
Faleceu na noite de hoje no Hospital Memorial São Francisco o médico Delosmar Domingos de Mendonça que havia completado 80 anos em fevereiro. Delosmoar era irmão do ex-prefeito Domingos de Mendonça Neto, do ex-vereador Derivaldo Mendonça e pai do advogado Delosmar Mendonça Júnior, Francisco Manoel e Suy-Mey Mendonça.
Em 1957, ainda estudante de medicina, iniciou uma verdadeira escalada de aperfeiçoamentos através de Cursos de Extensão Universitária e outros estágios acadêmicos no Instituto de Assistência e Proteção à Infância e na Casa de Saúde São Vicente de Paulo em João Pessoa.
Logo depois de formado foi assistente voluntário do Departamento de Obstetrícia e Ginecologia da nossa Faculdade de Medicina, médico estagiário da Maternidade Cândida Vargas, médico plantonista do Serviço de Assistência Médica Domiciliar e de Urgência com exercício no Posto de Sapé. Médico da Legião Brasileira de Assistência a partir de 1964 e Câmara Municipal de João Pessoa, de onde era funcionário desde 1957 e de quem recebeu seu anel de formatura.
Ingressou no magistério superior como Auxiliar de Ensino em 1966 e já em 1972 era Professor Assistente por concurso. Depois Professor Adjunto e por fim Professor Titular e Coordenador da Disciplina de Obstetrícia. É Livre Docente desta Disciplina por concurso público, tendo sido aprovado em 1º lugar no seu Departamento e em segundo lugar entre todos os docentes livres da Universidade Federal da Paraíba.
Foi especialista em Ginecologia e Obstetrícia pela Febrasgo, membro da Federação Internacional de Ginecologia e Obstetrícia, Membro Titular do Colégio Brasileiro de Cirurgiões, citado em diversos livros de sua área profissional. É co-autor dos livros “Tratado de Obstetrícia” organizado pela Febrasgo e editado pela Livraria e Editora Revinter, com o capítulo “Modificações do Organismo Materno – Genitais e Mamárias” e do livro “Manual de Assistência ao Parto e Tocurgia” pela Febrasgo com o capítulo “Operações Ampliadoras das Partes Moles” e autor do livro “Protocolos de Diagnóstico e Tratamento e Obstetrícia”, pela Livraria e Editora Revinter do Rio de Janeiro.
Ainda publicou o livro de poesias “Relicário de Emoções”.
Em novembro de 2012 Dr. Delosmar perdeu sua companheira e também médica, Dra Teresa Carvalho de Mendonça.
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Por Delosmar de Mendonça Junior, filho do Dr. Delosmar de Mendonça
Ele cresceu brincando e conhecendo a vida às margens do rio Jaguaribe, em João Pessoa. Menino de família humilde, sonhou em ser médico na década de 1950, estudou, trabalhou, lutou, superou obstáculos e triunfou, tornando-se médico na década de 1960.
Conheceu uma colega de classe, Tereza. A paixão veio em seguida e resultou em uma união de 49 anos de cumplicidade em família, ideais e profissão. Amantes entre si e amantes da medicina, foram parceiros em casa e no trabalho e assim criaram e educaram três filhos. Somente a finitude da vida conseguiu lhes separar.
Na medicina, tornou-se um gigante e construiu um legado na história da obstetrícia e ginecologia, influenciando gerações. Na cátedra médica, publicou livros, artigos e participou intensamente de congressos e seminários, levando o nome da pequena e brava Paraíba para os círculos acadêmicos do país. Médico sensível à humanidade, parteiro de ricas e pobres, sem qualquer distinção. Milhares de vidas chegaram ao mundo pelas suas mãos na Maternidade Cândida Vargas, hospital Universitário SANDÚ de Sapé, com o mesmo zelo e proficiência que chegavam os recém-nascidos das maternidades privadas do Estado. Isto gerou uma legião de amigos e admiradores na nossa terra.
Poderia ter sido político, mas seu sacerdócio é a medicina. Porém, não se esquivou de ser um cidadão consciente e atuante quando o Brasil precisava de corações e mentes para resistir à ditadura militar. Auxiliou as ligas camponesas e foi fundador e militante do MDB. Época em que profissionais liberais e outros agentes da sociedade civil participavam dos partidos pela força de um ideal.
Reinstalada a democracia, foi convocado para contribuir e, com imensa relutância, aceitou dirigir um órgão federal de saúde pública: a SUCAM. Novo desafio e novo êxito. Realizou gestão premiada e reconhecida, lançando seu nome na história ao participar da implantação do SUS na Paraíba. Não deixou a obstetrícia e ginecologia. Entrou e saiu com a mesma dignidade, com contas aprovadas, humildade na postura e reconhecimento da sociedade.
Foi responsável ao decidir parar. Aos 70 anos, diante da luta para preservar a saúde e da convicção do dever cumprido, passou o bastão da medicina para seu filho Francisco Manoel e se aposentou. Buscou outros desafios para não ser tragado pelo ócio. Agora, abraça a literatura. O médico se torna historiador e poeta, com vários livros lançados.
Filho excepcional, abrigou e cuidou da mãe, viúva precoce, até sua partida aos 96 anos. Pai dedicado, deu educação e exemplo, que são asas para os filhos. Irmão solidário, sempre ajudou a família.
Este é um breve olhar sobre Delosmar Domingos de Mendonça, meu pai, de quem recebi o nome e o exemplo de vida. O homem que chega, pela graça de Deus, aos oitenta anos. Com a lucidez intacta, saúde apenas razoável e muito ainda, se Deus quiser, para iluminar. Sua história é o triunfo de uma vida.
“Após concluir o curso ginasial no Marista Pio X, pedi transferência para o Colégio Estadual da Paraíba. Em seguida, vou citar alguns dos meus colegas dos quais tenho notícias. São eles: Adolfo Fernandes Maia, Agnaldo Torres Barbosa, Antônio Ciraulo Barroso, Augusto de Almeida Filho, Carlos da Cunha Lima, Cláudio Porciúncula, Edinaldo Dias de Barros, Edvaldo Pinheiro do Egito, Ivonildo Correia, Jacinto Dantas, José Bonifácio Pereira, José Gonçalves Diniz, Júlio Aurélio, Romero da Cunha Lima, Ronaldo da França, Severino Alves Ayres, Simoneto Simões dos Santos, Seosthenes Vital de Kerbrie, Wamberto Trigueiro e Wilson Aquino de Macedo, dentre outros.” (trecho extraído do livro Meu vale do Jaguaribe, de Delosmar Domingos de Mendonça, 2008)