Cinema

‘Minha maior ilusão é continuar vivo’, diz Pedro Almodóvar no Festival de Veneza

Cineasta espanhol é uma das celebridades que aceitaram viajar ao evento apesar da pandemia, para apresentar o curta 'A voz humana', com Tilda Swinton.

'Minha maior ilusão é continuar vivo', diz Pedro Almodóvar no Festival de Veneza

Pedro Almodóvar posa para fotos no segundo dia do Festival de Veneza de 2020 — — Foto:Tiziana Fabi/AFP

“Minha maior ilusão é continuar vivo e fazendo cinema. E a minha terceira é estar aqui em Veneza”, confessou nesta quinta-feira (3) o cineasta espanhol Pedro Almodóvar. Ele é uma das celebridades que aceitaram viajar ao Festival de Veneza apesar da pandemia, para apresentar o curta “A voz humana”.

Filmado em inglês logo após o confinamento, o curta de 30 minutos é protagonizado pela atriz britânica Tilda Swinton, que ganhou o Leão de Ouro pela carreira nesta quarta-feira (2).

Repleto de cores e referências à sua cinematografia, com um texto brilhante que se inspira em uma obra de Jean Cocteau de 1929, o curta é um exemplo perfeito da arte de Almodóvar.

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“Esse tempo mostrou até que ponto dependemos da ficção e quão necessária é a cultura. E isso é bom”, disse à imprensa o diretor, que recebeu no ano passado o Leão de Ouro por sua carreira.

Uma mulher sozinha e abandonada

Aos 70 anos, o autor de “Mulheres à beira de um ataque de nervos” (1988) volta a abordar um de seus temas favoritos com seu estilo corrosivo e teatral usual, o de uma mulher abandonada por seu amor, com um cachorro e algumas malas.

“A situação daquela mulher abandonada, sozinha e à beira da loucura, junto com um cachorro com quem ela sofre, e muitas malas feitas, é uma situação dramática que sempre me estimulou”, explicou.

“Também vivi essa situação. Também esperei em vão”, confessou o diretor à imprensa.

Com uma estética surpreendente, o curta é antes de tudo uma peça teatral, mas que deve ser vista nas grandes telas.

Para contar o fim de um amor, sua dor, a raiva e a loucura que produz, Almodóvar usa um fone de ouvido sem fio para o monólogo e situa a mulher no século XXI.

“No original há muita submissão. Queria transformar em um ato de vingança”, confessou.

E não há vingança melhor do que sair às ruas, se sentir livre e começar de novo.

O cineasta, que defende a retomada do cinema após a crise gerada pela pandemia, defendeu com unhas e dentes a sétima arte.

“Ir ao cinema é uma aventura que funciona como uma catarse coletiva em que você pode rir, chorar ou ficar apavorado acompanhado. E também no escuro”, explica.

Como todo mundo, a experiência do confinamento o deixou tocado.

“De repente, descobrimos a casa como um local de reclusão. Nela podemos fazer de tudo: trabalhar, amar, comprar”, lamentou.

“Não gostaria que essa reclusão continuasse no tempo, proporia o cinema como solução. O cinema é o oposto disso. Ir ao cinema é começar uma aventura”, argumentou.

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Acompanhado por Tilda Swinton, entre as poucas estrelas presentes num Festival marcado pelo uso de máscaras e um pequeno público, Almódovar prometeu continuar a fazer filmes.

“Como o cinema não vai bem, temos que ir ao cinema. Vou começar a preparar um filme no mês que vem”, revelou.

O cineasta disse ainda que está preparando dois curtas: um faroeste e uma distopia sobre nada menos que um mundo sem cinemas.

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