
Funcionários do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj) interditaram nesta terça-feira (10) as duas pistas da Ponte Rio-Niterói.
De acordo com a Secretaria Estadual de Transportes, 300 trabalhadores participam da manifestação. Já de acordo com a CCR-Ponte, 150 manifestantes participam do protesto. Eles dizem que não recebem salários há três meses.
Ainda segundo a concessionária, a pista sentido Rio foi interditada na altura do vão central por volta das 11h30. Agentes da Polícia Rodoviária Federal acompanham a manifestação. Os motoristas encontram trânsito confuso nos dois sentidos.
De acordo com o Centro de Operações Rio, a pista sentido Niterói foi fechada às 12h48. A concessionária CCR Ponte colocou em ação um plano de emergência. Veículos que chegam da BR-101 encontram o início da Ponte Rio-Niterói fechado, para evitar que fiquem presos no congestionamento.
Após 1h30 de fechamento, a Polícia Rodoviária Federal afirmou à TV Globo que a dispersão no local é difícil e que está evitando situação de tumulto entre manifestantes e motoristas. Os policiais seguem tentando uma negociação pacífica. Seis ônibus da PRF foram levados ao local para a retirada dos manifestantes.

protestar na Ponte Rio-Niterói.
(Foto: Reprodução/ TV Globo)
Transporte por barcas reforçado
A Secretaria Estadual de Transportes determinou o reforço imediato no serviço de barcas para atender à população prejudicada pelo protesto. A medida será mantida até a liberação do fluxo de veículos na ponte.
Uma hora e meia após o começo da manifestação, a CCR Barcas já registra aumento de 20% na demanda na travessia Rio-Niterói. Por enquanto, a operação segue normal, com intervalos de 20 minutos na linha Rio-Niterói.
O Centro de Operações Rio pede que os motoristas evitem acessar o Centro do Rio, pois já são sentidos reflexos do engarrafamento causado pela manifestação nas principais vias da região.
Também há lentidão na Avenida Brasil, nas pistas sentido Centro, até a altura de Manguinhos. Os motoristas também enfrentam movimento lento na Via Binário, sentido Avenida Brasil, desde a Cidade do Samba. Ainda há problemas em toda a extensão da Avenida Francisco Bicalho, pista sentido Avenida Brasil.

Manifestantes querem receber atrasados
Este á mais um dia de protestos dos funcionários terceirizados do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), que afirmam não receber salários há três meses.
No dia 22 de janeiro, os trabalhadores realizaram uma manifestação em frente ao prédio da Petrobras, no Centro do Rio. Os funcionários reivindicavam o pagamento dos direitos trabalhistas, tanto dos efetivos quanto dos recentemente demitidos, e uma definição por parte da empresa sobre a continuidade do trabalho no complexo, que foi interrompido.
No dia 15, houve um grande protesto contra o atraso nos pagamentos em Itaboraí. De acordo com o Sindicato dos Trabalhadores Empregados nas Empresas de Montagem e Manutenção de Itaboraí (Sintramon), manifestação também foi os atrasos no pagamento do vale alimentação, plano de saúde e de outros benefícios.
Segundo o sindicato, cerca de 2,5 mil pessoas estão com os salários atrasados, sendo que 127 não recebem desde novembro de 2014. Desde o início dos protestos, na quinta-feira (8), os acessos às obras são bloqueados provocando a paralisação das atividades.
O Sintramon entrou na Justiça do Trabalho de Itaboraí com uma medida cautelar para garantir o pagamento dos trabalhadores. A empresa pagou apenas duas das três parcelas do que havia acertado no Ministério Público do Trabalho para a quitação das verbas rescisórias de cerca de 200 demitidos.
Lava Jato
Segundo reportagem do Jornal Nacional, relatórios internos da Petrobras revelam indícios de que os ex-diretores Paulo Roberto Costa e Renato Duque interferiam na escolha das empresas que iriam participar da construção do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj) e tomaram decisões que aumentaram os custos da construção da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco.
A comissão interna de apuração da Petrobras que analisou a construção do Comperj estudou 30 licitações e ouviu 71 pessoas. A comissão constatou que mais da metade desses contratos ficou com as empresas investigadas na Operação Lava Jato. De acordo com depoimentos de funcionários da Petrobras, os ex-diretores Paulo Roberto Costa e Renato Duque acompanhavam passo a passo as licitações.
Audiência MPT
O Ministério Público do Trabalho em Niterói, na Região Metropolitana do Rio, vai ajuizar duas ações civis públicas na Justiça Trabalhista contra a Alumini Engenharia, empresa contratada pela Petrobras, para garantir o direito de operários que trabalharam na construção do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj). A decisão, tomada em audiência realizada na quarta-feira (14/1), contou com a participação de representantes da Petrobras e dos sindicatos patronal e dos trabalhadores.
Entre os presentes, também estavam membros dos Sindicatos dos Trabalhadores do Plano da Construção Civil Pesada e do Mobiliário de São Gonçalo e Região (Sinticom), dos Trabalhadores Empregados em Empresas de Montagem e Manutenção Industrial no Município de Itaboraí (Sintramon) e das Empresas de Engenharia de Montagem e Manutenção Industrial (Sindemon).
As ações vão requerer na Justiça o pagamento dos salários atrasados do mês de dezembro a cerca de 2.500 empregados, assim como a garantia de que eles não sejam demitidos sem receber as verbas rescisórias. Além disso, o MPT-RJ vai pedir, em ambas as ações, o pagamento de dano moral coletivo pelos prejuízos causados à sociedade como um todo.
A decisão de entrar com as ações na Justiça aconteceu devido a impossibilidade de acordo, já que os representantes da Alumini não compareceram à audiência. A empresa comunicou, na terça (13/1), ao MPT sua ausência na audiência, porque não poderia propor novo acordo. Devido ao bloqueio das verbas da Alumini, por conta de uma ação movida por trabalhadores da empresa que atuam na Refinaria Abreu e Lima.
Segundo a Alumini, esse bloqueio deixou a empresa impossibilitada de pagar os salários de dezembro aos trabalhadores ativos, assim como, de cumprir a terceira parcela de acordo firmado no dia 11 de dezembro com o MPT-RJ e os sindicatos para o pagamento das rescisões e férias a 469 empregados dispensados.
De acordo com o MPT, os ex-empregados que participaram da audiência informaram que também não receberam passagens terrestres ou aéreas para retornarem as suas cidades, conforme estava previsto no acordo inicial, e que estão sendo despejados de seus alojamentos.