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Ministério Público vai apurar se mais dirigentes da Caixa estão envolvidos em denúncias de assédio ou acobertaram a prática

Nesta quarta, o agora ex-presidente do banco Pedro Guimarães deixou o cargo após se tornarem públicas denúncias de funcionárias contra ele. Há denúncias de que outros executivos sabiam das irregularidades.

Ministério Público vai apurar se mais dirigentes da Caixa estão envolvidos em denúncias de assédio ou acobertaram a prática

Pedro Guimarães deixou o cargo após se tornarem públicas denúncias de funcionárias contra ele. Há denúncias de que outros executivos sabiam das irregularidades. — Foto:Reprodução

O Ministério Público Federal (MPF) vai apurar se mais dirigentes da Caixa Econômica estão envolvidos em denúncias de assédios sexual ou moral ou se acobertaram a prática dentro do banco.

O MPF já investiga por assédio sexual o ex-presidente da Caixa Pedro Guimarães. Ele saiu do cargo nesta quarta-feira (29), após terem se tornado públicas denúncias de funcionárias do banco que relataram terem sido vítimas das abordagens irregulares de Guimarães (veja relatos mais abaixo).

Agora o MPF vai ouvir novos depoimentos para saber se executivos da equipe do ex-presidente também participavam, de alguma forma, das práticas assediadoras.

Um post no blog da Julia Dualibi, assinado por ela e pela Andreia Sadi, mostrou que funcionárias da Caixa veem uma cultura de assédio sexual dentro da empresa.

De acordo com o blog da Ana Flor, denunciantes na Caixa relataram que o comando do banco sabia dos casos de assédio de Guimarães e acobertou as denúncias. Os primeiros casos chegaram aos canais de denúncia do banco ainda em 2019, quando Guimarães assumiu a presidência.

O que diz a Caixa

A Caixa Econômica divulgou uma nota na noite da quarta-feira. No texto, o banco não cita o nome de Guimarães, mas confirma que houve denúncias de assédio.

A Caixa disse ainda que uma investigação interna foi instaurada em maio, após denúncia anônima, e que a apuração “corre em sigilo, no âmbito da Corregedoria, motivo pelo qual não era de conhecimento das outras áreas do banco”.

A nota do banco não informa se outros diretores estão sendo investigados ou o número de denunciados.

“A Caixa repudia qualquer tipo de assédio e informa que recebeu, por meio do seu canal de denúncias, relato de casos desta natureza na instituição. A investigação corre em sigilo, no âmbito da Corregedoria, motivo pelo qual não era de conhecimento das outras áreas do banco”, afirma um trecho da nota.

Relatos de assédio

A TV Globo falou com algumas funcionárias que relataram episódios de assédio que sofreram de Guimarães.

“Eu considero um assédio. Foi em mais de uma ocasião. Ele tem por hábito chamar grupo de empregados para jantar com ele. Ele paga vinho para esses empregados. Não me senti confortável, mas, ao mesmo tempo, não me senti na condição de me negar a aceitar uma taça de vinho. E depois disso ele pediu que eu levasse até o quarto dele à noite um carregador de celular e ele estava com as vestes inadequadas, estava vestido de uma maneira muito informal de cueca samba canção. Quando cheguei pra entregar, ele deu um passo para trás me convidando para entrar no quarto. Eu me senti muito invadida, muito desrespeitada como mulher e como alguém que estava ali para fazer um trabalho. Já tinha falado que não era apropriado me chamar para ir ao quarto dele tão tarde e ainda me receber daquela forma. Me senti humilhada”.

Outra funcionária afirmou que, às vezes, o constrangimento era feito na frente de outros colegas:

“Por exemplo, pedir para abraçar, pegar no pescoço, pegar na cintura, no quadril. Isso acontecia na frente de outras pessoas. E, às vezes, essas promessas eram no pé de ouvido e na frente de outras pessoas, mas de forma com que outras pessoas não ouvissem.”

Segundo ela, o assédio também ocorria nas viagens que o presidente da Caixa faz pelo país.

“Comigo foi em viagem, nessas abordagens que ele faz pedindo, perguntando se confia, se é legal. Abraços mais fortes, me abraça direito e nesses abraços o braço escapava e tocava no seio, nas partes íntimas atrás, era dessa forma.”

Outra funcionária afirma que o presidente da Caixa era insistente.

“Eu só fingi que estava bebendo o vinho e tudo e aí ele ele começou a fazer umas brincadeiras. Aí na hora de pagar a conta pediu um abraço. Aí falou: ‘Ah’. Eu tentei manter a distância. ‘Ah, um abraço maior’. Eu fiquei muito sem graça, que eu já vi que ele já, né? A gente já sabe da fama. Eu sabia da fama dele já, então eu me reservei o máximo possível. E aí ele: ‘não, mas abraça direito. Abraça direito, porque é… você não gosta de mim’. Aí na hora que ele, na terceira vez que ele fez eu abraçar ele, ele passou a mão na minha bunda.”

“E aí. Fora assim, várias fotos. Ele, toda vez que vai tirar foto pega na cintura da gente com uma intimidade que não existe e isso deixa a gente muito constrangida. É muito sem graça assim. Eu me sinto meio violentada mesmo, quando ele tem esse tipo de atitudes, sabe?”
Algumas dessas mulheres dizem que simplesmente desistiram de usar o canal de denúncias oferecido pela Caixa. Elas afirmam que souberam de outros casos que não teriam sido levados adiante e contam que as vítimas até sofreram retaliações.

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