Economia

Guedes fala em reduzir imposto para empresas em 15 pontos percentuais

"Tem muita reclamação. Nós estamos tentando, dando os passos iniciais", disse Guedes.

Guedes fala em reduzir imposto para empresas em 15 pontos percentuais

Ministro da Economia, Paulo Guedes — Foto:Reprodução

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) — Para tentar conter críticas de entidades privadas a sua proposta de reforma tributária, o ministro Paulo Guedes (Economia) sinalizou nesta quarta-feira (7) que a redução no Imposto de Renda cobrado das empresas pode ser ainda mais forte do que a anunciada anteriormente.

O corte na alíquota poderia passar dos 5 pontos percentuais, sugeridos originalmente, para 15 — triplicando a previsão de redução menos de duas semanas após o envio do projeto de lei ao Congresso.

Entre as várias medidas do texto enviado pelo governo no fim de junho, há previsão de cortar em 2,5 pontos percentuais a atual alíquota (de 15%) para pessoas jurídicas em 2022 e mais 2,5 pontos em 2023 (permaneceria o adicional de 10% para lucros acima de R$ 20 mil por mês).

Entidades privadas reclamam dizendo que o corte proposto no texto foi tímido se consideradas outras medidas do pacote e que o texto vai gerar aumento de carga tributária na ponta do lápis. “Tem muita reclamação. Nós estamos tentando, dando os passos iniciais”, disse Guedes.

A solução encontrada pelo ministro para atender o empresariado é reduzir ainda mais a alíquota para pessoas jurídicas e, como compensação, acoplar um tipo de medida que não estava no projeto original. Ele pretende retirar até R$ 40 bilhões em subsídios concedidos hoje para grupos específicos – como o da indústria química (algo já tentado por ele no passado, sem sucesso).

“Ia reduzir 2,5 [pontos percentuais o Imposto de Renda de pessoa jurídica]? Reduz 5. Ainda está pesando? Reduz 10. Ainda está pesando? Reduz 15. Ou seja, essa é a pista que estamos seguindo. Temos certeza que estamos no caminho certo”, disse Guedes nesta quarta.

Antes, Guedes tinha mencionado que a redução poderia ser de 5 no primeiro ano e, posteriormente, mencionou a possibilidade de o número chegar a 10 pontos percentuais. “Vamos aprofundar um pouco mais [o corte para empresas]. Se conseguirmos reduzir certos subsídios, aí realmente nem a empresa paga mais. Porque estamos reduzindo os encargos”, disse.

“A queixa é que o capitalista foi tributado em mais do que a empresa recebeu. Queremos reduzir deduções e subsídios para que tudo que foi pago pelo acionista seja devolvido às empresas”, afirmou.

Guedes defendeu a manutenção da proposta de tributação de dividendos (parte do lucro distribuído pelas empresas a acionistas). A reforma enviada pelo governo propõe uma cobrança de 20% de Imposto de Renda sobre o instrumento –acabando com uma isenção prevista em lei há 25 anos.

Parte do mercado financeiro reclamou da proposta, e a principal argumentação é que os dividendos são resultado de um cálculo que já passou por tributação nas empresas. “Ah, mas eu já paguei na empresa. Não se preocupa não, eu alivio para a empresa. Você como empresário na empresa, vamos trabalhar por um imposto mais baixo”, disse Guedes.

Segundo o ministro, isso ajudará a baixar as alíquotas das empresas e ainda conceder isenções para o trabalhador de baixa renda. Dos R$ 60 bilhões a serem gerados pela tributação de dividendos, o governo calcula que R$ 40 bilhões serão devolvidos em forma de redução de alíquotas para empresas e R$ 20 bilhões servirão para desonerar o trabalhador de baixa renda.

“O que estamos fazendo é justamente uma substituição de impostos. Quando encontramos uma nova base de incidência, que são os dividendos, você pode reduzir os impostos para empresas e assalariados”, afirmou durante comissão no Congresso.

“O Brasil é um país de baixa renda, 75% dos trabalhadores do mercado formal recebem menos de 1,4 salário [mínimo]. Não adianta você jogar os impostos em cima de 30 milhões de brasileiros com renda relativamente baixa, enquanto do outro lado 20 mil proprietários de capital receberam R$ 400 bilhões de dividendos e tiveram isenção de R$ 50 bilhões ou 60 bilhões”, disse.

Para Guedes, o ideal é reduzir os impostos aplicados diretamente às empresas e tributar recursos que saem dela para as mãos dos acionistas. “Nas empresas é onde acontece o milagre da produtividade, onde tem tecnologia, capital, organização institucional, onde sobem os salários e a produtividade do trabalhador”, disse.

“Então se reinvestir [o dinheiro] na empresa, deveria ter imposto baixo; agora, se tirou para a pessoa física [deve ser tributado]. Não tem que ter vergonha de ser rico, mas sim de não pagar imposto”, afirmou.

Para a pessoa física, a reforma do governo aumenta a desoneração do Imposto de Renda de R$ 1.903,98 para R$ 2.500 e corrige as faixas salariais da tabela. Por outro lado, tributa os dividendos recebidos por ela e também retira a possibilidade de desconto simplificado de 20% para todos – o que pode elevar a tributação na classe média, segundo especialistas.

Atualmente, qualquer contribuinte pode optar por fazer a declaração simplificada sem necessidade de declarar gastos para essa dedução porque há possibilidade de pedir o desconto padrão e automático de 20% sobre a renda tributável. O limite atual desse desconto é de R$ 16.754,34.

Pela proposta do governo, a declaração simplificada só será permitida para quem ganha acima de R$ 40 mil por ano (pouco mais de R$ 3 mil por mês). Economistas apontam que haverá uma elevação de imposto para 2 milhões de contribuintes se a proposta passar, em especial para os brasileiros de classe média de menor renda e que não têm deduções com dependentes.

Guedes foi perguntado sobre o tema e disse que esse ponto pode ser alterado para atingir menos pessoas.

O ministro aproveitou para responder a uma pergunta sobre o imposto aplicado a grandes fortunas. Segundo ele, essa proposta já foi adotada em países como Argentina e Venezuela e não teve bons resultados.

“O que vai acontecer em dez minutos é o que aconteceu na Venezuela. Os mais afluentes vão embora, estão todos em Miami. Os de classe média, educados, vão para a Colômbia ou Chile. E os mais pobres atravessas a fronteira para Roraima. Nos queremos esse caminho para o Brasil? Não”, disse.

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