Terça-feira, 15 de Abril de 2008
Do rock à ópera
O compositor do Pink Floyd, Roger Waters, está no Brasil para a estréia da ópera que escreveu depois que o grupo se separou. Ele contou para o Jornal da Globo como foram os preparativos da montagem.
A ópera "Ça Ira", que significa “Isso vai acontecer” em francês, levou dez anos sendo elaborada por Roger Waters. Os preparativos para a ópera começaram há um mês no Teatro Amazonas. Em três atos, a ópera conta a história da Revolução Francesa na visão de uma trupe de circo. .
Na década de 60 a banda inglesa Pink Floyd marcou uma geração com espetáculos que iam muito além do som. Luzes e projeções de slides inauguraram o rock progressivo e o termo psicodélico entrava no universo da música.
Com o disco The Wall o baixista da banda Roger Waters coloca nome da história do rock. O conceito do álbum e a maioria das músicas pertencem a Waters. A obra é um tratado sobre a solidão e o sucesso e logo foi tachado pela crítica como ópera-rock e lançado em filme.
JG: Quando propuseram montar sua ópera no Brasil, na Amazônia, o que você pensou?
Waters: É claro que eu sabia desse prédio como todo mundo que gosta de filmes por causa de Fitzcarraldo. Então estava muito animado com a idéia de vir para cá. Não menos porque ópera é um animal estranho e não é fácil interessar as pessoas em uma obra nova. Fizemos produções na Polônia e na Ucrânia. Então estava começando a pegar o embalo. Ter a chance de vir aqui foi uma perspectiva empolgante.
Tão empolgante que Waters foi várias vezes a Manaus acompanhar a montagem. Ele chegou para os preparativos finais. Participou dos ensaios com os atores e com o diretor do espetáculo, Caetano Vilela.
Waters: Trabalho todo dia e estou extraordinariamente impressionado como toda equipe aqui. Eu andei nas oficinas vi as costureiras e carpinteiros e a equipe toda é maravilhosa, o Caetano é talentoso, assim como todos, então tem sido um imenso prazer.
Separado desde os anos 80, o Pink Floyd só voltou a se reunir em 2005, num show beneficente na Inglaterra. Mas foi só esta vez. E Waters continua nos projetos pessoais.
JG: Você trocou definitivamente o rock pela música clássica?
Waters: Não. Eu vou levando as coisas que eu tenho interesse, coisas que eu gosto. Meu diário parece se encher de projetos e eu fico feliz se continuar saudável e trabalhando.
Fonte: Globo.com