Eleições 2022

Lula estimula militância a pressionar deputados e suas famílias em casa; bolsonaristas reagem

Parlamentares bolsonaristas reagiram ao discurso de Lula. Dois deles ameaçaram usar armas caso suas famílias sejam abordadas por militantes petistas.

Lula estimula militância a pressionar deputados e suas famílias em casa; bolsonaristas reagem

O ex-presidente Lula (PT) — Foto:Mauro Pimentel/AFP

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) — O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) defendeu em evento da CUT (Central Única dos Trabalhadores), na segunda-feira (4), que a militância sindical procure deputados e seus familiares na casa deles para pressionar a favor de propostas que interessam ao setor em um eventual governo petista, a partir de 2023.

“Se a gente mapeasse o endereço de cada deputado e fossem 50 pessoas na casa, não é para xingar não, é para conversar com ele, com a mulher dele, com o filho dele, incomodar a tranquilidade dele, surte muito mais efeito do que fazer a manifestação em Brasília”, disse.

Parlamentares bolsonaristas reagiram ao discurso de Lula. Dois deles ameaçaram usar armas caso suas famílias sejam abordadas por militantes petistas.

Em vídeo, o deputado federal Junio Amaral (PL-MG) aparece carregando uma pistola enquanto explica onde fica sua casa, em Contagem (MG).

“Vou esperar vocês lá. Tanto sua turma, como você. Vai lá conversar com a minha esposa, com a minha filha. Vocês serão muito bem-vindos”, ameaçou, com a arma na mão.

A presidente nacional do PT, a deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), disse ao UOL News que o partido estuda medidas contra o deputado. “Achei muito inadequado o nível de violência que teve essa resposta, estamos avaliando quais medidas vamos tomar em relação a isso. Mostrar arma e incitar violência é coisa que não pode ficar sem resposta”, afirmou.

A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) prometeu “pregar bala” em militantes que “mexerem” com o filho e avisou, também em vídeo, que na casa dela vigora a legítima defesa.

A reação do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) foi mais leve. Ele divulgou a fala do ex-presidente nas redes sociais com as hashtags #ptnuncamais e #lulanacadeia e outras em defesa do pai, o presidente Jair Bolsonaro (PL).

Para Gleisi, a resposta dos bolsonaristas foi “desmesurada”. “A intenção do presidente, e eu estava lá quando ele falou, era falar o seguinte: o movimento sindical tem que falar com os parlamentares para tentar mudar o estado de coisas, explicar o que significa”, disse. “No sentido de como o movimento sindical, as lideranças, podem conversar com os parlamentares que representam o povo.”

Lula e Bolsonaro polarizam a disputa eleitoral. Segundo o Datafolha, o petista lidera as intenções de voto com 43%, seguido de Bolsonaro, com 26%.

Outro bolsonarista, o deputado Daniel Freitas (PL-AC), prometeu uma ação judicial contra o ex-presidente e disse que Lula quer ‘tocar o exército vermelho para cima das nossas famílias”.

“É irresponsável e criminosa a incitação de Lula”, disse outro apoiador do presidente, o deputado Marcel van Hattem (Novo-RS).

“Questiono se nesse caso o ministro Alexandre de Moraes (do Supremo Tribunal Federal) pedirá a prisão do ex-presidiário Lula por essa ameaça ao Parlamento.”

O deputado Luiz Lima (PL-RJ) comparou o petista a Evo Morales, ex-presidente da Bolívia. “Se o Bolsonaro falasse o que o Lula falou, seria massacrado”, afirmou.

O deputado Otoni de Paula (MDB-RJ) fez ameaças a apoiadores de Lula durante discurso no plenário da Câmara nesta quarta.

“Lá no Rio de Janeiro, a gente tem um método de tratar bandido. Lá no Rio de Janeiro, é na bala”, afirmou. “Então não venha atravessar a escola dos meus filhos. Não venha tentar abordar a minha mulher. Não venha visitar a minha casa. Porque vai ser na bala.”

Lula tem feito críticas em série a deputados e senadores.

No mês passado, por exemplo, fez duras críticas ao Congresso e ao presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, durante evento com apoiadores do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) no Paraná.

“O Congresso Nacional nunca esteve tão deformado como está agora. Nunca esteve tão antipovo, tão submisso aos interesses antinacionais. É talvez o pior Congresso que já tivemos na história do Brasil”, afirmou na ocasião.

No mesmo evento com os sem-terra, Lula disse que há um excesso de poder nas mãos de Lira e criticou o grupo de trabalho criado pelo presidente da Câmara para discutir o modelo de semipresidencialismo no país.

O ex-presidente também alertou para os problemas do orçamento secreto (as emendas de relator), chamado por ele de “orçamento lesa-pátria”.

“Não conseguiram aprovar o parlamentarismo com dois plebiscitos, então vão tentar uma mudança na Constituição para criar o semipresidencialismo. Você elege um presidente, pensa que vai governar, mas quem vai governar é a Câmara, com orçamento secreto para comprar o voto dos deputados, para fazer todas as desgraceiras que estão fazendo.”

Na última segunda, Lula participou do lançamento da plataforma da CUT para as eleições 2022 e fez uma análise sobre as derrotas das pautas sindicais no Congresso Nacional nos últimos anos.

Ao falar sobre a pressão nas cidades em que os parlamentares moram, ele disse que as manifestações em Brasília têm pouco efeito.

“Quando a gente está no plenário, a gente não sabe se está chovendo lá fora, se está caindo canivete aberto, granizo, se estão xingando a gente ou o presidente”, afirmou. “Você só sabe dos atos quando chega em casa e liga a televisão.”

Para uma plateia de sindicalistas, o petista defendeu uma contrarreforma em questões que interessam aos trabalhadores caso seja eleito e reforçou que será preciso contar com o Congresso Nacional.

“Aqui não tem ninguém inocente. Vocês sabem que qualquer coisa que a gente quiser fazer vai ter que passar pelo Congresso”, disse.

No discurso, Lula reforçou a importância do movimento sindical para construção de uma narrativa favorável à classe trabalhadora e destacou a necessidade de eleição de uma bancada alinhada ao PT.

“Não adianta chorar. Se não tiver número, a gente não faz”, afirmou.

O petista esboçou uma crítica ao movimento sindical ao falar sobre o desmonte de direitos trabalhistas sem reação dos sindicatos. Também recomendou que os sindicalistas apresentem propostas que não signifiquem uma volta ao passado e reafirmou ser contra o imposto sindical.

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