A rebelião no Centro de Atendimento Socioeducativo ao Adolescente (Casa) de Araraquara, em São Paulo, antiga Fundação Estadual do Bem-Estar do Menor (Febem), já dura 11 horas. O motim começou ontem à noite, às 21h30. Inicialmente, três pessoas haviam sido feitas reféns. No entanto, um interno já foi libertado. Continuam em poder dos adolescentes um interno e o agente de segurança de pátio Nilton Retondo.
A Polícia Militar voltou a negociar com os internos nesta manhã, mas esta negociação não evolui. Os menores não demonstram intenção de se render e não estariam fazendo reivindicações coerentes. Boa parte da unidade está quebrada e há dois focos de incêndio na unidade. No entanto, a polícia, incluindo os Bombeiros, não tem ordens do Comando Geral da PM para invadir o local.
Às 6h30, cerca de 35 internos estavam em cima do telhado da instituição exibindo o funcionário para a imprensa. Ele estava sendo imobilizado e tinha uma faca pressionando seu pescoço. Os jovens ainda cantavam versos irônicos em relação à PM. Eles montaram barricadas com mesas e cadeiras no telhado do prédio. Duas horas mais tarde, o número de rebelados em cima do telhado havia aumentado para 40.
De acordo com a PM, eles estão sendo liderados por um interno que se identifica no rádio para negociar com o codinome "Bi". A situação deve ficar mais tensa porque hoje é dia de visita na Casa de Araraquara – o que, em princípio, não deverá ocorrer.
Os jovens, que têm entre 16 e 17 anos, estão armados com barras de ferro retiradas da academia de ginástica da Casa e com facas da cozinha, que foi arrombada. Os armamentos foram vistos por João Luís Esteves, Lizânia Marquezi e Tatiana Reina, três conselheiros tutelares que entraram no local com a PM. Eles exigem a visita de familiares.
Os policiais permitiram a entrada da mãe e da mulher de um dos internos na casa, cujo nome não foi revelado pela família. Joice Priscila Ramos Paulino está grávida de 7 meses. Ela e a mãe do rapaz, que tem 17 anos e está há seis meses na instituição, disseram não entender o motivo da rebelião, já que consideravam a situação "normal". Elizete Tomazini afirmou apenas temer pela vida de seu filho dentro do centro de atendimento, caso a polícia resolva invadir pela manhã.
Ambas saíram da Casa às 2h30, em um último esforço de tentar conter pacificamente o motim durante a madrugada.
A rebelião teria começado com uma briga entre internos que se generalizou. A diretora da instituição, Eliete Nogueira, recusa-se a falar com a imprensa desde o início da rebelião.
A Casa de Araraquara tem capacidade para 72 internos, entre os permanentes e os provisórios. Atualmente, ela abriga 62 adolescentes. Os jovens amotinados têm, em sua maioria, entre 16 e 17 anos e são classificados como primários graves (teriam cometido crimes como roubo, tráfico ou homicídio).
A instituição é considerada modelo em São Paulo, sendo equipada com oficinas profissionalizantes em que os internos aprendem a consertar motos e bicicletas. A eles também é ensinado os ofícios de eletricista e encanador.
Redação Terra