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Bolsonaro volta a defender cloroquina e diz que ninguém pode obrigar aplicação da vacina contra Covid

"Ninguém pode obrigar ninguém a tomar vacina. Eu não vou tomar. Eu já tive o vírus. Já tenho anticorpos. Para que tomar vacina de novo?", questionou.

Bolsonaro volta a defender cloroquina e diz que ninguém pode obrigar aplicação da vacina contra Covid

Para Bolsonaro, com exceção da China, o Brasil foi o país que melhor se portou economicamente durante a pandemia. — Foto:Reprodução

RECIFE, PE (FOLHAPRESS) — O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) voltou a declarar que não vai tomar vacina contra a Covid-19 e a defender a hidroxicloroquina no combate à doença, apesar de diversos estudos apontarem a falta de eficácia. Disse ainda que quem não apresentar alternativas ao medicamento deveria calar a boca.

“Ninguém pode obrigar ninguém a tomar vacina. Eu não vou tomar. Eu já tive o vírus. Já tenho anticorpos. Para que tomar vacina de novo?”, questionou.

Na verdade, a imunidade fornecida pelas vacinas parece ser maior do que a proferida pela infecção natural, e ainda não se sabe se as pessoas que já tiveram a doença precisarão ser imunizadas.

Sobre a obrigatoriedade, nesta quinta, o STF (Supremo Tribunal Federal) decidiu que a vacina contra a Covid-19 pode ser obrigatória desde que exista uma lei nesse sentido. A corte deixou claro que a imunização forçada é proibida, mas liberou a União, estados e municípios a aprovarem lei que restrinja direitos das pessoas que não quiserem se vacinar.

O discurso foi feito em Porto Seguro (BA), no fim da tarde desta quinta-feira (17), durante cerimônia de assinaturas de MPs (medidas provisórias) para a renegociação de dívidas de empresas.

O presidente disse que a Pfizer, uma das fabricantes mundiais da vacina, não se responsabiliza por efeitos colaterais. “Se tomar e virar um jacaré é problema seu. Se virar um super-homem, se nascer barba em mulher ou homem falar fino, ela [Pfizer] não tem nada com isso”, afirmou.

O presidente insistiu que a terceira fase da vacina em questão não foi concluída. “Isso mexe no sistema imunológico das pessoas. Quem não quiser tomar, a responsabilidade é dele. Não podemos obrigar. Vivemos numa democracia. Aqui não é Venezuela. Não é Cuba”, disse.

Para Bolsonaro, com exceção da China, o Brasil foi o país que melhor se portou economicamente durante a pandemia.

Ele também voltou a defender o tratamento com hidroxicloroquina de maneira veemente. “Não sou médico. Sou capitão do Exército. Ligamos para embaixadores da África e perguntamos por que o número de mortes é pequeno. ‘Chega com Covid, toma cloroquina e se safa’. Por que se perseguiu e proibiu a cloroquina? A troco de quê? “, questionou.

Em seu discurso, sem citar o nome, criticou o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta. O presidente afirmou que a orientação de só ir para o hospital quando o paciente estiver com falta de ar é errada.

“Fique em casa até sentir faltar de ar? E vai para o hospital fazer o quê? Para ser intubado? Aí vem a pressa para comprar ventiladores. Trocamos o ministro”, destacou.

Ele defendeu, também sem mencionar nome, o atual ministro da Saúde, Eduardo Pazuello. “O que assumiu não é médico, mas tem centenas de médicos ao lado dele. O Serra [José Serra] não era médico e foi o pai do genérico. Temos que botar a cara a tapa”, afirmou.

No discurso, Bolsonaro cirou o ministro do STF, Kássio Nunes, indicado recentemente pelo presidente para a vaga. “Eu indiquei o Kássio, mas não sou dono dele. ‘O teu ministro votou pela obrigatoriedade da vacina’. Não é isso que está sendo votado”, afirmou.

Na verdade, O ministro Kassio Nunes Marques foi o único a votar de maneira distinta nesta quinta-feira. O magistrado afirmou que a vacinação obrigatória é constitucional, mas que depende de “prévia oitiva” do Ministério da Saúde e que só pode ser usada como “última medida”.

Durante a cerimônia, o presidente falou sobre a postura da médica Raíssa Soares, que estava presente no evento. Ela ganhou notoriedade na pandemia ao gravar um vídeo pedindo a Jair Bolsonaro um carregamento de hidroxicloroquina. O presidente atendeu ao pedido e determinou o envio do medicamento para os hospitais de Porto Seguro. Desde então, Raíssa Soares tornou-se uma espécie de influenciadora digital nas redes bolsonaristas.

“Temos tudo para sermos felizes. Quando a Raíssa fala da hidroxicloroquina, ela é médica. E, na ponta da linha, quem decide é ela, não sou eu. Aí tem gente querendo constrangê-la. Ora bolas. Apresente uma alternativa para hidroxicloroquina. Caso contrário, cale a boca”, declarou o presidente.

No evento, o presidente assinou duas medidas provisórias que permitem que setores produtivos renegociem dívidas com fundos constitucionais e de investimento.
No início da tarde, Bolsonaro esteve no município de Jacinto, em Minas Gerais, em cerimônia para oficializar a pavimentação de 61 quilômetros da BR-367.

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