equipe. Tenho muitas raízes aí. Tenho ótimas memórias do Brasil e mal posso esperar em voltar. Especialmente Ipanema, lá é muito bonito, a cultura de lá, adoro. Eu amo a cultura do Brasil. E o estilo de vida. Amo esse lugar e mal posso esperar para voltar a visitar em breve – contou o americano, que gostou tanto do açaí de uma loja carioca que fez propaganda gratuita nas redes sociais.

Antes de poder aproveitar as dádivas da Cidade Maravilhosa novamente, Calvin Kattar precisa passar por Max Holloway, um ex-campeão dos pesos-penas que ocupa a primeira posição do ranking. O “Finalizador de Boston” vê no confronto todos os elementos para uma luta digna de prêmios.

– Diria que somos um pouco semelhantes nos nossos estilos. Quando entramos, buscamos encerrar as lutas, e ambos entramos com algo a provar sempre que entramos lá. Isso faz as lutas mais empolgantes, especialmente para a TV aberta. Acho que eles sabiam o que estavam fazendo quando marcaram esta luta.

Vindo de duas vitórias consecutivas, e quatro nas últimas cinco, Kattar espera que um triunfo sobre um dos lutadores mais celebrados da categoria o leve a uma disputa de título na sequência.

– O que mais acontece quando você vence o número 1 do mundo? Especialmente quando muitos caras ainda o consideram o campeão após o que ele fez na última luta, acham que ele não perdeu sua luta. É isso o que acredito, mas não posso controlar isso, só posso focar em fazer a performance da minha vida no dia 16 e deixar os matchmakers fazerem o que têm de fazer – concluiu.

Fonte: Combate.com

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