
De acordo com as prefeituras de Jaboatão dos Guararapes e Itamaracá, a substância apareceu em pequenos fragmentos desde o início da manhã. — Foto:Reprodução
O óleo que invadiu as praias do Nordeste chegou, nesta sexta-feira (25), às praia de Candeias e Piedade, em Jaboatão dos Guararapes, no Grande Recife. Também há registro de pequenos fragmentos na Praia do Sossego, em Itamaracá.
No Cabo de Santo Agostinho, vizinho a Jaboatão, o trabalho de limpeza permaneceu sendo feito em praias como a de Itapuama, onde voluntários trabalhavam junto com funcionários do município. Depois do registro de 19 notificações de casos de intoxicação, as equipes trabalham com o corpo coberto.
De acordo com as prefeituras de Jaboatão dos Guararapes e Itamaracá, a substância apareceu em pequenos fragmentos desde o início da manhã. Pouco antes das 10, os materiais já haviam sido limpos, segundo a assessorias de comunicação dos municípios.
A praia de Barra de Jangada e a Ilha do Amor, em Jaboatão, também haviam sido atingidas anteriormente. Em Itamaracá, o registro havia sido feito nas praias de Jaguaribe e do Pilar.
No Cabo de Santo Agostinho, nesta sexta-feira (25), o trabalho de limpeza também ocorreu, desde o começo da manhã, em praias como a de Itapuama por profissionais da prefeitura e por voluntários no início da manhã. Os militares chegaram por volta das 9h30.
“Não dá para ficar em casa a gente tem que se unir e limpar a praia. Moro aqui há 18 anos, meu filho é surfista profissional, e não posso deixar a praia desse jeito”, contou a voluntária Glauce, que vende alimentos no litoral.
Do domingo (20) até a quarta (23), o Cabo registrou uma média de 35 pessoas atendidas diariamente em uma estrutura montada no litoral. “As pessoas apresentaram dificuldade respiratória, dermatite de contato, ardência nos olhos e na garganta. Todos foram atendidos no local”, relatou a superintendente de Saúde do município, Juliana Vieira.
De acordo com o coordenador de Emergência em Saúde Pública da Secretaria Estadual de Saúde, George Dimech, os casos do Cabo já foram informados e devem ser formalmente notificados. “Cada caso é atendido nos municípios. Depois, as cidades comunicam à Secretaria Estadual”, afirmou.
Em São José da Coroa Grande e em Ipojuca, outras 19 pessoas socorridas com sintomas de intoxicação devem ser acompanhadas pela Secretaria Estadual de Saúde, segundo boletim divulgado na quina (24).
Balanço
Desde o dia 17 de outubro até esta sexta (25), dez municípios pernambucanos tiveram praias manchadas pelo óleo. Até a quinta (24), foram 1.358 toneladas de resíduo retiradas do estado, segundo balanço divulgado pelo governo. Confira quais os municípios tiveram praias atingidas:
São José da Coroa Grande
Barreiros
Tamandaré
Sirinhaém
Rio Formoso
Ipojuca
Cabo de Santo Agostinho
Jaboatão dos Guararapes
Paulista
Itamaracá
Análises e pesquisas
O petróleo cru, substância que foi encontrada nas praias do Nordeste, é o óleo bruto, produzido diretamente no reservatório geológico e posteriormente escoado para uma refinaria. Ele precisa ser processado para dar origem a subprodutos comerciais como gasolina, querosene, óleo diesel e lubrificantes.
Depois da coleta da água das praias atingidas pelo óleo no litoral pernambucano, a Agência Estadual do Meio Ambiente deve divulgar resultados em novembro. “Os resultados do benzeno e dos hidrocarbonetos serão entregues em 15 dias na parceria que a CPRH fez com a UFPE”, disse o diretor de Controle de Fontes Poluidoras da CPRH, Eduardo Elvino.
Em Tamandaré e em Ipojuca, mergulhadores buscaram fazer um “pente-fino” para retirar resquícios de óleo do fundo do mar e também avaliam o impacto do desastre para os recifes de corais nas áreas de proteção ambiental. Os estudiosos buscam entender como o óleo vai afetar as espécies a curto e longo prazos.
Ações do governo
Na terça (22), o Exército recebeu autorização para atuar na limpeza das praias do Nordeste. No mesmo dia, o ministro da Defesa, general Fernando Azevedo e Silva, afirmou, durante visita a Pernambuco, que “não julgava ser necessário” deslocar a mão de obra militar para fazer o recolhimento do material.
Antes de Azevedo, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, também esteve no estado e afirmou que o momento de aprofundar as causas do acidente com óleo no Nordeste seria ‘lá na frente’. Na quinta (24), em Sergipe, Salles afirmou que a ONG Greenpeace ‘tem que se explicar por ter um navio perto do litoral quando as manchas de óleo surgiram.