CPI Covid

Após ficar em silêncio na CPI da Covid, Carlos Wizard retorna aos Estados Unidos

Empresário é investigado pela comissão por suspeita de integrar 'gabinete paralelo' que aconselha Bolsonaro. Liminar do STF permitiu devolução do passaporte, que estava retido.

Após ficar em silêncio na CPI da Covid, Carlos Wizard retorna aos Estados Unidos

Carlos Wizard na CPI da Covid. — Foto:Reprodução/TV Senado

O empresário Carlos Wizard retornou aos Estados Unidos neste sábado (3), após permanecer em silêncio no depoimento de quarta-feira (30) na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19. Suspeito de integrar um “gabinete paralelo” de aconselhamento do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), Wizard teve o passaporte retido ao desembarcar no Brasil pelo Aeroporto de Campinas (SP), mas recebeu o documento de volta após liminar do Supremo Tribunal Federal (STF).

O empresário postou, na noite de sábado, um texto no perfil do Instagram em que agradece as autoridades brasileiras por viabilizar o retorno aos Estados Unidos. Wizard postou uma foto com o neto, que nasceu no mesmo dia.

“Em sua infinita misericórdia o Senhor permitiu que eu retornasse aos EUA no dia do nascimento do Matteo, meu 19º neto”, escreveu o empresário.

A liminar que permitiu a devolução do passaporte foi expedida pelo ministro Luís Roberto Barroso na sexta-feira (2). O documento foi apreendido quando Wizard chegou ao Brasil, na segunda-feira (28), para depor à CPI da Covid.

Como na primeira convocação pela CPI, o empresário não compareceu, ele teve o passaporte apreendido por uma equipe da Polícia Federal no Aeroporto de Viracopos, em Campinas.

Na decisão, Barroso afirmou que Wizard cumpriu o compromisso de comparecer à CPI e, como não há previsão de nova convocação, a retenção do passaporte não é mais necessária.

“Não há notícia, até o momento, de nova convocação do requerente para prestar esclarecimentos à CPI. De modo que a medida cautelar de retenção do passaporte do acionante não se mostra mais indispensável para a continuidade dos trabalhos de investigação. Notadamente pelo compromisso assumido pela defesa técnica do acusado nestes autos (igualmente apresentado à CPI), no sentido de que o paciente comparecerá à Comissão Parlamentar de Inquérito, sempre que intimado com 72 horas de antecedência”, decidiu o ministro.

Silêncio na CPI

No depoimento à CPI, na última quarta (30), Wizard usou os 15 minutos definidos pela comissão para uma apresentação inicial e, em seguida, se negou a responder as perguntas dos senadores.

O direito de permanecer em silêncio foi definido pelo próprio ministro Luís Roberto Barroso, baseado no fato de que Carlos Wizard é formalmente investigado pela comissão e não poderia ser obrigado a produzir prova contra si próprio.

Frente à negativa de Wizard, o relator da CPI, senador Renan Calheiros (MDB-AL), chegou a declarar durante a sessão que o melhor seria manter o passaporte apreendido.

“Queria lembrar ao presidente Omar Aziz que nós incorporaremos aqui mais um motivo para não liberação do passaporte do depoente porque são muitas as perguntas que temos a lhe fazer na medida em que ele faz valer seu direito. A sua garantia, que nós, claro, respeitamos, defendemos sempre como pilar da democracia, exatamente nesse momento em que ela claudica, corre perigo”, afirmou Calheiros.

Gabinete paralelo

Wizard é apontado como um dos supostos integrantes do “gabinete paralelo” que aconselhava Jair Bolsonaro a defender medidas ineficazes no combate à pandemia. O empresário chegou a pedir para ser ouvido de forma remota, mas a CPI rejeitou essa possibilidade.

A existência de um “gabinete paralelo” é um dos principais eixos de investigação da comissão parlamentar de inquérito, que quer saber se os conselhos dados a Bolsonaro contrariaram a ciência e prejudicaram o combate à pandemia no país.

Além de Carlos Wizard, há indícios de que o deputado federal Osmar Terra (MDB-RS) e a médica Nise Yamaguchi, já ouvidos pela comissão; o ex-assessor da Presidência Arthur Weintraub e o virologista Paolo Zanotto também tenham integrado o grupo.

Em decisão recente que manteve a quebra do sigilo de Wizard pela CPI, a ministra do STF Rosa Weber já declarou que a possível existência desse ministério paralelo é “fato gravíssimo”.

Carlos Wizard, após desembarcar no Aeroporto Internacional de Viracopos, em Campinas, na segunda-feira (26) — Foto: Reprodução

“A eventual existência de um Ministério da Saúde Paralelo, desvinculado da estrutura formal da Administração Pública, constitui fato gravíssimo que dificulta o exercício do controle dos atos do Poder Público, a identificação de quem os praticou e a respectiva responsabilização e, como visto, pode ter impactado diretamente no modo de enfrentamento da pandemia”, escreveu a ministra.

A CPI da Covid também investiga se a atuação desse gabinete paralelo foi financiada por empresários – o relator, Renan Calheiros, fez perguntas a Wizard sobre essa suspeita mas não recebeu resposta.

Na última semana, senadores também disseram ao G1 que há suspeita de omissão do Palácio do Planalto nos dados informados à CPI sobre a presença dessas pessoas em reuniões oficiais. Os nomes aparecem apenas em poucas agendas de autoridades ao longo do último ano, mas o número de visitas a prédios do governo é bem maior.

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