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CONCEPÇÃO ERRADA

            Ultimamente tenho pensado muito sobre o que está acontecendo com a nossa cidade.  A beleza natural de João Pessoa […]

            Ultimamente tenho pensado muito sobre o que está acontecendo com a nossa cidade.  A beleza natural de João Pessoa tem perdido espaço para construções equivocadas e de extremo mau gosto fazendo com que a verticalização desordenada contribua para a perda definitiva da qualidade de vida de todos os seus habitantes. Edifícios de 40, 45, 50 andares estão sendo erguidos todos os dias contribuindo para o achatamento do trânsito e o esquentamento da cidade. O Poder Público por sua vez só pensa em fazer obras faraônicas, que deem visibilidade para justificar investimentos ou atrair votos para campanha. A essência da alma se perde nas palmeiras da Lagoa e nas flores dos flamboyants enquanto as mangueiras e jambeiros estão cada vez mais raros até nos nossos próprios quintais.

            Os avanços atribuídos à prefeitura nas duas últimas gestões têm sido a tônica nos discursos dos seus representantes, mas a meu ver esse tipo de gerenciamento é uma grande contradição e não condiz com a nossa realidade. Em minha opinião, governar bem é, sobretudo, confortabilizar a população através de políticas públicas nos serviços essenciais e prioritários das comunidades. Em João Pessoa isso está longe de acontecer! Segurança, saúde e educação, por exemplo, não passam nem perto das necessidades de nossa população.  Do que adianta ter belas construções de escolas se não temos professores e qualidade de ensino? Do que adianta termos um grande número de PSFs, todos reformados e pintados, se não existem médicos, atendimento qualificado e humanizado na saúde? Do que adianta reformar delegacias se continuamos a ser uma das cidades mais violentas do Brasil? Algum conceito deve estar invertido ou será que a maquiagem vale mais votos do que propriamente os serviços?

            Por causa disso estamos perdendo a cada dia qualidade de vida e transformando nossa paisagem na “mesmice” de qualquer metrópole. Se não conseguimos avançar nos serviços essenciais e básicos, poderíamos pelo menos preservar o que Deus nos deu naturalmente! É enorme o desmatamento desenfreado que está acontecendo em todo Altiplano Cabo Branco indo em direção ao litoral sul. É bom lembrar que ali estão os últimos resquícios de mata atlântica da Paraíba e mesmo assim os tratores, machados e escavadeiras não param de trabalhar.  Já não somos a cidade mais verde do Brasil e se não cuidarmos perderemos o título de Extremo Oriental das Américas, “o lugar onde o sol nasce primeiro”. Basta o mar avançar alguns metros e Natal ficará com o título. A Praça de Iemanjá, por exemplo, já desapareceu! O que fizeram concretamente para barrar o avanço do mar e preservar a nossa barreira? Há tempos que escutamos uma infinidade de promessas em relação a esse projeto e até agora nada aconteceu.  Já a “Estação Ciência” e os belíssimos traços de Oscar Niemayer engoliram literalmente o parque ecológico criado pelo famoso e também mundialmente conhecido paisagista Burle Marx. Dois projetos completamente opostos e de concepções diferentes. O primeiro valoriza o concreto enquanto o segundo a própria natureza. Infelizmente o concreto ganhou!

             A alma da cidade tem sido substituída gradativamente por várias construções fazendo com que os nossos principais pontos turísticos sejam substituídos por prédios e arquiteturas futuristas. Nada contra belezas arquitetônicas, mas não custa perguntar: Será que é essa a concepção certa para explorar a nossa cidade e o nosso estado? Será que devemos nos curvar para o que se chama de “progresso” e admitir que o “machado lenhador” mude a nossa paisagem? Não seria essa uma concepção equivocada? E o nosso diferencial, onde ficará?  

                        Entre pedra, cal e cimento a cidade se acinzenta e toma nova forma em seu contorno. Mesmo sabendo ser muito difícil barrar o crescimento de uma capital, seria interessante pelo menos respeitar a essência de sua natureza e preservar a beleza, o bom senso e a tranquilidade que nos concebeu do título de ser conhecida como a “Cidade das Acácias”. Será que conseguiremos?

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