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Sem Conselho não tem Cultura!

   Em 2005, quando ainda exercia o papel de representante do povo na Casa de Napoleão Laureano, tivemos o prazer […]

   Em 2005, quando ainda exercia o papel de representante do povo na Casa de Napoleão Laureano, tivemos o prazer de votar o projeto que criou o Conselho Municipal de Cultura na cidade de João Pessoa.  Lei 1617 de 14 de setembro de 2005.  Numa votação histórica, já que éramos minoria absoluta na Câmara, aprovamos o primeiro projeto por unanimidade naquela casa legislativa e os vereadores de oposição acataram a proposta pela importância que teria o projeto para nossa cidade. Vale salientar, que antes de colocá-lo em plenário, fizemos várias reuniões do segmento cultural, inclusive com participações de membros da Funjope. Lembro-me de ter visto na maioria delas o nosso saudoso Balula e o Professor Fernando Abath que inclusive deu grande contribuição com sugestões e ajustes pertinentes ao mesmo.  Na verdade, o Conselho sempre foi uma reivindicação da classe cultural e João Pessoa há muito esperava por esse momento.

   Para nossa surpresa, 15 dias depois da matéria ser aprovada, recebemos um ofício do então prefeito Ricardo Coutinho, vetando o referido projeto. A justificativa do veto foi motivo de chacota entre os colegas da Câmara, seja de situação ou de oposição. Dizia ele, claramente, que “a matéria não poderia ser do Legislativo e sim do Executivo”. Pasmem amigos, foi essa a razão do veto, ou seja: o prefeito na verdade queria ser o autor da criação do Conselho e por pura vaidade vetou o projeto. Mesmo fazendo parte da base de sustentação do governo, jamais poderia me curvar a essa atitude tão mesquinha e sem nenhuma justificativa plausível.

   Sendo assim, aplicando as prerrogativas existentes na Câmara, derrubamos o veto do Prefeito e transformamos o Conselho em Lei. Não é necessário dizer que a partir daquele momento as coisas mudaram para o meu lado. Mas em nenhum momento me arrependo do que fiz e, se tivesse de voltar atrás, faria tudo outra vez.

   Acontece que até hoje o Conselho não foi implantado. Já vi várias discussões sobre o mesmo, emendas daqui, emendas de lá, e o Conselho que é bom, não sai do papel. Onde estão os vereadores que defendem a nossa cultura? Por que não avançar nesse projeto que tanto bem fará a nossa cidade? O que está faltando?

   A bem da verdade, a cultura na Paraíba anda mal das pernas e João Pessoa está mergulhada nessa fossa fedida e agourenta.  Não existe uma política cultural capaz de animar os artistas a minimizar a falta de mercado ou inserir uma contrapartida capaz de alavancar a nossa auto-estima. Em alguns momentos, nos projetos sazonais e sem consistência, existem ganhos reais de cachês, mas sem nenhuma elevação cultural ou valorização desses artistas.  Como tudo na cidade, a maquiagem corre solta beneficiando um pequeno grupo de subservientes domados pela imposição da velha guerrilha cultural que até pode ter sido revolucionária em outrora, mas hoje infelizmente não tem capacidade de gerir nem tão pouco de dialogar com a cidade e seus atores.  Nunca vi tanta enganação! Parece até que a Funjope, a fundação cultural de João Pessoa resume-se hoje a fortalecer alguns eventos pontuais entre oficinas de bairros e contratar artistas para se apresentarem em eventos pontuais, tais como o São João, Festa das Neves, Estação Verão e nos Circuitos das Praças. Em outras palavras, cultura pouca é muita!

    Enquanto isso, várias verbas provenientes do Ministério da Cultura, retornam para Brasília por falta de projetos ou por não termos ainda implantado o Conselho Municipal de Cultura. O mais impressionante de tudo isso, é ver a classe cultural completamente calada, dominada e rebaixada pelos mandos e desmandos do poder. De duas uma: ou os artistas estão recebendo os famosos “cala boca” através de contra cheques do poder municipal ou estão com medo de mostrar a cara e reivindicar aquilo que lhe é de direito. Provavelmente as duas coisas estão acontecendo. Por outro lado muitos deles que não estão inseridos nesse esquema grotesco e de vagabundagem sabem que, caso bote a boca no trombone, a perseguição será grande e os espaços que são poucos serão reduzidos ainda mais.  É esse o clima que foi plantado em nossa cidade. Uma pena!

 

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