Economia

Gastos em ano de eleição colocam contas públicas em risco, dizem analistas ao Banco Central

Os analistas avaliam que a economia está entrando em ritmo de eleição, o que deve pressionar por mais gastos e colocar o lado fiscal em risco.

Gastos em ano de eleição colocam contas públicas em risco, dizem analistas ao Banco Central

Isso ocorre em um cenário de aumento da inflação nos últimos meses e uma resposta dada pelo BC de elevação dos juros para tentar conter a elevação dos preços. — Foto:Reprodução

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) — Uma reunião fechada do Banco Central com analistas de 42 instituições realizada nesta quarta-feira (18) serviu para apontar o clima de preocupação de agentes do mercado com o ano que vem.

Os analistas avaliam que a economia está entrando em ritmo de eleição, o que deve pressionar por mais gastos e colocar o lado fiscal em risco.

Isso ocorre em um cenário de aumento da inflação nos últimos meses e uma resposta dada pelo BC de elevação dos juros para tentar conter a elevação dos preços.

Sob condição de anonimato, um desses analistas convidados disse que parte do grupo se mostra bem pessimista com a inflação para o ano que vem e preocupado com o lado fiscal.

A inflação medida pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) subiu 0,96% em julho, o maior resultado para o mês desde 2002, quando a alta foi de 1,19%.

No ano, o indicador acumula alta de 4,76% e, em 12 meses, 8,99%. E os juros básicos tiveram um aumento mais forte na última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), do BC, para 5,25%.

Para o ano que vem, as perspectivas também são preocupantes. O mais recente boletim Focus aponta que a inflação pelo IPCA deve chegar a 3,9% (acima do centro da meta, de 3,5%). Há um mês, era esperado uma inflação de 3,75%.

No caso dos juros, agora é esperada uma Selic em 7,5% em 2022 — ante os 7% esperados há um mês. A previsão para o PIB (Produto Interno Bruto) foi em sentido contrário: agora, se espera um crescimento menor, de 2,04%, ante um crescimento de 2,1% há um mês.

Com a aproximação das eleição, o mercado já espera que o governo aposte em um aumento de gastos, que pode comprometer o compromisso com o lado fiscal.

Depois de atingir um pico histórico de 89,3% do PIB em fevereiro, a dívida pública registrou a quarta queda seguida e encerrou o primeiro semestre em 84% do PIB, segundo o Banco Central.

Para fazer caber os gastos do ano eleitoral, a preocupação é que o governo fure o teto de gastos e acabe com a Lei de Responsabilidade Fiscal, diz o analista ouvido pela reportagem.

Ele acrescenta que o novo Bolsa Família, com o aumento planejado pelo governo, também pode levar a uma pedalada, como o atraso no pagamento de precatórios.

Um outro participante do encontro afirma que quase todos os analistas projetam para o ano que vem inflação acima da meta e fraca atividade econômica. O principal temor é de se recorrer a subterfúgios, como o dos precatórios, para fazer os gastos caberem, diz.

Segundo ele, o mercado ainda não dá como certo que o teto de gastos está sob risco, mas há uma percepção generalizada de que novas investidas contra ele serão tentadas até o fim deste ano e ao longo de 2022.

O encontro fechado do BC com os agentes de mercado ocorre periodicamente e serve para que a instituição ouça o que os analistas têm a dizer e consiga medir a temperatura do mercado.

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