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Após nove anos, Caixa relança a ‘raspadinha’ e espera arrecadar R$ 2,9 bilhões até 2026

Esse lançamento marca o retorno da Caixa à loteria instantânea, um jogo que é conhecido em todo o mundo.

caixa econômica federal, raspadinha

Bilhetes começam a ser vendidos a partir do dia 2 de novembro. (Foto: Divulgação/Loterias da Caixa)

Depois de nove anos de interrupção, a Caixa relançou nesta segunda-feira em São Paulo, a loteria instantânea, conhecida como “raspadinha”. A faixa de premiação vai de R$ 2,50 a R$ 2 milhões e as apostas custam entre R$ 2,50 a R$ 20,00. As vendas nas mais de 13 mil casas lotéricas de todo o país começam no próximo dia 2 de novembro.

Esse lançamento marca o retorno da Caixa à loteria instantânea, um jogo que é conhecido em todo o mundo. O Brasil tinha sucesso até 2015, mudou a legislação, tentou-se outra alternativa. Agora, esse jogo volta com autorização do Ministério da Fazenda para a Caixa explorar a instantânea por dois anos — disse o presidente da Caixa, Carlos Vieira, durante o lançamento, lembrando que o banco sempre está atento ao chamado jogo responsável, além de destinar parte dos prêmios a programas de política pública.

A expectativa é de arrecadar cerca de R$ 2,9 bilhões no período de 24 até 2026, período em que a Caixa vai explorar a raspadinha. Por enquanto, os bilhetes são físicos, mas em breve deve ser lançada uma versão digital, em que será possível apostar pelo celular, disse a diretora-presidente da Caixa Loterias, Lucíola Aor Vasconcelos.

— Estamos trabalhando há tempos no projeto trazer a memória afetiva para todos, sem deixar de lado a responsabilidade social e preocupação com o jogo responsável — disse Vasconcelos, que afirma que o ‘pay out’ da raspadinha é de 65%, o maior da Caixa. Ou seja, de cada três bilhetes, um será premiado, garantiu.

Para jogar, o interessado deve comprar o bilhte numa lotérica, raspar a área de jogo e verificar se foi premiado. Os bilhetes terão estampas temáticas variadas como ‘trevo da sorte’, ‘só o ouro’, ‘roda da sorte’, ‘caça ao tesouro’ e o bilhete com maior o prêmio tera temática ‘Vip’.

O prêmio pode ser retirado nas próprias lotéricas, até o limite de R$ 2.259,00, valor que não tem incidência de imposto de renda. Acima desse valor, a retirada do prêmio tem que ser feita numa agência da Caixa.

O segundo passo será a entrada do Caixa Loterias no mercado de bets, que está sendo regulamentado no país. A Caixa tem até o dia 18 de dezembro para mostrar que tem capital social de R$ 30 milhões, requisito básico para ser aprovado. Também é preciso pagar uma outorga de R$ 30 milhões. A Caixa espera começar a oferecer apostas no primeiro semestre do ano que vem.

As modalidades raspadinha e bets são as mais populares do mundo, respondendo por 48% da arrecadação com jogos. Portanto, a Caixa vê enorme potencial nesses dois nichos, considerando a baixa participação dos jogos no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, de apenas 0,21%.

Com uma população de 215 milhões, o Brasil arrecada por ano R$ 18 bilhões com jogos, de acordo com pesquisa da Caixa. Com cerca de 10 milhões de habitantes, Portugal arrecada o mesmo com as apostas, que respondem por 1,17% do PIB, destacou Lucíola. No Uruguai, o percentual é de 0,39%, 0,46% na Argentina e 0,96% na Espanha.

Concessão da lotex não avançou

Os governos do presidente Michel Temer e Jair Bolsonaro tentaram privatizar a Lotex (loteria instantânea, o nome formal da raspadinha), mas processo travou. Desde 2015, período em que a Caixa ficou fora desse tipo de jogo, a estimativa é que o banco deixou de arrecadar R$ 8 bilhões. Eram comercializados entre 70 milhões e 80 milhões de bilhetes por ano.

A Caixa comercializou a raspadinha entre os anos 1960 e 2015, quando o modelo de apostas foi suspenso por determinação da Controladoria-Geral da União (CGU), que contestou a legalidade da forma como vinha sendo feita no país.

Em 2018, mudanças legais permitiram que o serviço fosse repassado à iniciativa privada e retomado. Após realizar dois leilões que não atraíram interessados e de flexibilizar suas exigências iniciais, o governo federal conseguiu repassar a um consórcio o direito de explorar o serviço por 15 anos.

Mas, a empresa desistiu após considerar que o serviço só seria viável se fosse assinado um contrato de distribuição com a Caixa, o que não aconteceu. A logística é importante porque o bilhete só pode ser validado no ponto de venda, para evitar o uso das raspadinhas obtidas num furto a um caminhão de distribuição, por exemplo.

No ano passado, um decreto presidencial voltou a alterar a legislação permitindo que o Ministério da Fazenda pudesse autorizar a Caixa a retomar o serviço. Em 2023, a Caixa arrecadou R$ 23,4 bilhões com as loterias.

Por O Globo

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