A falta de diálogo tem sido uma das principais queixas dos deputados governistas insatisfeitos com o tratamento que recebem do Palácio da Redenção. Em conseqüência, o não atendimento dos pleitos é o segundo motivo mais freqüente registrado nos desabafos dos parlamentares. Setores do próprio governo, embora com ponderações, já reconhecem a necessidade de uma maior aproximação do chefe do Executivo com sua bancada de sustentação na Assembléia Legislativa ao invés de "esticar a corda" e correr o risco de perder apoios importantes. O caso do deputado Janduhy Carneiro , a um passo de seguir para a oposição, é um exemplo do que pode acontecer. O vereador Ubiratan Pereira (PSB), um dos mais ardorosos defensores do ricardismo, tem demonstrado preocupação com o quadro atual. "Se eu fosse governador, dialogaria mais com os parlamentares. Ricardo precisa manter a maioria na Assembléia Legislativa para garantir a governabilidade", justifica. Durante entrevista na Câmara Municipal, Bira explicou que esse diálogo entre as partes pode e deve envolver também as reivindicações dos deputados, inclusive nomeações para cargos no governo, uma das alegações de Janduhy para romper acordo e se eleger presidente da CCJ. O dirigente do PSB faz apenas uma ressalva: "Temos que ver cada tipo de nomeação reivindicada. Não podemos jamais admitir que um deputado indique um delegado de policia, por exemplo. Os cargos de natureza técnica devem ser preenchidos de acordo com os critérios exigidos. Mas é claro que quem é aliado tem direito a ocupar espaços no governo", ponderou. O relacionamento de Ricardo Coutinho com o Legislativo sempre foi cheio de turbulências. Quando era prefeito de João Pessoa, RC chegou a ficar com minoria na Câmara Municipal pelo mesmo motivo que hoje enfrenta problemas com os deputados.Mesmo votando e aprovando as matérias do governo, os vereadores reclamavam que não eram recebidos e muito menos atendidos em suas reivindicações pelo chefe do Executivo. Portanto, não há novidade.