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Câmara aprova convocação de Guedes no plenário para explicar offshore em paraíso fiscal

O requerimento de convocação do ministro para falar perante o plenário foi aprovado por 310 a 142. O documento foi apresentado pela oposição.

Câmara aprova convocação de Guedes no plenário para explicar offshore em paraíso fiscal

Paulo Guedes, ministro da Economia, em reunião do Conselho de Governo em 2020 — Foto:Marcos Corrêa/PR

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) — A Câmara dos Deputados aprovou nesta quarta-feira (6) a convocação do ministro Paulo Guedes (Economia) para explicar perante o plenário a manutenção de offshore em um paraíso fiscal, conforme mostraram documentos da Pandora Papers, investigação promovida pelo Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos.

O requerimento de convocação do ministro para falar perante o plenário foi aprovado por 310 a 142. O documento foi apresentado pela oposição.

O líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), ainda tentou transformar a convocação em convite, mas não teve sucesso.

“O ministro tem explicações a dar e está disposto a fazê-las para o Parlamento, como é natural de qualquer pessoa pública. Só não vejo razão de ser uma convocação”, disse.

“O assunto é relevante, é adequado que o ministro faça a explicação, embora já anunciou [sic] pela imprensa que não movimentou a empresa, que não tem nenhuma relação com a sua atividade de ministro de Estado da economia, mas é justo que toda a pessoa pública tenha que explicar quando questionada a sua ação.”

Inicialmente, partidos do centrão, como o PP, PL e Republicanos, sinalizaram apoio à transformação da convocação em convite. Sem acordo com a oposição, porém, decidiram votar a favor do comparecimento do ministro no plenário. Ainda não há data para que Guedes preste esclarecimentos aos deputados, mas a expectativa é que seja na próxima quarta-feira (13).

No requerimento, a oposição pede que Guedes compareça perante o plenário para prestar esclarecimentos sobre a abertura de offshores no exterior. “Há uma vedação explícita de que servidores públicos possam manter aplicações financeiras e investimentos no exterior que possam ser afetadas por políticas governamentais”, justificou a oposição no documento.

O ministro já havia sido convocado por duas comissões da Câmara para falar sobre a offshore nas Ilhas Virgens Britânicas. Como se trata de uma convocação, o ministro é obrigado a comparecer. A expectativa é que os presidentes dos colegiados abram mão de suas convocações para que o ministro compareça apenas perante o plenário.

Advogados que representam Guedes afirmaram que, após assumir o cargo no governo Jair Bolsonaro, ele não fez movimentações de valores em offshore nas Ilhas Virgens Britânicas, da qual é acionista. Em nota, os advogados afirmam que o ministro se afastou da gestão da empresa em dezembro de 2018.

A existência dos investimentos de Guedes no exterior foi revelada neste domingo (3) por veículos como a revista Piauí e o jornal El País, que participam do projeto do Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos.

Segundo as reportagens, Guedes, sua esposa e sua filha são acionistas de uma offshore nas Ilhas Virgens Britânicas, conhecido paraíso fiscal. Em 2015, ela tinha US$ 9,5 milhões (aproximadamente R$ 51 milhões, em valores atuais).

Em julho, Guedes defendeu retirar do projeto de lei do Imposto de Renda a regra que tributaria recursos em paraísos fiscais. Para ele, a discussão complicaria o debate sobre o texto.

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