Pouco menos de dois anos depois de sua apresentação, na última edição do Salão do Automóvel (2004), o C3 XTR chega ao mercado. O modelo já pode ser encontrado na rede de concessionários Citroën por R$ 48.900, preço promocional que vale por quatro meses. Depois deste período, a montadora começa a pedir R$ 51,4 mil pelo carro. O veículo é a versão com apelo fora de estrada do compacto da marca francesa.
Entretanto, diferente do já fora de linha Chevrolet Celta Off-Road e do Ford Fiesta Trail, que eram vendidos como kits de personalização, o C3 XTR vem de fábrica com itens que garantem sua cara de aventureiro. O presidente da Citroën do Brasil, Sérgio Habib, afirma que a aptidão do carro é estritamente urbana. Não há pretensão de submetê-lo ao uso fora de estrada. A idéia é incorporar mais esportividade ao hatch e aumentar seu apelo diante dos jovens.
E não poderia mesmo existir pretensão de uso “off-road”, já que, na parte mecânica, nada mudou. O motor é o mesmo 1.6 16V do restante da linha C3. A suspensão, ao contrário do que aconteceu com o Volkswagen Crossfox, não sofreu alteração nem mesmo na distância do solo. “Temos 165 milímetros, e resolvemos manter a medida para não comprometer a estabilidade do C3”, afirma Sérgio Habib.
O que diferencia a versão XTR do restante da linha é o estilo, além de alguns itens internos, como bancos revestidos de couro exclusivo. O ponto forte do carro é a lista de itens de série, que traz equipamentos básicos de conforto e segurança. A avaliação do C3 XTR, realizada na Marginal Pinheiros, em São Paulo (SP), deixou claro que quem deseja melhor desempenho vai ficar decepcionado. Ficou tudo na mesma. Todavia, aprimorar aceleração e retomadas do carro não era intenção da Citroën.
ESTILO
O C3 XTR pode ser facilmente identificado nas ruas, já que traz algumas características peculiares, uma espécie de maquiagem “off-road”. Na dianteira, pára-choque e grade do radiador são pretos, enquanto o farol de neblina ganhou contorno prata. A lateral é a parte que traz mais detalhes exclusivos, como logo “XTR”, cobertura preta nos pára-lamas e parte inferior das portas, assim como as rodas de 15 polegadas, exclusivas da versão. Os pneus são de uso “on-road”.
Além disso, o carro conta com barras longitudinais no teto e pára-choque preto na traseira. Diz a Citroën que, no interior, o revestimento de couro nos bancos – item de série – é exclusivo. Na parte superior dos assentos está, mais uma vez, o logotipo XTR. O modelo vem de fábrica bem equipado: os freios, a disco nas quatro rodas, contam com sistema antitravamento ABS, com função EBD. No quesito segurança, a montadora oferece também airbags.
Engrossam a lista de itens de série trio elétrico (direção, vidro e travas), ar-condicionado, ajuste de altura do banco do motorista, entre outros. Apenas três cores estão disponíveis para o acabamento exterior: Gris Aluminium (prata), Noir Onix (Preto) e Rouge (vermelho). O dourado presente no protótipo mostrado no Salão do Automóvel não será oferecido.
DESEMPENHO
Para o motorista, conduzir a versão XTR é a mesma coisa que dirigir qualquer outro C3 equipado com motor 1.6. Segundo a própria Citroën, o desempenho é exatamente o mesmo do restante da linha. O propulsor bicombustível rende, com 100% de álcool, 113 cavalos e 15,8 kgfm a 4.000 rpm. Nestas condições, o modelo acelera de 0 a 100 km/h em 9,6 segundos e atinge velocidade máxima de 198 km/h.
Utilizando apenas gasolina, o motor gera 110 cavalos e 14,5 kgfm a 4.000 rpm. O desempenho não é muito diferente do álcool: 0 a 100 km/h em 9,8 segundos e velocidade máxima de 196 km/h. O trecho de avaliação do C3 XTR foi curto, cerca de 10 km na avenida das Nações Unidas, a Marginal Pinheiros, na capital paulista. Apesar das mudanças estéticas, nada muda na condução do carro.
A versão XTR mantém as boas aptidões encontradas no C3, das quais as principais são posição de dirigir alta e estabilidade. Estes pontos foram, segundo Sérgio Habib, a principal razão para não se elevar a suspensão do carro. De acordo com o presidente da montadora francesa, o nosso C3 já é mais alto do que o modelo convencional europeu. No Velho Continente, a versão XTR tem maior vão livre do solo.
MERCADO
O preço promocional do C3 XTR é pouco mais de R$ 1 mil superior ao da versão topo de linha do modelo, a Exclusive. No site da Citroën, esta opção é oferecida por R$ 47.390. Segundo Sérgio Habib, a expectativa é que, com a chegada do XTR, as vendas da linha aumentem de 1.800 para 2.100 unidades. Entretanto, a projeção para o modelo com apelo aventureiro é pouco superior: 400 a 500 unidades por mês. Habib explica: “O C3 XTR deve canibalizar algumas unidades das versões GLX e Exclusive, ambas com motor 1.6”. Entretanto, o executivo não acredita que o modelo possa afetar as vendas do 1.4, entrada da linha.
O carro da Citroën tem como principal concorrente o VW Crossfox, mais barato (com preço sugerido de R$ 43.602), porém menos equipado, com vendas de cerca de 1.500 unidades por mês. O C3 XTR é produzido na fábrica da PSA Peugeot Citroën em Porto Real (RJ); seu desenvolvimento consumiu investimento de R$ 10 milhões.