Investigação

Mãe de Henry citou instalação de câmera dois meses antes de alerta de agressões de Dr. Jairinho

A informação foi recuperada no celular da professora pela Polícia Civil, consta no inquérito que apura a morte do menino e foi obtida com exclusividade pelo Globo.

Mãe de Henry citou instalação de câmera dois meses antes de alerta de agressões de Dr. Jairinho

Uma mensagem no bloco de notas no telefone celular de Monique Medeiros da Costa e Silva mostra a vontade da professora em instalar uma câmera de monitoramento no apartamento — Foto:Reprodução

Uma mensagem no bloco de notas no telefone celular de Monique Medeiros da Costa e Silva mostra a vontade da professora em instalar uma câmera de monitoramento no apartamento 203 do bloco 1 do condomínio Majestic, do Cidade Jardim, onde ela morava com o namorado, o médico e vereador Jairo Souza Santos Júnior, o Dr. Jairinho (sem partido), e o filho, Henry Borel Medeiros, de 4 anos. A informação foi recuperada no celular da professora pela Polícia Civil, consta no inquérito que apura a morte do menino e foi obtida com exclusividade pelo Globo. O casal está preso e é investigado pelo crime.

Outras vítimas: Enquanto Henry sofria tortura, quase 300 crianças eram agredidas no Rio entre janeiro e fevereiro deste ano

O texto, escrito às 2h46 de 30 de novembro de 2020, diz: “Colocação de câmera dentro de casa assistindo do celular”. Como O Globo mostrou na última quinta-feira, durante a perícia complementar realizada no imóvel, em 29 de março, policiais da 16ª DP (Barra da Tijuca) encontraram uma câmera dentro da caixa no quarto de Henry, que morreu 21 dias antes. O equipamento também foi citado por Monique depois que ela recebeu uma videochamada em que o filho e a babá Thayna de Oliveira Ferreira narraram agressões de Jairinho.

No depoimento prestado na delegacia pela cabeleireira que atendia a professsora no momento da ligação, por volta de 16h30 do dia 12 de fevereiro, em um salão de beleza da Barra da Tijuca, ela informou que ela hidratava e escovava o cabelo e fazia manutenção da unha de acrigel e embelezamento de pés e mãos quando recebeu uma ligação de Henry. Na chamada de vídeo, o menino, chorando, perguntava se a atrapalhava, contava da briga com Jairinho e pedia que a mãe fosse para a casa.

A câmera encontrada por policiais da 16ª DP (Barra da Tijuca) no quarto de Henry.A câmera encontrada por policiais da 16ª DP (Barra da Tijuca) no quarto de Henry. Foto: ReproduçãoA testemunha contou que a criança falava: “Mamãe, eu te atrapalho?” e “Mamãe, o tio disse que eu te atrapalho”. Ela teria respondido que não, de forma alguma, e Henry, “com um choro manhoso”, teria dito: “Mamãe, vem pra casa” e “O tio bateu” ou “O tio brigou” – a profissional diz não se lembrar a frase exata.
Nesse momento, segundo relatou, a interlocutora, que agora sabe tratar-se de Thayna de Oliveira Ferreira, filmou o menino mancando. Monique teria perguntado a ela então o que havia acontecido e porque a porta do quarto estava trancada, não tendo ouvido a resposta dada pela babá.

A cabeleireira disse que a professora estava “um pouco agitada” e, ao terminar de fazer as unhas, fez ou recebeu uma chamada telefônica, tendo iniciado a conversa dizendo: “Você nunca mais fale que meu filho me atrapalha, porque ele não me atrapalha em nada.” E continuou: “Você não vai mandar ela embora, porque se ela for embora, eu vou junto. Porque ela cuida muito bem do meu filho. Ela não fez fofoca nenhuma. Quem me contou foi ele”.

A profissional afirmou que o interlocutor, que dessa vez seria Jairinho, disse “algo”, ao que Monique respondeu: “Quebra, pode quebrar tudo. Você já está acostumado a fazer isso.” Ela contou que a professora estava exaltada e gritava no telefone, “razão pela qual os presentes puderam ouvir sua conversa”. Ao encerrar a chamada, ela perguntou a cabeleireira se havia algum lugar no shopping que vendesse câmeras, sendo informada sobre uma loja de eletrodomésticos.

Durante a realização da perícia no apartamento da família, em que participaram, além de agentes da 16ª DP, peritos dos institutos de Criminalística Carlos Éboli e Médico Legal, a câmera não instalada, conhecida como lâmpada espiã, foi encontrada na estante do cômodo onde dormia Henry. Ele é utilizado para monitorar ambientes, possuindo uma câmera sem fio, microfone, alto-falante e sensor de presença, geralmente filmando até três dias ininterruptamente e enviando as imagens, em tempo real, a um aplicativo instalado no celular.

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