O ex-presidente "vitalício" do Haiti, Jean-Claude Duvalier, o Baby Doc, que retornou ao país neste último domingo (16) após 25 anos de exílio na França, assumiu o poder em Porto Príncipe aos 19 anos, perpetuando uma longa ditadura no país mais pobre do continente americano.
Aos 59 anos, Baby Doc, filho do ditador falecido François Duvalier chamado de Papa Doc, escolheu a semana do primeiro aniversário do terremoto devastador para reaparecer no cenário político do Haiti.
– Vim para ajudar.
Afastado do poder por uma revolta popular em 1986, após 15 anos de reinado absoluto em Porto Príncipe, Duvalier é uma personalidade polêmica, mesmo após um quarto de século de ausência.
As autoridades do Haiti estimam que mais de R$ 167 milhões (US$ 100 milhões) foram desviados a título de realizações de obras sociais até a queda de Baby Doc, em 1986. Houve dilapidação sistemática das empresas do Estado, com uma parte do dinheiro transferida para bancos suíços.
O governo tentou acelerar a devolução do dinheiro, sobretudo após o terremoto que devastou o Haiti em 12 de janeiro do ano passado, mas chocou-se com a resistência, na Justiça, da família Duvalier.
Baby Doc virou temido ditador aos 19 anos
Jean-Claude não parecia preparado para aceder ao poder aos 19 anos e dirigir a primeira república negra das Américas. Seu pai, que reinou desde 1957, morreu no dia 21 de abril de 1971.
Sua silhueta pesada, suas dificuldades de elocução, sua timidez e o gosto por uniformes enfeitados não transmitiam a imagem de um ditador implacável, nem de um tecnocrata terceiro-mundista.
Como o pai, ele contava com uma milícia particular conhecida como os Tontons Macoutes, que controlava o Haiti usando violência e intimidação. Os Duvalier são tidos por analistas como dois dos mais violentos governantes da História.
Deposto, ditador gozou de aposentadoria na França
Derrubado por uma revolta popular em 1986, Baby Doc foi levado a se demitir pelos Estados Unidos, com a França aceitando recebê-lo de forma temporária. O ex-presidente passou, em seguida, a gozar de uma aposentadoria dourada, em amplas mansões da Costa Azul francesa.
Em uma entrevista em 2007, ele pediu que o povo haitiano o perdoasse por "erros" cometidos durante seu governo. Um pequeno grupo de partidários de Duvalier vinha fazendo uma campanha para que ele voltasse ao Haiti.
O retorno acabou acontecendo no dia em que deveria ocorrer o segundo turno das eleições presidenciais, cancelado por uma série de denúncias de irregularidades e um surto de violência.
R7