Julia Anquier, 18 anos, posa para o ELA no clima de um festival de música. A dupla calça jeans e camiseta branca é arrematada com um casaco brilhante, para sair do basicão, e um batom vermelho, que virou um vício da moça. “É um figurino para sentar no chão, correr de um lado para o outro e estar preparada para qualquer tempo”, defende ela, que também adora um salto alto e acha terrível mulheres que calçam um, mas não sabem andar nele.
– Não tem nada pior do que andar bambeando ou ver aquela menina que chegou arrumada, com um salto bonito, precisando ficar descalça no meio da festa – avalia. – O Antonio Frajado (produtor deste ensaio) conhece muito bem o meu armário, sabe meu gosto. Ele levou uma camiseta jeans que é igual a uma que eu uso sempre – conta ela, explicando que o produtor praticamente mora na casa dela por conta da amizade com sua mãe, Débora Bloch. – Quando ele está por aqui, peço para escolher minhas roupas.
Frequentadora de grandes festivais como o SWU e Rock in Rio, Julia gosta também de pequenos shows de bandas pouco conhecidas.
– Adoro a Dorgas, grupo de uns amigos. De gringo, ando encantada com o Au Revoir Simone, trio de NY formado por mulheres que fazem um eletrônico levinho. Música é algo que mexe totalmente comigo – diz.
Ela prefere a noite ao dia e NY é para onde ela acabou de ir. Depois de se formar no ensino médio, Julia entrou para a School of Visual Arts (SVA). O sonho é virar diretora de cinema, mas sabe que até lá precisa passar por muitas etapas e ralar muito.
– Sei que não vou virar diretora da noite para o dia. É a função mais difícil do meio. Acabei de voltar de um estágio de dois meses em uma produtora em Londres e durante a vida tive contato com sets de filmagem por causa dos meus pais. Isso ajudou na minha decisão de cursar cinema. Cresci estimulada a gostar disso. Além do mais, é a união de tudo que gosto de fazer. Amo fotografar, desenhar e agora comecei a escrever – conta Julia, que está numa fase Almodóvar e Lars Von Trier.
O cabelo bem curtinho que teve aos 16 anos poderia até ser comentado como uma atitude roqueira, mas ela desmente:
– Certo dia resolvi descolorir totalmente meu cabelo. Aí já viu, ficou detonado. Tive que cortar bem curto para tirar o louro estragado. Foi bom, aprendi a ter desapego com o cabelo. Mas logo depois deixei crescer, sentia falta de ter um corte mais comprido, mais feminino. Mas, hoje, toda vez que preciso desembaraçar o cabelo, tenho vontade de cortar de novo.
O ensaio é sobre rock e estilo, mas não dá para deixar de perguntar algo do mundo gastronômico para uma filha de chef. Ela participou de uma temporada do programa “Diário de Olivier”, em que eles viajaram pela França. Mas, apesar de todas as experiências e ensinamentos que o francês Olivier Anquier oferece à filha, ela garante que seu vício é o bolinho de bacalhau, e quem lhe ensina mesmo a cozinhar é a “moça que trabalha lá em casa”.
– Meu pai faz coisas muito sofisticadas, com etapas demais. Ele é superdidático, faz com toda a calma para eu pegar, mas é muita coisa. O prato que mais faço, um macarrão com salmão defumado bem simples, aprendi rapidinho, aqui na cozinha de casa. Nessa minha temporada em Londres, comecei a cozinhar por necessidade e descobri que levava jeito – conta.
Ela vai precisar usar todo esse jeito para se virar em NY.