O dólar encerrou o pregão desta quarta-feira (3) em expressiva queda de 1,72%, negociado a R$ 5,569. Contudo, o resultado positivo para o real neste dia não compensa a alta acumulada de mais de 14% da moeda norte-americana em 2024.
O movimento começou a ganhar força em abril, quando o governo federal alterou as metas fiscais e reacendeu o temor dos investidores de não alcançar o equilíbrio das contas públicas.
Na mesma época, o Federal Reserve (Fed, o BC dos EUA), derrubou os ânimos do mercado ao sinalizar a que o tão esperado corte dos juros teria que esperar — fato que acabou se concretizando.
Compromisso fiscal em dúvida
A percepção de piora das contas públicas é um dos grandes vetores para a perda de valor do real ante a divisa dos EUA.
No dia 15 de abril, o governo federal alterou a meta fiscal de 2025 de um superávit primário de 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB) para déficit zero.
Esse movimento e a falta de medidas para cortar gastos vêm pesando sobre a imagem de responsabilidade fiscal do governo. E o desempenho da moeda brasileira é um espelho dessa imagem.
“Quando a autoridade do país mostra ausência de zelo com as contas públicas, acaba afetando a imagem do país e gera uma crise institucional. Ou seja, o aumento de gastos piora a dívida, que afeta a imagem, que piora a percepção de risco e afeta a taxa de câmbio”, explica Cristiane Quartaroli, estrategista de câmbio e economista-chefe do Ouribank.
O governo federal também trabalha com a meta de zerar o déficit fiscal neste ano. Mas a expectativa do mercado é de que o resultado supere a margem de tolerância — de 0,25% do PIB) — e o governo encerre o ano com déficit primário de 0,7%, de acordo com o boletim Focus, uma vez que o buraco nas contas do governo segue crescendo.