WILLIAMS LIMA

Geógrafo calcula recuo de 10 metros na barreira do Cabo Branco

O projeto apresentado pela Prefeitura de João Pessoa para contenção da Barreira do Cabo Branco vai de encontro com os estudos elaborados por especialistas na área, de acordo com o geógrafo Williams Lima. De acordo com ele, a erosão no local varia de setor para setor. “Tenho recuo erosivo de 0,47 até 1,92 metros por ano”, destaca o professor Williams Lima. Essa quantidade de erosão significa que em 10 anos, poderá haver recuo de 10 metros.

O geógrafo ainda aponta o retrocesso devido ao “menosprezo” pelo estudo de impactos que já haviam sido feitos. “Um projeto de engenharia jamais deve anteceder sem um estudo de impacto ambiental”, ressalta Williams Lima.

“Como é que vou fazer um estudo para verificar se aquele projeto vai impactar ou não? Já tem um estudo que foi feito e mostrou a fragilidade do ecossistema, deu sugestões de intervenções. Porque não pegar esses estudos e a partir dessas sugestões, elaborar um projeto dentro desse contexto para impactar o mínimo possível?”, questiona o especialista.

“O que a prefeitura está propondo, é blindar basicamente toda a área com um mega-projeto, o que confronta, vai de encontro com os estudos que foram elaborados para a área”, aponta Williams. Para o especialista, o projeto proposto vai transferir o problema para outro setor, mais para o norte.

O professor acredita que o projeto tem itens dispensáveis, como os oito quebra-mares previstos, no lugar de dois que foram indicados durante os estudos. O novo projeto também pretende fazer um engordamento artificial da praia, que não estava previsto no projeto inicial. “O próprio de engordamento de praia é uma ação impactante. Você vai soterrar uma biota endêmica que só existe naquele setor e não é qualquer sedimento que você pode colocar”, explica o geógrafo.