Cinema

O contador de histórias revê vida de ex-menino de rua

Longa-metragem nacional estreia nesta sexta-feira (7). Trama traz biografia de Roberto Carlos Ramos.

A desastrosa política do menor no Brasil desde os anos 1970 é posta em foco neste filme de Luiz Villaça ("Por trás do pano" e "Cristina quer casar"), fixando-se na impressionante biografia de Roberto Carlos Ramos, uma rara história de um ex-menor de rua com final feliz. O filme entra em circuito nacional nesta sexta-feira (7).

Nascido nos anos 1970 em Belo Horizonte, Roberto era o caçula de uma família pobre com muitos filhos. Entregue à Febem (Fundação para o Bem-Estar do Menor) pela mãe, pessoa simples e ignorante que acreditava que ele teria um futuro melhor ali dentro, ele encarou o abandono e a violência, que no seu caso incluiu espancamentos, detenção em solitária e até estupro.

Analfabeto até os 13 anos, Roberto escapou deste quase sempre invencível círculo vicioso devido à intervenção de uma pedagoga francesa, Margherite Duvas (a atriz portuguesa Maria de Medeiros, de "O Xangô de Baker Street").

Graças a ela, estudou e conseguiu tornar-se, anos depois, um contador de histórias conhecido internacionalmente. Imitando a generosidade de sua protetora, ele mesmo adotou mais de 20 meninos – alguns que, como ele, já haviam sido tachados de "irrecuperáveis".

Adaptação 

Os três garotos que interpretam o protagonista – Marco Antônio Ribeiro, Paulinho Mendes e Cleiton Santos – dividiram o troféu de melhor ator no Festival de Paulínia 2009, onde o filme também ganhou um Prêmio Especial do Júri.

Pontuada de incidentes trágicos mas também engraçados, a biografia de Ramos sofreu diversas adaptações neste roteiro, escrito por quatro profissionais – além do diretor Villaça, também José Roberto Torero, Maurício Arruda e Mariana Verissimo.

Condensa, por exemplo, num único personagem, a pedagoga Pérola (Malu Galli, da minissérie de TV "Queridos amigos"), a figura de diversas outras educadoras que passaram pela vida do menino, no período em que entrava e saía da Febem.

Apesar disso, "O contador de histórias" incorpora também um elemento documental ao inserir a narração em off do próprio protagonista e em sua aparição, na sequência final. 

Narrativa 

Um traço que alivia a narrativa é materializar as fantasias do menino – que são muitas e extremamente imaginativas – com o uso de animação e de recursos como música e figurino. Isto acontece, por exemplo, numa cena de assalto a banco em que os ladrões se vestem no estilo do grupo Jackson Five, ao som da música "Sá Marina", na voz de Wilson Simonal, recuperando também o clima dos anos 70.

Eventualmente, se pode ter a sensação em alguns momentos de que o comportamento da pedagoga é um tanto ingênuo – como na sequência em que um menor perigoso (Shadys Victor) entra em sua casa. Mas é importante lembrar que, além de estrangeira, vinda portanto de outra cultura, a história se passa há cerca de 30 anos. Por conta da inoperância das políticas para o menor no Brasil, infelizmente, a violência e criminalidade neste setor têm crescido de modo trágico.

Tal como aconteceu a Ramos, o filme começou a mudar a vida também de pelo menos um de seus atores-mirins, que nele estrearam. Paulinho Mendes, que o interpreta aos 13 anos, foi convidado a um estágio de atuação de seis meses no Grupo Galpão, de Belo Horizonte. 

G1

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