Indústria

Produção industrial volta a cair em junho e fecha o semestre com queda de 2,2%

Problemas na cadeia de suprimentos, crédito caro e inflação afetam a indústria. Setor de veículos cresce 6,1% no mês, mas ainda está abaixo no nível pré-pandemia.

Produção industrial volta a cair em junho e fecha o semestre com queda de 2,2%

Indústria brasileira acumula queda de 2,2% no primeiro semestre deste ano — Foto:Reprodução

A produção industrial voltou a cair em junho e fechou o semestre no vermelho. Houve recuo de 0,4%, após quatro meses seguidos de expansão. Com isso, a indústria acumula queda de 2,2% nos primeiros seis meses do ano. Os dados são da Pesquisa Industrial Mensal (PIM), divulgada nesta terça-feira pelo IBGE.

O resultado veio próximo ao esperado pelo mercado, que projetava queda de 0,3% segundo consenso da Bloomberg. De um lado, as empresas do setor ainda enfrentam problemas de suprimento; do outro, a alta dos juros freia investimentos e afeta o consumo de bens industriais, devido ao encarecimento do crédito.

O gerente da pesquisa, André Macedo, explica que a indústria não havia recuperado a perda de janeiro (-1,9%) mesmo com os quatro meses de crescimento em sequência, período em que houve alta acumulada de 1,8%.

— Isso reflete as dificuldades que o setor industrial permanece enfrentando, como o aumento nos custos de produção e a restrição de acesso a insumos e componentes para a produção de bem final. Nesse sentido, o comportamento da atividade industrial tem sido marcado por paralisações das unidades industriais, reduções de jornada de trabalho e concessão de férias coletivas — explica Macedo.

Com o resultado de junho, o setor ainda se encontra 1,5% abaixo do patamar pré-pandemia. A variação negativa em junho foi disseminada pela maioria das atividades econômicas investigadas pela pesquisa.

Entre elas, a maior influência veio do setor de produtos farmoquímicos e farmacêuticos (-14,1%), especialmente devido à base de comparação elevada. Nos dois meses anteriores, o setor havia acumulado alta de 5,3%.

Entre os setores que avançaram, destaca-se o de veículos automotores, reboques e carrocerias (6,1%). No entanto, o segmento ainda está 8,5% abaixo do patamar pré-pandemia.

Além dos problemas na cadeia de fornecimento, esse e outros setores sobrem com os juros elevador:

— Há a taxa de juros elevada, a inflação que segue em patamares altos, a diminuição da renda das famílias e, ainda que a taxa de desocupação venha caindo nos últimos meses, há um contingente de aproximadamente 10 milhões de desempregados no país. A característica dos postos de trabalho que estão sendo criados aponta para uma precarização do mercado de trabalho e isso é refletido na massa de rendimento, que não está crescendo. Todos esses aspectos são fatos importantes na nossa análise e ajudam a explicar esse saldo negativo do setor industrial — analisa Macedo.

Perspectivas

Economistas avaliam que o setor industrial deve andar de lado este ano, diante da alta da taxa de juros, que afeta a capacidade de investimentos das empresas, e da desorganização das cadeias globais que compromete a produção.

O Índice de Confiança da Indústria (ICI) do FGV IBRE caiu 1,7 ponto em julho, para 99,5 pontos, após três altas consecutivas.

“As expectativas menos favoráveis parecem decorrer da perspectiva de manutenção de níveis elevados de inflação e de juros até o final do ano, além do aumento da incerteza política durante o período eleitoral”, comenta Stéfano Pacini, economista do FGV IBRE.

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