Como colunista do ClickPB, as palavras do diretor-presidente do Hospital Padre Zé, padre Egídio de Carvalho Neto, na terça-feira passada (4), durante uma entrevista ao programa Arapuan Verdade, me tocaram profundamente. O drama dos idosos enfrentando a solidão em um momento de sua vida em que precisam de amor, cuidado e carinho é um tema que merece mais atenção.
O padre Egídio, ao abordar os desafios que a instituição enfrenta para manter a estrutura, desvelou uma realidade ainda mais dolorosa: o abandono familiar que aflige a maioria dos idosos sob seus cuidados.
Ele pintou uma imagem vívida, porém desoladora, de idosos esperando na porta, desejando ver um rosto familiar. A tristeza refletida nos olhos desses idosos é amenizada por chamadas telefônicas e vídeochamadas, uma tentativa de suprir a ausência quase total de visitas. Esse panorama nos faz questionar o tipo de sociedade que estamos construindo, uma em que os laços familiares parecem estar se desvanecendo.
Ao contar a história de um filho que vendeu tudo e viajou do Sertão para cuidar do pai idoso, o padre ressalta a força dos laços familiares ainda presentes nas áreas rurais. Contrasta essa experiência com a indiferença que observa na capital, onde os laços parecem enfraquecer.
No entanto, não podemos generalizar ou assumir que a urbanização é a única culpada pela diluição de laços familiares. Poderíamos perguntar, onde estão os programas de assistência governamental? Onde estão as políticas que promovem a convivência intergeracional?
A solução não é simples, mas precisamos começar por algum lugar. Políticas públicas voltadas para o apoio a idosos e suas famílias são cruciais, assim como a conscientização pública sobre o valor e a dignidade dos idosos em nossa sociedade. É necessário proporcionar oportunidades para os jovens interagirem com os idosos, para que possam aprender com suas experiências e sabedoria.
No final das contas, a solidão é uma espécie de doença social que afeta não apenas os idosos, mas todos nós. A visão do padre Egídio serve como um lembrete importante de que devemos cuidar dos nossos idosos com amor e respeito, e reavaliar a maneira como valorizamos os laços familiares.
Não há dúvida de que a situação que o padre descreveu é dolorosa, mas também pode ser um catalisador para uma mudança de atitude. Talvez seja a hora de repensarmos as estruturas que criamos e o tipo de sociedade em que queremos viver. Afinal, todos nós envelheceremos um dia, e os idosos de hoje são o espelho do que seremos no futuro.