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Queiroga se irrita com pergunta sobre compra da Covaxin: ‘Eu falei em que idioma?’

Contrato prevê doses por US$ 15, mas governo ainda não recebeu carga nem fez pagamentos; MPF e CPI investigam. Questionado, ministro foi irônico e encerrou entrevista.

Queiroga se irrita com pergunta sobre compra da Covaxin: 'Eu falei em que idioma?'

Marcelo Queiroga foi questionado sobre essa diferença de preços, mas se irritou – e acabou não respondendo se a compra será mantida em meio às investigações. — Foto:Reprodução

O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, se irritou e encerrou uma entrevista nesta quarta-feira (23) após ser questionado por jornalistas sobre o contrato do governo federal para a compra da vacina indiana Covaxin.

O Ministério Público Federal em Brasília investiga contrato do Ministério da Saúde com a Precisa Medicamentos para a compra do imunizante. Esta foi a única compra de doses contra Covid pelo governo federal realizada com intermediário privado e sem vínculo com a indústria de vacinas .

A negociação também está em análise por senadores da CPI da Covid. Pelo contrato assinado em fevereiro, as primeiras doses da Covaxin chegariam ao Brasil em maio, 70 dias após o fechamento da compra. Até agora, nenhum frasco foi entregue.

As doses foram negociadas ao preço unitário de US$ 15 – 50% acima dos US$ 10 pagos por cada dose da vacina da Pfizer, por exemplo. Como as remessas não chegaram, o Ministério da Saúde ainda não fez nenhum pagamento nesse contrato. A Covaxin ainda não tem registro definitivo na Anvisa.

Marcelo Queiroga foi questionado sobre essa diferença de preços, mas se irritou – e acabou não respondendo se a compra será mantida em meio às investigações.

“Todas as vacinas que têm registro definitivo da Anvisa ou emergencial o ministério considera para aquisições. Então, esperamos esse tipo de posicionamento para tomar uma posição acerca, não só dessa vacina, mas de qualquer outra vacina que obtenha registro emergencial ou definitivo da Anvisa. Porque nós já temos, hoje, um número de doses de vacina contratadas acima de 630 milhões e o governo federal tem feito a campanha de vacinação acelerar”, declarou.

“Os senhores vão comprar a Covaxin com esse preço que está sendo questionado?”, perguntou um jornalista.

“Eu falei em que idioma? Eu falei em português. Então não foi comprada uma dose sequer da vacina Covaxin, nem da Sputnik”, retrucou Queiroga.

Jornalistas que acompanhavam a entrevista insistiram, e explicaram que a pergunta era sobre pagamentos futuros – relativos ao contrato já firmado.

“Futuro é futuro”, disse o ministro, encerrando a entrevista sem responder novas perguntas.

Contrato rápido e caro

Um levantamento do Tribunal de Contas da União (TCU) enviado à CPI da Covid no Senado registra que o acordo para a compra da Covaxin foi o que teve desfecho mais rápido.

Enquanto o governo levou 330 dias para assinar o contrato com a Pfizer, depois de recusar cinco ofertas do laboratório, o negócio com a Covaxin foi acertado em 97 dias.

Diferentemente do tratamento dado à Pfizer e à CoronaVac – quando o Ministério da Saúde só aceitou fechar a compra depois que a Anvisa deu o aval para o uso emergencial das vacinas –, a compra da Covaxin foi acertada antes do aval da agência reguladora.

Quando as 20 milhões de doses foram contratadas, a Anvisa tinha ainda emitido alerta sobre a falta de certificado de boas práticas de fabricação da vacina.

O sócio da empresa, Francisco Emerson Maximiano, foi o responsável pela ponte entre o governo federal e o laboratório que produz a vacina na Índia. O depoimento de Maximiano estava previsto para esta quarta-feira (23), mas foi adiado para a próxima semana após ele informar que está cumprindo quarentena sanitária.

A CPI da Covid aprovou nesta quarta-feira a convocação e a quebra do sigilo fiscal, bancário, telefônico e telemático do tenente-coronel Alex Lial Marinho, ex-coordenador-geral de Aquisições de Insumos Estratégicos para Saúde do Ministério da Saúde.

Em depoimento ao Ministério Público Federal (MPF), o ex-coordenador de Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde, Luis Ricardo Fernandes Miranda, disse que recebeu uma “pressão atípica” por parte de superiores de dentro da Saúde, entre eles o tenente-coronel, para a compra da Covaxin.

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