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Padre Robson recebe apoio de fiéis nas redes sociais após Justiça trancar ação por suspeitas de desvios na Afipe

No perfil do religioso em uma rede social, seguidores parabenizam o padre, dizem acreditar em sua inocência e pedem que ele volte a ministrar celebrações, atividade da qual está suspenso.

Padre Robson recebe apoio de fiéis nas redes sociais após Justiça trancar ação por suspeitas de desvios na Afipe

Padre Robson recebeu apoio de diversos fiéis após Justiça trancar ação — Foto:Afipe/Divulgação

O perfil do padre Robson nas redes sociais foi inundado por uma série de comentários de fiéis comemorando a decisão da Justiça de trancar a ação contra ele por suspeita de desvios de dinheiro da Associação Filhos do Pai Eterno (Afipe). A grande maioria parabenizou o pároco, disse acreditar em sua inocência e pediu que ele “volte logo” a realizar celebrações — o religioso está suspenso temporariamente da atividade.

O trancamento paralisa o andamento de uma ação penal e pode ser determinado quando a Justiça entende que não houve o crime que é alvo da investigação. O MP pode recorrer para instâncias superiores, mas se a decisão do trancamento for mantida até o trânsito em julgado — quando não há mais recurso — a ação é arquivada automaticamente. Se não, o processo segue seu curso. Enquanto o trancamento estiver vigente, o alvo não pode ser investigado pelo crime a ele imputado.

As mensagens para o padre começaram a ser enviadas ainda na tarde de terça-feira (6), logo após a decisão da 1ª Câmara Criminal de Goiânia.

Os fiéis comentaram na última postagem feita pelo padre em seu perfil, com o “Evangelho do Dia”, ainda em 23 de agosto, dois dias depois da deflagração da Operação Vendilhões, que investiga supostos desvios de R$ 120 milhões de doações de fiéis feitos pelo sacerdote para aquisição de bens como fazendas, casa na praia e até um avião.

À época, Padre Robson pediu afastamento de suas funções do Santuário Basílica do Divino Pai Eterno e da Associação Filhos do Pai Eterno por causa da investigação. Ele também teve o direito de realizar celebrações temporariamente pela Arquidiocese de Goiânia no dia 23 de agosto sob o argumento de “tutelar os fiéis e garantir a imparcialidade das investigações”.

Um dos seguidores parabenizou o padre e ironizou quem fez críticas a ele por conta da operação que o investigou.

“Parabéns Padre. Sempre acreditei na sua inocência. Voltemos! Mãos à obra no seu ministério. Ps: Estou esperando a retratação dos comentários que o acusaram para ‘lacrar'”, escreveu.

Uma fiel disse que “chorou de alegria” e outra afirmou que estava muito feliz. “Sempre acreditei na sua inocência”, disse a segunda.

O G1 contatou a Arquidiocese de Goiânia, por e-mail enviado às 6h37 desta quarta-feira (7), questionando se, em virtude do trancamento da ação, há uma previsão de quando o padre pode voltar a celebrar cerimônias. Não houve retorno até a última atualização desta reportagem.

Padre Robson recebe apoio de fiéis nas redes sociais após Justiça trancar ação por suspeitas de desvios — Foto: Reprodução/Instagram

Ação suspensa

A decisão que concedeu o habeas corpus foi tomada durante sessão remota da 1ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de Goiás, em Goiânia. Na prática, a decisão suspende a tramitação do processo contra o sacerdote.

O voto do relator, desembargador Nicomedes Domingos Borges, foi acompanhado em unanimidade pelos outros quatro magistrados. Padre Robson era investigado por organização criminosa, lavagem de capitais e apropriação indébita.

O Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO) informou, logo após a decisão, que aguarda ser notificado para tomar as medidas cabíveis.

Entre os bens adquiridos pela Afipe, está uma casa na praia no valor de R$ 3 milhões — Foto: Reprodução/Fantástico

Em nota, a Afipe, que foi fundada por padre Robson e era presidida por ele, informou que seguirá seu trabalho de “auditoria, reforma administrativa, implantação de governança e demais ações que estão em andamento” na instituição. A associação informou ainda que os devotos têm confiança “na transparência que a atual gestão defende e trabalha”.

Em nota, a defesa de padre Robson informou que, com a decisão, “fica reconhecido que não houve qualquer ilicitude praticada pelo religioso, que sempre se dispôs a esclarecer toda e qualquer dúvida sobre a sua atuação na Afipe ou em qualquer outro âmbito de evangelização”.

Debates

O advogado do padre, Pedro Paulo de Medeiros, defendeu o trancamento baseado, essencialmente, em dois argumentos: a atipicidade da conduta, alegando que não havia crime a ser investigado, e existência de provas ilícitas, obtidas no âmbito de um caso no qual o padre foi vítima de extorsão de dinheiro. Foi a análise delas que deu origem à investigação.

O procurador de Justiça Abrão Amisy Neto, que representou o MP, negou que as provas obtidas são ilícitas e que elas não têm “a menor relevância no caso”.

Em seu despacho, o desembargador reconheceu as provas como legais, mas constatou que, de fato, eram consideradas atípicas, ou sejam, não eram crimes, destacando que a Afipe “é regida por um estatuto próprio, que permite que ela faça os mais variados tipos de investimento”.

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