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Um incêndio provocou a destruição de uma área equivalente a 18 mil campos de futebol do Parque Estadual do Lajeado, em Tocantins. O fogo começou na Serra do Carmo, perto de Palmas, na última sexta-feira (6), e se alastrou por uma área de 20 km para a reserva florestal, onde foram queimados cerca de 20% dos 90 mil hectares, segundo o coordenador de meio ambiente da Guarda Metropolitana de Palmas, Leônidas Alves de Castro. Um campo de futebol tem área de cerca de um hectare.
A vegetação seca, típica do cerrado, e correntes de vento que chegaram a 80 km/h facilitaram a propagação do incêndio. Nesta sexta-feira (13), os bombeiros e a guarda metropolitana tentarão acabar com o último foco de incêndio que fica em área de difícil acesso do parque. Na Serra do Carmo, as chamas foram controladas antes que atingissem os moradores que vivem na região. O incidente não provocou mortes.
– Nós poderíamos ter controlado antes o fogo se tivéssemos um helicóptero. Mas, como todos os trabalhos são feitos por terra, precisamos esperar que o fogo alcance uma área mais fácil de chegar para então acabar com ele.
Para Castro, o fogo foi causado pela ação de alguém que vive na região. Nesta época do ano, incêndios espontâneos não são comuns.
– O incêndio é fruto de uma ação humana e é crime (…) Os incêndios espontâneos são mais frequentes em épocas de chuvas, quando raios provocam queimadas. Ainda não há um levantamento de quantos e quais animais morreram em decorrência do incêndio.
A concentração de fumaça na Serra do Carmo, somada à baixa umidade relativa do ar, fez com que as unidades de pronto atendimento médico registrassem o dobro de casos de problemas respiratórios, como falta de ar, rinites alérgicas, dores de cabeça e nariz seco.
Desde o início do ano, segundo o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), já foram registrados 3,8 mil focos de incêndio em Tocantins, o que faz com que o Estado ocupe o segundo lugar no ranking nacional de queimadas. O município de Formoso do Araguaia (TO), onde há lavouras de arroz e soja, é o primeiro da lista.
Recomposição em até 200 anos
Para a pesquisadora Ires Paula de Andrade Miranda, do Inpa (Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia), a recuperação do cerrado pode demorar de cem a 200 anos se não houver intervenção do Estado e de ONGs (organizações não governamentais). O trabalho de reflorestamento envolve a análise do solo e um levantamento de quais espécies vegetais precisam ser repostas.
Segundo Paula, o cerrado tem condições de se recuperar sozinho, mas corre o risco de perder a diversidade da vegetação e de comprometer a vida dos animais que vivem no Lajeado.
– Nem todas as espécies têm condições de se recuperar sozinhas. Com isso, ao longo dos anos, o bioma pode ficar sem diversidade e provocar impacto na grande variedade de espécies de animais do cerrado. Além disso, alterações na flora causam prejuízos ao clima.
A pesquisadora do Inpa explica que a destruição da camada de proteção natural do solo pode provocar erosão da região e dificultar o processo de reflorestamento. Segundo ela, o Estado pode contar com a ajuda de ONGs e empresas para tentar acelerar a recuperação da área.
Outros casos
A vegetação seca, a baixa umidade relativa do ar e ventos moderados dificultaram o combate de um incêndio na cidade de Marcelândia, em Mato Grosso. O fogo teria começado em um lixão próximo de madeireiras da cidade, mas fiscais da Secretaria Estadual do Meio Ambiente ainda investigam o caso. Um levantamento do Corpo de Bombeiros apontou que o fogo destruiu cerca 70 casas e 80 moradores ficaram desalojados.
Na noite da quinta-feira (12), bombeiros tentavam controlar as chamas que atingiam a Serra do Itapetinga, reserva florestal que fica dentro de um condomínio residencial em Atibaia (a 59 km de São Paulo). O incêndio começou na manhã de quinta-feira e mobilizou oficiais de outras duas cidades que ficam ao redor, Bragança Paulista e Jundiaí.