
Faltavam exatos 25 dias para S. completar 10 anos quando o pai foi morto em casa enquanto ela e os irmãos dormiam, na madrugada de quarta-feira. Na tarde ensolarada do dia seguinte, na chácara localizada em Alumínio, interior de São Paulo, aparentava elaborar suas fantasias enquanto maturava as poucas informações que compreendia sobre a tragédia que deixou um espaço vazio na sua família. Talvez para se sentir próxima, usa o tempo todo o chapéu do pai. “Este chapéu era, era não, é, do meu pai. Ele só tirava para comer e dormir, eu só vou tirar para comer e dormir”, disse.
É a menina, filha de André Luís e Luciana Gusmão de Almeida, quem abre e fecha a porteira, recebe quem chega e convida para entrar na chácara onde o ex-integrante do Big Brother Brasil foi morto na madrugada do dia 1° de junho. Faz cara de brava quando relata a indiscrição dos fotógrafos no enterro do pai. “Subiram em cima da cerca para tirar foto do restaurante”, afirmou.
Os irmãos, acompanhados de um amiguinho que mora perto, brincavam de bicicleta enquanto cantarolavam o clássico de Raul Seixas Vampiro doidão. Com ar sério, S. diz que vai ter que passar a ajudar a mãe a tocar o restaurante Sushi do Cowboy, negócio que sustenta a família. “Vou ajudar no caixa, mas eu sou meio atrapalhada com contas, então acho que vou servir também”, diz.
Apostando corridas de bicicleta com os cachorros, o irmão mais novo, de 8 anos, parecia não ter noção do tempo que havia se passado desde que o pai se foi. “Meu pai morreu quando eu tinha 8 anos, em junho, ontem”, confunde-se. Ficando subitamente sério, ele diz que é “ruim” lembrar, mas parece mais confuso que triste. A mãe garante ter tido o cuidado de exigir que o caixão fosse lacrado para que não vissem o pai. “Estava muito feio, eu não consegui reconhecer”, afirmou.
Nesta quinta, Luciana antecipou ao Terra o que pretende dizer à polícia hoje, quando prestará o primeiro depoimento formal à polícia. “Tenho alguns suspeitos, mas não posso falar. Não foi qualquer ladrãozinho que fez isso, não”. Segundo ela, o marido deixou uma dívida que estaria na casa dos R$ 60 mil e a morte pode estar relacionada a um acerto de contas. “Se for ele mesmo (o credor), quero que fique na cadeia. Mas, se não foi ele, também não vou pagar (a dívida)”, disse a comerciante.