Cerca de 6,8 milhões de testes para diagnóstico do Coronavírus podem ser jogados fora devido ao fim da validade. Os testes foram comprados pelo Ministério da Saúde e perde a validade entre dezembro e janeiro de 2021.
De acordo com reportagem do jornal O Estado de São Paulo, os exames do tipo RT-PCR, estão estocados num armazém do governo federal em Guarulhos e, até hoje, não foram distribuídos para a rede pública. A coleta é feita por meio de um cotonete aplicado na região da garganta logo atrás do nariz e da boca do paciente.
O Sistema Único de Saúde (SUS) aplicou cinco milhões de testes deste tipo. Com isso, o país pode acabar descartando mais exames do que já realizou até agora.
Foram investidos R$ 764,5 milhões em testes e as unidades para vencer custaram R$ 290 milhões, sendo o lote encalhado com validade de oito meses. Na rede privada, o exame custa de R$ 290 a R$ 400.
As evidências de falhas de planejamento e logística no setor ocorrem num período de aumento dos casos no país. O Ministério já pediu ao fabricante análise para prorrogar a validade dos produtos. O resultado da análise deve sair na próxima semana, diz a pasta. Questionado sobre o que fará para entregar os testes antes de vencer a validade, o ministério apenas declarou que distribui os exames a partir de demandas dos Estados.
A pasta comandada pelo general Eduardo Pazuello diz que só entrega os testes quando há pedidos dos Estados. Ainda ressalta que nem sequer as 8 milhões de unidades já repassadas foram totalmente consumidas.
Por outro lado, secretários estaduais e municipais de Saúde dizem que não usaram todos os testes, porque receberam kits incompletos para o diagnóstico, com número reduzido de reagentes usados na extração do RNA, tubos de laboratório e cotonetes de coletar amostras. Também veem dificuldade para processar amostras. Isso prejudica o repasse dos produtos, pois as prefeituras, em especial, não têm como armazenar grandes quantidades.
Além de escassos, os testes RT-PCR foram distribuídos pelo Ministério da Saúde sob critérios pouco objetivos. O Paraná foi o terceiro Estado que mais recebeu os produtos. A Bahia está em sexto lugar, mesmo com população superior e mais casos e mortes pela covid-19.
O Brasil ainda enviou 130 mil exames ao Paraguai e ao Peru, número praticamente igual ao entregue ao Amazonas, estado que viveu uma tragédia no começo da pandemia. Outros oito Estados receberam menos testes do ministério do que os países vizinhos.