Começou por volta das 10h30, com a chegada de sua filha, Decimar Senra, o velório da atriz Dercy Gonçalves na Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), neste domingo (20). Várias coroas de flores enfeitam o salão, como a enviada pela produção do programa "Domingão do Faustão" ou pelo presidente Lula e a primeira-dama Marisa Letícia. O padre William Moreira celebrou o ritual Exéquia, que é dar a palavra de Deus para os mortos.
O enterro vai ser na terça-feira (22), ao meio-dia, em Santa Maria Madalena, cidade natal da atriz, onde a família tem um mausoléu, segundo o vereador Nestor Lopes, que também é presidente do Museu Dercy Gonçalves.
“Dercy nunca teve medo da morte. E sempre dizia que o seu maior presente era morrer no dia da padroeira (da cidade). Ela não morreu, mas vai ser enterrada no dia (22)”, explicou Lopes, acrescentando que o corpo provavelmente sairá do Rio às 9h de segunda, chegando à tarde em Santa Maria. Em seguida, o corpo vai ser velado no Clube Montanhês, Centro da cidade. Depois, vai ter missa de corpo presente, na Igreja da Matriz.
Segundo Lopes, a banda de música da cidade vai ao velório tocar o "Hino nacional". No momento do sepultamento, vai ser tocado o samba que a Viradouro fez, em 1991, em homenagem à atriz.
Antes mesmo do corpo chegar, a atriz, cantora e vedete Virginia Lane, de 88 anos, já estava na Alerj para prestar as últimas homenagens a Dercy.
"Fiz questão de ser a primeira. Quero que ela saiba que eu fui a primeira a cumprimentá-la. Ela vai para um lugar que daqui a pouco eu também vou. Trago boas lembranças da Dercy, porque éramos muito amigas. E ela me dizia, quando era mais nova, você vai longe com essas longas pernas."
A atriz Dercy Gonçalves, de 101 anos, morreu às 16h45 deste sábado (19) no Hospital São Lucas, em Copacabana, Zona Sul do Rio. Segundo a assessoria de imprensa do hospital, Dercy foi internada na madrugada deste sábado, com um quadro de pneumonia comunitária grave, que evoluiu para insuficiência respiratória.
O Estado do Rio de Janeiro decretou luto oficial de três dias pela morte de Dercy. Em Santa Maria Madalena, as festividades em homenagem à padroeira da cidade foram interrompidas. Segundo o vereador Nestor Lopes, o prefeito Clementino da Conceição autorizou apenas as festas religiosas a partir do dia 22.
Vida e carreira
Ainda jovem, ela desafiou padrões da época ao fugir de casa aos 17 anos atrás de uma companhia de teatro. Dercy começou a carreira cantando, mas depois perdeu a voz.
Ela trocou seu nome de batismo, Dolores Gonçalves Costa, para tornar-se Dercy Gonçalves, uma atriz da época do teatro rebolado e das chanchadas. Dercy também passou pela televisão e foi uma das primeiras contratadas da Rede Globo, onde estrelou os dois primeiros programas de sucesso da emissora no horário nobre. Em 1989, fez o papel da mãe da rainha na novela “Que Rei Sou Eu?”. No cinema, foram mais de 30 filmes.
Em 1991, aos 84 anos, sofreu um acidente de carro e quebrou a bacia. Ainda se recuperando, foi para a Marquês de Sapucaí com os seios à mostra, homenageada no enredo da Unidos da Viradouro (em 2004, voltou a ser destaque, dessa vez no carro da Salgueiro).
Também em 1991, passou por uma cirurgia por conta de uma úlcera e de um tumor. Em 1992, participou da novela "Deus nos acuda", fazendo o papel de anjo da guarda nada convencional da personagem de Cláudia Raia.
A atriz, que ameaçou posar nua aos 90 anos, não gostava de água, nem a água do mar. Ela mandou construir seu túmulo com formato de pirâmide, já concluído em Santa Maria Madalena, onde também fica o museu Dercy Gonçalves. O museu exibe diversas peças da atriz, como chapéus, bolsas, perucas, sapatilhas, bijuterias, troféus, cartazes, programas, entrevistas, fitas de vídeo, textos, jornais, revistas e fotos.
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