A gíria do momento entre as adolescentes é chamar de “Zé Bob” os garotos que não são bonitos, nem feios, mas “se acham”. Carmo Dalla Vecchia, o ator que interpreta o jornalista sujinho e convencido da novela “A favorita”, ri da situação. Mas se defende. “Ele realmente se acha. Quanto a não ser bonito nem feio, fico feliz que o meu histórico de modelo não me faça pensar assim”.
Polêmicas estéticas à parte, Zé Bob é o favorito da novela do autor João Emanuel Carneiro. Na trama, o personagem é disputado pelas protagonistas Flora (Patrícia Pillar) e Donatela (Claudia Raia).
Mas está bem longe dos planos do bonitão ficar marcado como galã de folhetim. “Não acredito que nenhum ator entre num trabalho querendo fazer algo convencional, seja o galã ou o vilão”, diz Carmo. “Teria que ser um lagarto pecilotérmico para pensar assim sendo um artista”.
Apesar de estar num momento de popularidade graças ao desempenho como mocinho do horário nobre, o ator gaúcho de 38 anos contabiliza mais de uma década de televisão, 14 novelas no currículo e uma carreira fashion que lhe abriu as portas para a Oficina de Atores da Rede Globo. “Fiz vários comercias, todos com texto. De uma certa forma, meus trabalhos como modelo me direcionaram para a dramaturgia”, conclui.
Seu primeiro papel de destaque foi na minissérie “Engraçadinha… Seus amores e seus pecados” (1995). Na produção, Carmo interpretava o personagem Durval, que vivia uma relação edipiana com a mãe, vivida por… Claudia Raia, seu atual par romântico em “A favorita”.
“Foi um privilégio começar com uma pessoa tão especial como ela”, derrete-se. “Claudia é alegre, carinhosa com os colegas e não tem frescuras. Edson [Celulari, marido da atriz] é um homem de muita sorte”.
“Lost”
A barba por fazer, o cabelo escorrido e o figurino “largadão” de Zé Bob causaram certo desconforto entre os jornalistas, que não gostaram muito de se verem retratados de tal forma. Mais uma vez Carmo, sai em defesa de seu personagem.
“Represento um homem sem vaidade, que tem um carro destruído e uma casa bagunçada”, explica o ator. “Não daria para acreditar num jornalista todo arrumadinho ou com um visual de Justin Timberlake, meticulosamente desarrumado”, compara.
Carmo revela que uma das inspirações para o papel foi o personagem Sawyer (Josh Holloway) do seriado americano “Lost”. “Foi uma das referências para o temperamento marrento do Zé Bob”.
Segundo o ator, os próximos capítulos de “A favorita” reservam muitas emoções. “Zé Bob vai desenvolver uma relação com a filha que não sabia existir, vai se encher de dúvidas a respeito da Flora e ainda vai descobrir que a Donatela morreu”, adianta Carmo, deixando escapar mais uma reviravolta da trama.
Galã argentino
Cabelo de jogador de futebol argentino, ele já tem. Atuar no cinema dos “hermanos” está entre os projetos de Carmo. “O cinema deles é maravilhoso. Falo bem espanhol, já morei na Argentina e seria a realização de um sonho poder trabalhar lá”.
Enquanto nenhum diretor portenho faz o convite, Carmo dá seus primeiros passos cinematográficos por aqui. O ator está no elenco do filme “Onde andará Dulce Veiga?”, de Guilherme de Almeida Prado.
No longa, interpreta um jovem viciado em drogas, que tem os cabelos e as sobrancelhas oxigenadas. O ator ainda teve de emagrecer dez quilos para o papel. “Meus amigos não me reconheciam ou olhavam com uma cara estranha, como quem diz: ‘o que está acontecendo com esse cara?’”.
Fazendo a comparação, o visual de Zé Bob nem é assim tão fora do comum.
G1