LONGA BRASILEIRO

Filme baseado em música de Chico Buarque será lançado hoje em Cannes

O cineasta Karim Aïnouz e a atriz Alessandra Negrini lançam nesta terça-feira (17), em Cannes, o longa-metragem "Abismo prateado".

Filme baseado em música de Chico Buarque será lançado hoje em Cannes

O cineasta Karim Aïnouz e a atriz Alessandra Negrini lançam nesta terça-feira (17), em Cannes, o longa-metragem “Abismo prateado”. O filme, que será exibido como parte da mostra paralela Quinzena dos Realizadores, é inspirado na canção “Olhos nos olhos”, de Chico Buarque.

Mais conhecida na voz de Maria Bethânia, a música é uma espécie de carta de amor escrita por uma mulher que foi abandonada pelo marido e especula como estaria quando eles se reencontrassem.

“A primeira coisa que a gente fez quando pegou essa canção para adaptar foi perguntar: quem é essa mulher? Como é a cara dela? Quantos anos ela tem?”, disse Aïnouz em entrevista ao G1. “Nem conhecia o Chico antes de fazer o filme. Porque ele é um cara tão impressionante, um cara que a gente tem tanta referência, que achei melhor ter uma relação mais espontânea. Se eu o encontrasse, a primeira coisa que eu ia perguntar seria para quem ele escreveu essa música, quando, onde. Pensei que seria mais respeitoso se eu tentasse imaginar a partir da música e não da autoria da música.”

Na versão do diretor, portanto, a personagem central é Violeta, uma dentista de Copacabana que leva uma vida aparentemente bem-sucedida até que o marido sai de viagem e deixa um recado em seu celular dizendo que não voltará mais.

“O cara que abandonou essa mulher não olhou nos olhos dela. Ele foi embora covardemente. Nossa vontade era a de traduzir a sensação de terror que é ser abandonado sem claquete”, contou o cineasta, que diz se identificar com a canção. “Tem algumas músicas que, quando você se separa, você sempre ouve no ‘repeat’. Uma é ‘Detalhes’, do Roberto Carlos, outra é ‘Olhos nos olhos’, do Chico Buarque. Quando ouço me lembro de alguma separação, mas não lembro de quem.”

Inspiração
Negrini, que interpreta a protagonista da história, também nega que tenha buscado inspiração em algum fato específico de sua vida para o trabalho. “O ator tem tudo dentro de si. Essa experiência nunca aconteceu comigo, mas a gente sabe a dor da falta de alguém. A gente aprende isso logo que é bebê, quando nasce, e depois quando fica sem o seio da mãe.”

E é justamente a universalidade da história que faz com que Aïnouz espere que “Abismo prateado” alcance um público ainda maior do que seu trabalhos anteriores, que incluem longas como “O céu de Sueli” e “Madame Satã”, também lançado no Festival de Cannes.

“‘Abismo’ é um filme sobre dois personagens que se separam, mas a pequenez disso é de uma grandiosidade humana incrível. Você vê que os próprios filmes do Woody Allen são sempre sobre isso”, lembra. “Para mim, foi um passo de liberdade, de não ter que falar do Brasil, da nação, da identidade nacional, mas do embate amoroso entre esses dois personagens”, completa.

Aïnouz, no entanto, relativiza o que se chama de “filme de mercado”, expressão geralmente usada para se referir a longas nacionais de público de alguns milhões de espectadores, como os das franquias “Se eu fosse você” e “Tropa de elite”. “Acredito que todo filme é de mercado. Acho que é sempre uma matemática entre o quanto custa um filme, o quanto de bilheteria ele faz e o quanto ele faz em home vídeo. Para o orçamento desse filme [cerca de R$ 3,5 milhões], acho que ele tem um potencial de mercado grande. E tem elementos para alcançar um público maior, que são: uma canção de um compositor famoso e multigeracional e uma atriz conhecida nacionalmente”, lista.

Cinema e volta à TV
Acostumada a transitar entre esses dois universos — o da televisão ou do cinema comercial e filmes mais autorais, como os de Julio Bressane —, Negrini admite que, de sua parte, também era grande a vontade de colaborar com Aïnouz. “O Karim é maravilhoso. Ele me chamou e eu aceitei de cara. Dos diretores mais jovens, acho que ele é o que eu mais gostava”, afirmou a atriz, que também deve estar nos cinemas ainda neste ano com o longa “Dois coelhos”, de Afonso Poyart. “Faço uma advogada corrupta, que tem síndrome do pânico. É um filme bem jovem, de ação, bem pop, com uma linguagem como se fosse de quadrinhos e videogame”, adiantou.

Afastada das novelas desde “Paraíso tropical” (2007), a atriz revelou que está com vontade de voltar à televisão, mas não deu detalhes ou nomes. “TV é diferente. É um ano da sua vida em que você fica ligada numa tomada 220 volts, só pensando naquela personagem. E o mundo inteiro se relaciona com você como se você fosse a personagem. É bem louco também, mas é um ano em que você fica sem vida pessoal. Por isso paro por dois ou três anos e depois volto com tudo. Televisão é um prazer.”

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