O cineasta dinamarquês Lars von Trier considera que seus comentários sobre Adolf Hitler foram uma “piada estúpida”. Depois de ter dito que “compreendia” o líder nazista durante uma entrevista coletiva em Cannes, nesta quarta-feira (18), o diretor foi declarado “persona non grana” pelo festival.
Trier lembrou também que viveu como judeu a maior parte dos seus 55 anos. “É o tipo de humor que faço quando falo com meus amigos, que me conhecem e sabem que não sou um nazista”, disse em entrevista publicada nesta sexta-feira (20) pelo jornal israelense “Ha’aretz”.
“Me desculpo profundamente por ter ofendido as pessoas. Não era minha intenção. Também ofendi os alemães quando em vez de dizer ‘alemão’, usei a palavra ‘nazista’, como se todo alemão fosse um nazista.”
O cineasta, cujo novo filme, “Melancolia”, foi selecionado para a mostra competitiva do festival, reconhece que o pedido de desculpas que tornou público não apaga o que fez.
“Para mim, pedir desculpas é algo muito estúpido, que não muda nada do que você disse. É algo muito americano falar uma coisa ofensiva e depois se desculpar.”
Para acabar com toda a suspeita de antissemitismo, o diretor lembrou que cresceu como judeu até que sua mãe revelou, no leito de morte, que seu verdadeiro pai era um alemão, e não judeu.
“Já que passei a maior parte da minha vida como judeu, ainda faço brincadeiras sobre judeus, que nós judeus somos permitidos fazer. Soaria mal se te dissesse que muitos de meus melhores amigos são judeus. Soa mal, como dizer que alguns de meus melhores amigos são gays. Portanto não direi.”
Von Trier acrescenta ainda que não é “contra a existência de Israel”, mas sim das políticas do atual governo do direitista Benjamin Netanyahu.