
A Ford finalmente divulgou os preços do New Fiesta nacionalizado, uma das grandes apostas da marca para ampliar a presença entre os compactos acima de 1.0 l. Antes importado do México, o modelo teve algumas mudanças e ganhou motor de 1.5 l na versão de entrada, que custa a partir de R$ 38.990, com airbag duplo e freios ABS com EBD entre os itens de série. O Brasil é o oitavo país a produzir essa versão do New Fiesta, que é o terceiro produto global a ser oferecido no Brasil, depois do EcoSport e do novo Fusion (este último importado).
A fabricante não divulga quais são as expectativas de vendas, mas de acordo com o gerente de marketing do projeto, André Leite, o New Fiesta hatch tem a responsabilidade de ser líder do segmento. Em uma conta rápida, as versões de entrada vão encarar de frente Hyundai HB20 (1.6 l), Chevrolet Onix (1.4 l) e Volkswagen Fox (1.6 l), que ficaram entre 5,3 mil e 5,7 mil unidades emplacadas em média nos três primeiros meses do ano. Além dos atuais líderes, o hatch também terá pela frente Novo Gol, Fiat Palio, Renault Sandero, Toyota Etios e Nissan March.
No modelo “topo de linha”, com motor 1.6 l e câmbio PowerShift, ele não sairá por menos de R$ 54.990, ampliando a gama de concorrentes para incluir Honda Fit, Peugeot 208, Citroën C3, Volkswagen Polo, Chevrolet Sonic e Fiat Punto. Ou seja, o modelo da Ford deverá ficar perto de 6 mil unidades por mês para concretizar a meta, dentro de um segmento que cresce em fatia no mercado à medida que o brasileiro vai abandonando os carros “pelados”.
Em busca desse consumidor que quer mais itens de conforto e segurança, o New Fiesta S (maís básico) vem com ar-condicionado, direção elétrica, airbag duplo, freios ABS com EBD (sistema que distribui a força de frenagem), rádio com USB/MP3/Bluetooth, além de vidros, espelhos e travas elétricas. As rodas são de aro 15 polegas com calota integral, e o exterior se diferencia também na falta de pintura dos retrovisores e detalhes da grade frontal. Produzido em Taubatá (SP), o motor 1.5 l de 16V gera até 111 cavalos de potência.
Por mais R$ 3.500, o New Fiesta passa para a versão SE, com o mesmo motor, mas ganha rodas de liga leve de 15 polegadas, luz de neblina e acabamento interno diferente. O propulsor mais potente (1.6 l de 130 cv) equipa as versões SE (R$ 45.490) e Titanium (R$ 51.490). Esta última é a única a oferecer de série sete airbags, rodas de alumínio de 16 polegadas, bancos e volante em couro. A partir da versão SE 1.6, o cliente pode ter a transmissão automática por mais R$ 3.500.
Para evitar a falta de abastecimento, que afetou as vendas da EcoSport no final de 2012, A Ford começou a produzir o New Fiesta em março, na fábrica de São Bernardo do Campo (SP). De acordo com André Leite, desta vez a Ford está mais preparada para a demanda, mas há garantias de pronta entrega se superar as expectativas. O compacto nacionalizado começa a ser faturado no final deste mês e será distribuído aos concessionários em maio, com seis opções de cores (duas sólidas).
Teste
Rodamos com o New Fiesta Titanium equipado com transmissão PowerShift, em um trecho curto de estrada em Itupeva, interior de São Paulo. Em relação ao modelo importado até então, a versão nacional teve ajustes no motor 1.6 l de 16V, que ganhou 15 cavalos a mais de potência. Segundo o gerente do projeto, Rafael Marzo, a principal mudança para o aumento de rendimento foi o uso de válvulas com duplo comando variável, que controlam de forma inteligente o acionamento das válvulas de admissão e escape.
O modelo conta também com sistema de partida a frio, que aquece o combustível antes de acionar o motor, se abastecido com etanol. O item exige um pouco mais de atenção ao ligar o carro em temperaturas abaixo de 20ºC. Nestas condições, o sistema entra em ação quando o motorista abre as portas do carro. Ao girar a chave para a primeira posição (sem dar partida), uma luz no painel indicará que o combustível está sendo aquecido. Depois de apagada, basta pisar na embreagem (ou no freio, com a PowerShift) e completar o giro na chave para ter um melhor rendimento do motor logo na saída.
O interior manteve o mesmo desenho do importado, mas o painel tem um plástico mais rígido e menos elegante. A Ford também decidiu excluir os faróis diurnos de LED que equipavam a versão mexicana, para oferecer luz de neblina. Por outro lado, a versão nacionalizada vem com piloto automático, sensor de estacionamento, sensores de chuva e crepuscular. Os bancos de couro são acolhedores e a posição de dirigir é confortável, com boa visibilidade frontal e pelos retrovisores.
O painel ganhou uma luz azul suave, e o sistema multimídia oferece comandos de voz em português, para discar um número de telefone (caso esteja pareado por Bluetooth) ou escolher uma música no celular, por exemplo. As mesagens de texto recebidas podem ser ouvidas pelos alto-falantes, mas não é possível ditar novas, apenas responder com frases “padrão” pré-estabelecidas.
Na estrada, a suspensão assimila bem as irregularidades, depois de passar por um acerto. O motor de 130 cv trabalha junto a transmissão PowerShift, de dupla embreagem e seis velocidades, o que permite uma troca rápida de marchas sem perder potência. Mesmo ao pisar fundo, não há fortes solavancos, como em câmbios automatizados, e a resposta é rápida. De acordo com a fabricante, o carro atinge 100 km/h em 12s3 e tem velocidade máxima de 190 km/h.
No modo Drive, a PowerShift trabalha sempre em giros baixos, o que diminui o ruído do motor e ainda economiza combustível. A dupla recebeu nota A do Inmetro em sua categoria, com consumo médio na cidade de 11,4 km/l (gasolina) e 7,9 km/l (álcool). Na estrada, o Inmetro mediu 9,9 km/l (álcool) e 13,9 km/l (gasolina). A eficiência energética também é influenciada por sistemas inteligentes que não retiram energia do motor caso não seja necessário – exemplo disso é um chip na bateria que aciona o alternador apenas quando a carga cai.
Também é possível mudar as marchas por meio de um seletor na lateral da manopla de câmbio, mas ali ele fica “esquecido” e não é muito prático – melhor mesmo é confiar nas transmissão automática. Segundo a Ford, não há previsão para oferecer no New Fiesta troca de marchas por meio de borboletas no volante, como já existe nas versões Titanium do novo Fusion.
Com a ampliação na gama e nos preços, a Ford tenta “popularizar” o modelo, antes muito distante do segmento com maior volume de vendas por causa do preço. O equilíbrio entre equipamentos e custo cria mais uma boa opção para o consumidor que quer “subir um degrau” na escala de conforto, e o cliente já acostumado com os modelos “premium” ainda deve ficar satisfeito com a linha Titanium.
Ficha técnica
Ford New Fiesta Titanium AT – R$ 54.990
Motor: 1.6 l 16V Flex TiVCT
Potência: 125,4 cv (Gasolina)/129,8 cv (Etanol)
Transmissão: Powershift DPS6
Peso: 1.153 kg
Porta-malas: 281 l
Itens de série: sete airbags, freios com ABS e EBD, controle eletrônico de tração e estabilidade, assistente de saída em rampa, ar-condicionado digital, direção elétrica, piloto automático, sensor de estacionamento, sensores de chuva e crepuscular, vidros elétricos, alarme volumétrico, sistema multimídia Sync Microsoft com seis alto-falantes, Bluetooth, USB e MP3, bancos e volante em couro, rodas de alumínio de 16 polegadas