Depoimento

CPI tenta, mais uma vez, ouvir suposto ‘sócio oculto’ de empresa que garantiu contrato da Covaxin

A empresa ofereceu uma carta-fiança de R$ 80,7 milhões no contrato firmado entre a Precisa Medicamentos e o Ministério da Saúde para a compra da vacina indiana Covaxin.

CPI tenta, mais uma vez, ouvir suposto 'sócio oculto' de empresa que garantiu contrato da Covaxin

A CPI da Covid espera ouvir nesta terça-feira (14) o advogado e empresário Marcos Tolentino, apontado como sócio oculto do "FIB Bank". — Foto:Reprodução

A CPI da Covid espera ouvir nesta terça-feira (14) o advogado e empresário Marcos Tolentino, apontado como sócio oculto do “FIB Bank”. A empresa ofereceu uma carta-fiança de R$ 80,7 milhões no contrato firmado entre a Precisa Medicamentos e o Ministério da Saúde para a compra da vacina indiana Covaxin.

Essa será a segunda tentativa da comissão de colher o depoimento de Tolentino. Nesta segunda-feira (13), a Justiça Federal em Brasília autorizou que, caso o advogado não compareça, ele seja conduzido coercitivamente.

O depoimento de Tolentino estava previsto para o último dia 1º, mas, na véspera, o empresário apresentou um atestado médico. A cúpula da CPI afirmou que o documento era fraudado, cobrou explicações do hospital Sírio Libanês e passou a defender que os trabalhos da comissão não sejam encerrados antes da audiência do advogado.

“Ele vem de maca, mas virá”, afirmou o presidente Omar Aziz (PSD-AM) na última semana.

Inconsistência financeira e no quadro societário

Marcos Tolentino será ouvido no âmbito das apurações sobre as empresas intermediárias em contratos de vacinas. A carta-fiança do FIB Bank fazia parte do processo de aquisição da Covaxin, que previa 20 milhões de doses a um valor de R$ 1,6 bilhão, mas foi cancelado por suspeita de irregularidades – nenhuma dose foi entregue. Coube à Precisa Medicamentos fazer a contratação do FIB Bank.

A comissão tem informações que demonstram inconsistências na capacidade financeira da garantidora do contrato de vacina e na composição do quadro societário da empresa. Um dos principais pontos a serem abordados é o suposto capital da empresa. Os donos do FIB Bank dizem ter um patrimônio de R$ 7,5 bilhões dividido em dois terrenos, sendo que um único terreno é indicado com um valor de R$ 7,2 bilhões.

Além disso, senadores veem indícios de que Tolentino atuava como um “sócio oculto” da companhia. As apurações indicam que duas empresas sócias do FIB Bank e ligadas a Tolentino são as verdadeiras operadoras da garantidora – apontam, por exemplo, que as empresas estão registradas no mesmo endereço do escritório do advogado.

A comissão também já identificou transferências do FIB Bank que somam um valor de quase R$ 2 milhões a uma companhia que pertence à família de Tolentino.

De acordo com o senador Renan Calheiros (MDB-AL), o advogado aparece em diversos contratos e interfaces com a Justiça como representante, procurador ou administrador do FIB Bank e de outras empresas ligadas à garantidora.

À CPI, o FIB Bank enviou um ofício em que afirma que Tolentino “não exerce qualquer cargo ou função na administração da companhia, tampouco integra o seu quadro de acionistas”.

Relação com Ricardo Barros
Marcos Tolentino é amigo de Ricardo Barros (PP-PR), líder do governo Bolsonaro na Câmara. Segundo senadores, ele chegou a acompanhar o deputado durante depoimento à CPI, em julho.

O líder do governo entrou no escopo da CPI após o presidente Jair Bolsonaro, conforme o relato dos irmãos Miranda, citar o nome de Ricardo Barros ao ser informado sobre suspeitas de fraude no contrato da Covaxin.

Senadores querem entender o motivo pelo qual a Precisa contratou o FIB Bank – que, apesar do nome, não é uma instituição financeira – e se poderia haver algum beneficiamento ilícito com a parceria.

Além disso, a CPI diz já ter indícios de que a garantidora não teria condições de arcar com a fiança, caso fosse necessário recorrer ao recurso, e de que “laranjas” foram usados para compor o quadro societário da empresa.

Em requerimento que pediu a convocação do advogado, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) ressaltou que houve “pressões atípicas” sobre servidores e irregularidades no contrato da Covaxin.

“Torna-se necessário ouvir o testemunho de Marcos Tolentino da Silva, apontado como sócio oculto da empresa que forneceu uma garantia irregular no negócio de compra da vacina indiana”, afirmou Randolfe no pedido.

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