O bispo de Barra (BA), Dom Luiz Flávio Cappio, deixará o Hospital Memorial de Petrolina (PE) nesta quinta-feira (20) e voltará a Sobradinho (BA), onde deverá participar de uma missa à noite.
Segundo informações da assessoria da Comissão Pastoral da Terra (CPT), que acompanha o bispo, Cappio insistiu para que tivesse alta, o que só foi autorizado com a condição de que seja acompanhado por médicos, utilize cadeira de rodas e receba soro.
"Ele disse ontem (quarta) e hoje (quinta) que a preocupação maior que devemos ter não é com a saúde dele, é com a saúde da democracia brasileira", informou o assessor da comissão, Rubem Siqueira. A previsão é de que o religioso deixe o hospital em uma ambulância, por volta das 18h (horário local).
Greve de fome
Em Sobradinho, informou a CPT, Cappio irá anunciar se continua ou não em greve de fome e deverá apresentar uma nota sobre a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que na quarta-feira derrubou uma liminar e a representação que determinavam a suspensão das obras de transposição do Rio São Francisco.
O bispo, que está em jejum há 24 dias em protesto contra o projeto, foi internado na UTI do Hospital Memorial de Petrolina na quarta, após desmaiar. Nesta quinta, ele deixou a unidade e foi para um apartamento.
O boletim médico divulgado nesta manhã informa que o bispo está “hidratado, consciente, orientado e lúcido”, embora com “estado regular, mas frágil”.
Segundo a CPT, quando desmaiou, Cappio chegou a ficar desacordado por 30 a 40 minutos. "Ele só voltou por ação médica, e demorou a recobrar as condições normais. Não conseguia falar, não conseguia abrir os olhos, só ouvia", disse Siqueira.
Oito quilos
Desde que iniciou o jejum, em 27 de novembro, até a última segunda-feira (17), o bispo já tinha perdido oito quilos.
Antes de desmaiar, em vez de soro, Dom Cappio vinha ingerindo apenas água. Esta é a segunda vez que o bispo faz greve de fome contra a transposição. Em outubro de 2005, ele permaneceu 11 dias sem se alimentar em protesto contra o projeto.
A transposição do Rio São Francisco, um antigo projeto que pode beneficiar 12 milhões de pessoas, é tratada como uma das principais prioridades do governo Lula, e suas obras começaram em junho deste ano.
G1