Crise política

Convocação do Exército expõe racha entre Temer e Rodrigo Maia

Ministro da Defesa atribuiu ao presidente da Câmara pedido que levou a decreto de Garantia da Lei e da Ordem publicado hoje por Temer

Convocação do Exército expõe racha entre Temer e Rodrigo Maia

“Se o governo decidiu adotar outra medida, essa outra medida é responsabilidade do governo. Não é uma responsabilidade que possa e nem deva ser da Câmara”, disse. — Foto:Reprodução

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), criticou no início da noite desta quarta-feira a declaração do ministro da Defesa, Raul Jungmann, de atribuir a ele o pedido que levou ao decreto de Garantia da Lei e da Ordem assinado pelo presidente Michel Temer.

Publicada em edição extra do Diário Oficial da União no momento em que protestos em Brasília pediam a saída de Temer do cargo, a ordem do peemedebista convoca as Forças Armadas a patrulhar as ruas do Distrito Federal até o dia 31 de maio.

Após o pronunciamento de Jungmann, houve empurra-empurra generalizado no plenário da Câmara entre deputados governistas e da oposição, iniciado pelos deputados Glauber Braga (PSOL-RJ) e Darcísio Perondi (DEM-RS).

Diante da confusão, a sessão foi suspensa por 30 minutos. “Quero deixar claro que meu pedido ao governo foi do apoio da Força Nacional. A decisão tomada pelo governo certamente tem relação com aquilo que o governo entendeu relevante para garantir a segurança tanto dos manifestantes como daqueles que trabalham na Esplanada”, explicou Rodrigo Maia.

Ao reabrir a sessão no plenário, Maia fez um duro discurso contra o fato de a convocação do Exército ter sido atribuída a um pedido dele. Ele ressaltou que pediu apenas o auxílio da Força Nacional de Segurança Pública.

“Se o governo decidiu adotar outra medida, essa outra medida é responsabilidade do governo. Não é uma responsabilidade que possa e nem deva ser da Câmara”, disse.

Rodrigo Maia afirmou que pediu ao líder do governo na Casa, Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), que entre em contato com Raul Jungmann para que pudesse “restabelecer a verdade”. 

“Eu espero que o ministro da Defesa possa repor a verdade e que o presidente possa, pelo menos, reduzir o prazo de validade desse decreto apenas para o dia de hoje. As manifestações estão ocorrendo hoje e apenas hoje. Decreto com validade até o dia 31 é um excesso sem dúvida nenhuma”, continuou.

O presidente da Câmara ainda solicitou que o decreto sobre a atuação do Exército esteja restrito apenas a esta quarta-feira (veja abaixo ofício do presidente da Câmara a Michel Temer).

Reações

O ministro do Supremo Tribunal Federal Marco Aurélio Mello manifestou preocupação com a decisão de Michel Temer de convocar a presença das Forças Armadas em Brasília após as manifestações contra o seu governo. “Espero que a notícia não seja verdadeira”, declarou durante sessão do Supremo.

“Voto um pouco preocupado com o contexto, e espero que a notícia não seja verdadeira. O chefe do Poder Executivo teria editado um decreto autorizando uso das Forças Armadas no Distrito Federal no período de 24 a 31 de maio”, afirmou Marco Aurélio. O comentário, porém, não provocou maiores reações dos demais ministros do Supremo.

Parlamentares da oposição manifestaram repúdio à convocação do Exército e alfinetaram o racha que se deu no governo. “Ninguém tem coragem de assumir essa decisão, de tão absurda que é”, disse o deputado Alessandro Molon (Rede-RJ).

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