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Cerrado registra mais focos de queimadas do que a Amazônia nos primeiros dias de setembro

Esse aumento no número de focos no Cerrado não foi visto no mesmo período de 2018.

Cerrado registra mais focos de queimadas do que a Amazônia nos primeiros dias de setembro

Focos de queimadas registrados pelo Inpe em 9 de setembro — Foto:Reprodução/Programa Queimadas

O Cerrado registrou mais focos de queimadas nos primeiros dias de setembro do que a Amazônia, fenômeno inverso ao que foi visto durante o mês de agosto e desde o início do ano.

Esse aumento no número de focos no Cerrado não foi visto no mesmo período de 2018. De acordo com especialistas, os incêndios provavelmente têm causa humana e se propagam devido à onda de calor que afeta o Cerrado nos últimos dias. As causas naturais são pouco prováveis, já que o bioma passa pelo período de seca – sem chuvas –, e dificilmente ocorreria um raio para provocar um incêndio natural.

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Do dia 1º até esta segunda-feira (9), foram 7.304 focos no Cerrado, contra 6.200 na floresta amazônica. No acumulado ano ano, o bioma Amazônia acumula 53.023 focos contra 34.839 do Cerrado (veja gráficos abaixo).

Nos últimos 30 dias (de 9 de agosto a 9 de setembro), a Amazônia registrou 30.245 focos, contra 17.438 do Cerrado. A tendência de crescimento das queimadas neste segundo bioma começou apenas na última semana do mês.

Os dados são do banco do Programa Queimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e foram captados pelo satélite de referência Aqua.

O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) publicou um alerta de “Grande perigo” nesta terça-feira (10), que aponta risco para mais de 20 cidades do Mato Grosso, regiões do Cerrado. Há chance de a temperatura ficar pelo menos 5ºC acima da média nos próximos 5 dias.

“O que está acontecendo são dois fatores: o Cerrado está passando por uma rara onda de calor. É raríssimo este tipo de alerta [do Inmet]. Quando você tem este tipo de temperatura e uma baixíssima umidade, a situação do Cerrado fica muito inflamável” – Carlos Nobre, climatologista, membro da Academia Brasileira de Ciências e ex-pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

De acordo com o pesquisador, há uma dinâmica no Cerrado. O bioma é adaptado ao fogo, mas não quando ele é aplicado em tamanha proporção pelos humanos. Existem árvores resistentes, mas não tão fortes a ponto de viver em um cenário tomado pelas queimadas.

“O Cerrado tem aquelas árvores com a casca resistente ao fogo. Tem 60% a 70% de cobertura de árvores, e 30% a 40% de cobertura de gramíneas, e, quando chega, o fogo atinge só as gramíneas, que depois crescem de novo. O Cerrado evoluiu milhões de anos. Mas hoje colocamos fogo demais e ele ainda não está preparado”.

Queimadas têm causa humana

Assim como Nobre, Alberto Setzer, pesquisador do Programa Queimadas, diz que o fogo no Cerrado, e também na Amazônia, é de causa humana – intencional ou acidental. Ele explica que a única causa natural de fogo são os raios, fenômeno que ocorre durante a temporada de chuva no bioma. Não é o caso do Cerrado no momento.

Em uma análise dos dados do Inpe no início de setembro, constatou-se que ocorreu chuva em apenas em 176 dos 7.304 focos detectados pelo Aqua. O risco de fogo, previsto pelo instituto, era considerado crítico em 4.259 pontos de calor encontrados pelo satélite.

Os pesquisadores apontam que o calor e o tempo seco ajudam a “espalhar” o fogo, mas não a “criar” novos focos.

O G1 mostrou em outra reportagem que a Amazônia apresentou neste ano os mais altos índices de chuva e de queimadas dos últimos quatro anos.

Fogo no Cerrado nos últimos 22 anos

Dados do Programa de Queimadas apontam que o Cerrado brasileiro registra 44% mais focos de incêndios de 1º de janeiro a 10 de setembro do que o observado no mesmo período em 2018.

Foram 35.547 focos no Cerrado em 2019 contra 24.625 em 2018.

No acumulado de 1998 a 2018, as queimadas de 2019 estão dentro da média histórica para este período, que é de 35.627.

Os picos de queimadas ocorreram em 2007, com 76.175; e 2010, com 77.246 – ambos anos com incidência de El Niño, que muda o regime de chuvas. Os anos com menores incidências de queimadas foram 2000, com 15.378; e 2009, com 17.675.

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