Esporte

Ginasta troca o Pan pelo Cirque du Soleil

A ginasta Camila Comin abriu mão de disputar os Jogos Pan-Americanos para se arriscar em uma nova carreira. Paulista de […]

A ginasta Camila Comin abriu mão de disputar os Jogos Pan-Americanos para se arriscar em uma nova carreira. Paulista de 24 anos, Camila deixou a seleção brasileira feminina de ginástica artística, onde convivia com Daiane dos Santos, Daniele Hypólito, Laís Souza e Jade Barbosa, abandonou as barras, traves e solo e trocou a ginástica pela vida no circo. Camila, agora, é uma estrela da badalada companhia circense Cirque du Soleil.

Equilibrar-se na trave de equilíbrio, dar piruetas nas barras paralelas assimétricas, saltar sobre a mesa (antigo cavalo) e atravessar o tablado com saltos mortais nunca foi problema para Camila Comin. A moça entrou aos cinco anos para a ginástica olímpica, disputou campeonatos no Brasil e no mundo, foi para dois Jogos Pan-Americanos (Winnipeg/1999 e Santo Domingo/2003) e disputou duas Olimpíadas, em Sydney/2000, e Atenas/2004 – quando ficou em 12º lugar na prova individual (veja vídeo de Camila nos Jogos Olímpicos).

O que Camila teve de fazer no rígido teste de aptidão do Cirque du Soleil é justamente o que uma ginasta deve evitar: sorrir, chorar e demonstrar todas as suas emoções. "Tive de mostrar que sei chorar em público e que, além de ter força e flexibilidade nos meus movimentos, sei me expressar como artista. Foi um grande desafio para mim", comenta Camila.

A ginasta/artista deu entrevista por telefone ao G1 diretamente do seu alojamento em Denver, onde a trupe do Cirque du Soleil apresenta o espetáculo "Corteo". "Também tive de aprender a fazer ginástica em grupo. No número que apresento participam 12 pessoas. É diferente da ginástica artística, onde cada ginasta compete individualmente."

"Tive de mostrar que sei chorar em público e que, além de ter força e flexibilidade nos meus movimentos, sei me expressar como artista", diz Camila Comin

O espetáculo "Corteo", do Cirque du Soleil, conta a história dos sonhos de um palhaço e suas memórias no circo. Camila atua em diferentes papéis. Ela faz um anjo que ensina o palhaço a voar, atua na abertura do show correndo com diferentes roupas e também mata a saudade da ginástica artística em um número onde pratica exercícios nas paralelas assimétricas. Mas, em vez do colan de ginástica, ela dá seus mortais com roupas do figurino.

Voando pelo ar
Em um dos números mais aplaudidos, dois integrantes da trupe ficam em uma espécie de gangorra, separados um do outro por sete metros de distância. Camila fica sendo arremessada pelos rapazes de um lado para o outro, dando saltos mortais no ar. "A gente passa por muito treinamento. Tudo é feito com muita segurança. E ainda existe uma lona que me protege da queda caso algo saia errado", explica.

"Convivi mais tempo com a Daiane dos Santos e a Daniele Hypólito na seleção de ginástica do que com minha própria irmã", destaca Camila Comin. 

O primeiro contato com o pessoal do Cirque du Soleil foi feito durante o Mundial de Ginástica na Dinamarca, ano passado. Os "olheiros" do circo acompanham estas competições em busca de novos talentos para fazer parte do time de artistas. Camila foi convidada a fazer um teste em São Paulo, durante a visita da trupe ao Brasil, em dezembro. Foi aprovada. 

Camila teve então que decidir: segue na ginástica para disputar o Pan do Rio e a Olimpíada de Pequim, em 2008, ou abraça a vida de artista? Camila escolheu uma vida nova para sua carreira. Deu adeus a Daniele, Daiane, Laís e Jade, com quem conviveu por muitos anos na seleção brasileira, e foi morar fora do país. "Foi muito difícil. Convivi mais tempo com elas do que com a minha família, com a minha irmã."

No Cirque du Soleil, a brasileira ganhou uma nova família. Na companhia canadense trabalham pessoas de 20 países, entre elas dois brasileiros, o ex-ginasta Felippe Barros Mendonça e a artista circence Ana Luiza Rehder. Tem também uma atleta canadense que foi adversária de Camila na Olimpíada. Camila recebe um salário, moradia e alimentação. Treina três horas por dia e toda noite se apresenta no circo. O espetáculo já esteve em Houston e Columbo e, há um mês e meio, está em Denver. Ainda este ano vai para Los Angeles e Seattle.

Camila terá férias em dezembro. Vai ver os pais, que moram em Curitiba. Depois, volta para a vida mambembe. Outras cidades dos Estados Unidos e Canadá estão na programação de 2008. Se quiser continuar no Cirque, em 2009, ela irá com a turma para o Japão. Camila pode ainda integrar equipes de outros espetáculos da companhia pelo mundo. E cada ano a mais que ela continua na companhia o seu salário aumenta.

Considerada uma ginasta eficiente nos quatro aparelhos, sua presença na seleção poderia ter garantido ao Brasil a medalha de ouro por equipes no Pan do Rio (o time ficou com a prata, atrás dos Estados Unidos). Camila torceu pelas amigas acompanhando os resultados pela internet. Sempre que dá, telefona para Daiane dos Santos ("ela não mexe com internet"). Troca e-mails com os irmãos Hypólito, Daniele e Diego, e bate papo com Laís Souza pelo MSN.

Sobre a nova estrela da ginástica brasileira, a carioca Jade Barbosa, Camila Comin aposta em um futuro de muito sucesso. "Acompanho a Jade desde pequena. É uma ginasta de muita explosão. No começo ela ficava muito nervosa quando ia competir, agora está aprendendo a controlar melhor as emoções", avalia Camila. "Uma ginasta de sucesso precisa saber demonstrar muita frieza."

Pódios, medalhas, hino nacional? Tudo isso é passado para Camila Comin. A musa da ginástica faz agora de suas piruetas em uma alegre brincadeira de circo. 

Fonte: G1

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